Diria que a diretora e roteirista Justine Triet foi bem ampla no que desejava entregar, pois todo bom filme de julgamento tem de ser o mais misterioso possível, para que o público construa provas e argumentos de defesa e culpa em sua cabeça até o final, trabalhando com o que os advogados de defesa e de acusação (ou promotoria) tem para apresentar, e a sacada aqui é que tudo pode ter rolado em ambos os casos, tendo vertentes e nuances bem encaixada nos ângulos de filmagem, nos diálogos e até mesmo nos trejeitos dos protagonistas, aonde cada ato traz sempre algo a mais, ou seja, ela conseguiu fazer algo até maior do que um filme de julgamento, mas sim um estudo de caso completo, que talvez até vire futuramente daqueles clássicos que cineclubes de advogados irão usar para discutir o tema, e assim sendo, mostra bem toda a dinâmica de um longo julgamento, que sempre é algo cansativo, o que difere de muitos filmes de julgamento aonde tudo é muito rápido, mas que nem sempre passa a ideia real para o público de como as coisas andam. Ou seja, é um filmão literalmente, que é longo, mas que felizmente não se arrasta, sendo interessante de aguardar até o final com o desfecho por completo.
Quanto das atuações, Sandra Hüller realmente merece algumas indicações para sua Sandra Voyter, de tal forma que muda seus trejeitos com tanta facilidade que as dinâmicas simplesmente acontecem, trabalhando olhares e diálogos com muita imponência e destreza para que em cada ato achássemos algo diferente dela, e ainda segurando a dramaticidade no ponto máximo, ou seja, agradou demais. Diria que faltou um pouco mais de explosão e estilo para Swann Arlaud como o advogado Vincent Renzi, pois ele trabalhou alguns atos bem marcantes, mas no teatro do tribunal não foi muito além, parecendo meio tímido ali, algo que é bem incomum em advogados de defesa, mas não foi ruim com o que fez, apenas poderia ter ido mais além. Agora quem também entregou muita personalidade em suas cenas foi Milo Machado Graner com seu Daniel, trabalhando de uma forma sentimental e cheio de nuances que acabam chamando muita atenção. Ainda tivemos alguns atos bem fortes de Samuel Theis com seu Samuel Maleski, principalmente na reconstrução da briga do casal, mas sem dúvida dos secundários quem mais chamou atenção na tela foi Antoine Reinartz como o advogado de acusação ou promotor que foi muito forte nas argumentações e botou tudo para jogo na tela. E claro eu não poderia deixar de lado toda a atuação de Messi, o belo cachorro que faz o papel de Snoop e inclusive foi premiado com o prêmio Palme Dog simbólico, pois foi muito bem em todas as suas cenas.
Visualmente a equipe de arte trabalhou muito bem a casa dos protagonistas no topo de uma montanha, com muita neve para todos os lados, cheia de ambientes bem marcantes para os atos mais densos que aconteceram nas reconstituições e claro no começo em si, mas sem dúvida boa parte do longa se desenvolve em um tribunal, com todas as nuances e dinâmicas do ambiente ali determinado e clássico, sendo até simples de ver tudo por ali, mas que funcionou bem dentro da proposta. Diria que poderiam ter trabalhado com mais pistas para dar melhores formatações no julgamento, mas optaram por brincar mais com os diálogos ali.
Enfim, é um filme intenso e bem cheio de nuances que agrada bastante quem gosta do estilo de filmes de julgamento, que volto a recomendar que vejam sem criar qualquer expectativa, pois acabará sendo ainda melhor, e acho que dava para reduzir uns 20-30 minutos facilmente para que o longa tivesse um ritmo mais dinâmico, então vá preparado pois é uma trama pesada na tela, e assim deixo minha recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje encerrando mais uma noite de Festival Varilux, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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