Diria que diretor e roteirista André Téchiné foi bem dentro da proposta, brincou cenicamente com a ideia da recuperação da memória, mostrou boas cenas no hospital, e claro da tentativa de romance proibido entre os irmãos, colocando toda a proposta como um tabu, mas também sendo bem desenvolvido para dar as devidas nuances da trama, de tal forma que vamos explorando essa ideia do personagem não se lembrar de nada, mas depois vamos vendo que não era bem assim e que toda aquela vivência já havia ocorrido antes, e assim ele vai criando as devidas expectativas com cenas meio duplas que não chegam a serem marcantes, mas que impactam de certa forma, e que facilmente dava para ir mais além.
Quanto das atuações, dá para ver pelos muitos filmes que Benjamin Voisin que ele tem essa personalidade mais fechada, e aqui seu David chega a ser até chato demais, incomodando com suas "frescuras" pós-coma, mas que acaba sendo até bem colocado dentro da proposta de voltar a memória, e ele acaba sendo intenso em seus atos, o que acaba agradando bastante mesmo irritando com o que faz. Já Noémie Merlant trabalhou sua Jeanne com uma personalidade incrível, densa e passional dentro do que o filme podia atingir com sua personagem, e acabou chamando para si muitas cenas, o que deu para ela até mais nuances que seu parceiro cênico, e talvez por esse motivo a trama tenha ficado um pouco presa demais, mas ainda assim chamou a atenção com tudo o que fez. Dentre os demais, a maioria dos personagens apareceu apenas para dar as nuances da memória do protagonista, sendo até quase que jogados para fora por ele não gostar de ficar lembrando do passado apagado, então vale destacar apenas André Marcon com seu Marcel bem diferente como alguém com muitas personalidades, e que brinca o tempo todo com essa ideia de mudanças visuais e de memória, sendo bem interessante de ver na tela.
Visualmente a trama foi bem marcante tendo cenas com neve, mostrando um vale incrível bem bonito cheio de florestas e tudo mais, e nas cenas da explosão no começo junto com um acidente próximo ao fim é conseguiram criar um ambiente bem tenso e marcante, ainda vale destacar claro o casarão aonde vive Marcel e que tem a edícula aonde os protagonistas moram, mostrando um plano de melhoria da prefeitura bem interessante, mas inútil para a ideia do filme, e claro todos os momentos no hospital com o tratamento das queimaduras e tudo mais.
Enfim, é um filme denso e intenso, que cansa um pouco pelo ritmo meio calmo demais dentro de algo que poderia ser mais explosivo, mas que tem uma pegada e uma trama interessante de ser vista por trabalhar bem a ideia de tabus, mas que muitos não irão se envolver tanto pela formatação meio que amarrada, mas fica a dica como algo interessante de entender dentro das leis francesas. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas esse foi apenas o primeiro filme de hoje do Festival Varilux, então abraços e até logo mais.
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