Diria que a diretora e roteirista Virginie Sauveur soube brincar bastante com o tema sem deixar que o longa se perdesse no foco, tendo muita criatividade e nuances sérias para uma discussão saudável sem ser cansativa e apelativa, e olha que pensei que ela iria se perder ao começar a dar um pouco de foco para o caso do filho, mas não, fez isso fazer parte sem perder a dimensão de tudo e o resultado acabou sendo brilhante e bem conectado como todo bom longa francês, e olha que vejo muitos bons, e aqui o resultado embora polêmico envolve bastante e traz tantas nuances quanto ideais novos sem pesar, afinal o mundo está bem mudado, e leis antigas precisam ser revistas, mas como tudo é muito fechado nesse mundo, então é esperar milênios e nada mudará, mas ao menos no cinema acaba sendo aberta a discussão e aqui funcionou demais.
Sobre as atuações, Karin Viard soube ser a porta-voz investigativa do tema com uma precisão emocional muito bem colocada, de modo que sua Charlotte Rivière como chanceler da Igreja de Paris conseguiu ser doce e bem disposta para entender tudo, e claro também tendo seu segredo acabou envolvendo demais com olhares, trejeitos emocionais e uma dinâmica de sacadas que poucos conseguem entregar, ou seja, não se impôs na tela e agradou com muito estilo com tudo o que fez. François Berléand trabalhou seu Monsenhor Mével com trejeitos meio que desesperados sobre tudo o que estava acontecendo, de modo que passa o medo no olhar ao mesmo tempo que passa um respeito pelo seu papel ali na Igreja, e claro tendo a confissão como oculta, ele demonstra certezas nos atos e agrada também. Ainda tivemos muitos outros bons papéis na trama com Nicolas Cazalé fazendo bem seu Jérémy, um padre cigano que anda junto das comunidades móveis, o jovem Maxine Bergeron com seu Thomas Rivière, filho da protagonista sem saber quem é seu pai trabalhando com muita imposição e trejeitos fortes para chamar atenção, tivemos Benoít Allemane com seu Padre Lataste sendo o confessor do padre que morreu, trabalhando tudo com boas nuances e até mesmo Patrick d'Assumçao com seu Dr. Grammel trabalhou bem, mas vale o destaque nos trejeitos de Patrick Catalifo como padre auxiliar que não aceitava nada do que rolava naquele momento querendo ocultar tudo o mais rápido possível.
Visualmente a trama brincou com facetas em igrejas, nos escritórios diaconais, em comunidades ciganas, visitando as casas de parentes do padre morto, e mostrando bons ambientes e nuances dentro de tudo, de tal forma que vemos arquivos e cofres como símbolos de tudo o que é escondido e não deve ser mostrado, trabalhando com a ideia de sempre não revelar algo que vá contra as leis milenares.
Enfim, é um filme bem trabalhado, que como disse abre muitas discussões, principalmente para quem não é da Igreja em si, pois lá como costumo dizer tem as cabeças tão fechadas para aceitar o que realmente está acontecendo que preferem apenas esconder e apagar como se nada tivesse ocorrido. Então fica a dica de conferida para todos no Festival Varilux, e vou torcer para que venha comercialmente depois para que muitos mais vejam, e é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou para mais uma sessão do Festival, então abraços e até logo mais.
PS: Talvez tiraria um ponto por algum detalhe, mas o filme é tão bom e cheio de nuances que não consegui, então vou deixar esse como o meu preferido do Varilux até agora!
1 comentários:
Também gostei muito do filme. Obrigada por seus comentários, com os quais concordo. Teresa
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