Diria que a diretora e protagonista Paola Cortellesi até foi bem em sua estreia na direção, pois com anos de experiência atuando em filmes bem densos, e outros mais cômicos, ela soube escolher atos que dessem bons frutos e desenvolvimentos na tela, que tivessem estilo e até optou por uma montagem bem cheia de suspense sobre o rumo que iria tomar, porém faltou uma mão mais forte para dar as devidas quebras que o filme precisava, pois esse estilo de longas de época, com temáticas mais pesadas precisam de respiros e mudanças de ares em vários atos, o que acabou não acontecendo, e com isso o filme a todo momento nos bota em cheque para odiarmos o marido, esperar alguma atitude diferenciada da esposa, ver ela apaixonada pelo dono da oficina, mas não, ela vai por outro rumo, que talvez mude sua vida e de muitos outros, mas como a síntese era outra, o resultado não flui como deveria.
Agora falando de Paola como protagonista da trama, aí sim sua Delia é incrível, mostra uma mãe preocupada com que os filhos não a vejam apanhando, faz mil trabalhos enquanto o marido apenas fala para ela que não fez nada no dia, e a atriz trabalhou olhares, sentimentos e dinâmicas bem marcantes para suspirar bem cada ato seu. Valerio Mastrandea trabalhou seu Ivano como um homem machista de nível máximo, que até pelo bom dia da esposa a soca a mão na cara, aonde o pai fala que a mulher não deveria abrir a boca para nada, faz trejeitos fortes e intensos, e consegue ser bem marcante em cena. Ainda tivemos Romana Maggiora Vergano bem ampla com sua Marcela, desejando sair o quanto antes de casa e que sua mãe também não seja apenas o saco de pancadas do pai, faz atos bem emotivos e bem colocados, e agrada com o que faz; e ainda vale o destaque para Emanuela Fanelli como a amiga Marisia que dá o tom para os atos de conversa e de abertura da mente da protagonista, sendo bem direta e interessante na tela; e claro algumas leves, porém bem colocadas cenas de Yonv Joseph como um soldado americano que ajuda a protagonista em alguns atos bem interessantes.
Visualmente a trama é bem interessante de ver, e nesse sentido o preto e branco da filmagem até faz o sentido de dar o tom de época sem precisar trabalhar tanto a cenografia, pois temos um apartamento simples no subterrâneo de um prédio, vemos bem toda a simplicidade do ambiente, com o quarto do avô, das crianças e do casal, a cozinha, os detalhes da feira e até o exército americano ainda presente na Italia, vemos as oficinas simples também, e a disputa por alimentos, ou seja, tudo bem representativo e funcional que agrada e contrasta bem com a família rica que vai na casa deles.
Enfim, é um filme que tinha potencial para ir mais além, mas que não empolga como deveria e que mesmo o final surpreendendo com algo inesperado, acaba não sendo tão impactante como poderia se fosse pelo rumo mais óbvio. E assim sendo diria que não curti tanto ele, mas não é ruim de ver, e assim sendo fica a dica para quem quiser dar o play nele no Festival. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais um texto de hoje, então abraços e até logo mais.
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