Claudio Bisio é muito mais conhecido pelos grandes papeis que fez em filmes italianos e nas dublagens de importantes personagens, e agora resolveu se entregar como diretor e roteirista, e aqui em seu primeiro longa na função diria que ele soube dosar bem os temas para que tudo ficasse como um passatempo interessante, bem simbolizado pelo envolvimento das crianças, e que ainda tivesse uma boa conexão de moral com o ambiente em si, de tal forma que nos conectamos facilmente tanto com as crianças, quanto com o casal jovem que vai procurando elas, vendo tudo por óticas de guerra diferentes, com ousadias e desenvolturas das crianças sem perceber tudo o que vão entregando, e assim o diretor soube ser bem simbólico e emocional, sem precisar apelar ou julgar por si próprio toda a ideia da guerra. Ou seja, daria para o filme ter uma amplitude maior, causar mais emoções e até ir mais além, porém para um primeiro trabalho na função, diria que o resultado acabou sendo agradável e interessante de ver.
Quanto das atuações, diria que o trio de crianças vividos por Alessio Di Domenicantonio com seu Cosimo, Vicenzo Sebastiani com seu Italo e Carlota De Leonardis com sua Vanda foram bem trabalhados nos contextos da trama, entregaram olhares e dinâmicas tradicionais e se soltaram bastante para que tudo tivesse grandes conexões e desenvolturas, de tal maneira que acabou parecendo bem uma aventura de amigos em busca de outro, o que acaba sendo muito bem encaixado, com o pequenino mais puxado para o lado emocional, o gordinho com toda a sacada de paixão pelo fascismo sem saber exatamente tudo o que prega, e a garotinha mais pensante e tendo todas as sacadas para manter bem o grupo, o que acaba funcionando bastante. Mais atrás tivemos Federico Cesare com seu Vittorio e Marianna Fontana com sua Agnese tendo diálogos e dinâmicas mais contundentes, criando situações e trejeitos mais duros, mas ainda assim com um ar leve em cima de tudo, o que acaba chamando bastante atenção. Ainda tivemos o jovem Lorenzo McGovern Zaini no começo com seu Riccardo bem colocado, dando boas lições para os amigos, e conectando todos eles com grande desenvoltura.
Visualmente a trama funciona quase como um road-movie aonde os jovens inicialmente se conhecem numa Itália já devastada, com as crianças brincando em meio aos bombardeios, vemos a pequena loja judia, o orfanato caindo aos pedaços, e as brincadeiras de abater aviões com estilingues e armas de brinquedo, depois vamos pelos trilhos passando por mortos, por vilas com agricultores quase sem nada, alguns a beira da morte sem comida, e os trens de judeus passando a todo momento levando para os campos de trabalho, tudo bem simbólico de estilos, vemos os jovens arrumando comida, fazendo as barracas e experimentando coisas sem saber, tudo com muita conexão e detalhes para marcar tanto a época quanto a desenvoltura da trama toda.
Enfim, é um filme simples, mas bem feito e envolvente, que não vai mudar em nada o que aconteceu, mas que demonstra o conhecimento dos italianos no que vivenciaram da guerra, e mais do que isso, mostra como as crianças enxergavam tudo, afinal são apenas amigos, mesmo que de lados opostos de uma guerra, ainda querem é brincar, e para isso foram em busca do amigo levado. Então fica a dica para dar o play no longa do Festival, e claro a reflexão do que anda acontecendo no mundo também atualmente. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...