Diria que o diretor e roteirista James Huth foi bem amplo na ideia e no desenvolvimento do filme, pois trabalhou bem toda a dinâmica e contando com uma adaptação de roteiro brilhante dele, do protagonista James Debbouze e de Sonja Shilito conseguiu criar algo que fluísse bem na tela, que mostrasse inicialmente um jovem bem arrogante e mimado, mas que conforme criasse um vínculo maior com seu brinquedo/amigo encontrasse as nuances de uma família ali, e isso acaba dando boas vertentes para tudo. Uma boa sacada foi o diretor dar a virada de chave bem no final mesmo, para que a trama não fosse tão emocional na desenvoltura toda, não fazendo uma mudança por completo no modo de vida dos ricos, que sabemos bem que não vai rolar, mas que por um breve momento que é o fechamento tudo fluísse bonito e com um charme de andar descalço na grama para relaxar, ou seja, a beleza de um bom fechamento sem precisar apelar para algo tão irreal na vida das pessoas.
Quanto das atuações, diria que James Debbouze trabalhou muito bem seu Samy Cherif, e soube dar boas lições na tela, criando um envolvimento grande em cima das situações, fazendo trejeitos e desenvolturas próprias, de modo que seu personagem acaba sendo marcante com muito estilo, e pessoalmente não sabia da sua marca registrada da mão no bolso ser fruto de um acidente nos anos 90 que inabilitou sua mão direita, e fui pesquisar por ter ficado um pouco incomodado com isso (principalmente na cena que o chefe oferece uma bebida e ele está com a outra mão cheia de madeleines). Daniel Auteuil trabalhou bem o estilo de seu Philippe Etienne, sendo daqueles empresários bem secos, quase que sem expressões faciais ou corporais, tanto que o protagonista até brinca com ele, e a desenvoltura do ator foi bem encaixada para mostrar um homem duro e bem rígido com a vida e a empresa. O jovem Simon Faliu chegou até me lembrar um pouco o personagem "Riquinho" na forma que fez seu Alexandre, de tal maneira que o garoto inicialmente parece um porre, mimado aos montes, chato e tudo mais, mas depois vai desenvolvendo bem ele, e o resultado acaba chamando a atenção na tela, mostrando que tem personalidade e bons trejeitos para ter um bom futuro no cinema francês. Ainda tivemos Alice Belaïdi como a esposa grávida do protagonista, fazendo bons atos sindicais e entregando boas nuances no papel, e vale destacar também o estilão do segurança Milo que Aton viveu bem cheio de imponência e claro filmagens que seriam usadas mais para o fim do longa.
Agora algo que temos de tirar o chapéu para a produção foi o que fez a equipe de arte, pois cada cenário é mais lindo que o outro, tendo o quarto do garoto cheio de tecnologia, com uma cama flutuante, hologramas representando os planetas para dormir quase num espaço realmente, muitos brinquedos, um cômodo gigante parecendo aquelas lojas de games de shoppings, fora o tamanho da mansão por inteiro com galeria de arte, cinema, uma cozinha imensa profissional, uma casa da árvore repleta de detalhes, e do outro lado um aglomerado populacional gigante com todo tipo de pessoa, muita brincadeira de rua, pessoas carregando móveis, abandonando coisas pela rua, oficinas e tudo mais para ser um belo contraponto.
Enfim, é um filme que se olharmos a fundo é bem simples, mas que tem estilo e agrada bastante com a mensagem passada de essência de vida, de paternidade e até mesmo de como manter o estilo quando for milionário, coisa que nunca saberemos nessa encarnação, mas que funciona bem na tela, então fica a dica para conferir o longa no Festival Varilux ou em breve quando sair nos cinemas. Desde já agradeço a equipe da A2 Filmes pela cabine de imprensa, e agora vou para o cinema conferir mais um longa do Festival, então abraços e até logo mais.
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