Não Abra! (It Lives Inside)

11/05/2023 02:01:00 AM |

Acho que já falei isso algumas vezes, mas sempre vale repetir que vender um longa de terror é muito fácil, mas entregar algo realmente bom é algo que poucos conseguem fazer! Comecei o texto do longa "Não Abra!" dessa forma pelo simples fato que o trailer mostrava coisas tensas, jovens falando em línguas incomuns e imagens sangrentas, de tal forma que mesmo a sessão de hoje sendo bem tarde, eis que a sala estava com um bom público, só que o filme falha muito em tudo o que entrega, sendo uma trama que usa um pouco da cultura indiana dentro de uma cidade americana, tendo todo um lance místico inicialmente meio como um espírito depois vem como um mito até ter uma forma material estranha, e ainda por cima entrega dinâmicas que poderiam arrepiar mais, com sustos gratuitos meio que jogados, ou seja, uma bagunça de estilos que não vai muito além, tendo somente três boas cenas realmente a do garoto no balanço, a do pai entrando na casa e a da professora no banheiro, pois as demais acabaram sendo gritaria sem muito rumo, o que desanima um pouco dentro do gênero.

A trama acompanha Sam, uma adolescente de origem indiana que vive nos Estados Unidos. Moradora de um subúrbio com sua família conservadora, Sam luta para lidar com várias inseguranças culturais, que acabam aumentando por conta de sua amiga distante, Tamira - que sempre carrega consigo um misterioso jarro vazio. Após um desentendimento com a amiga, em um momento de raiva, Sam acaba quebrando o jarro, mas jamais poderia imaginar que, ao fazer isso, libertaria uma força demoníaca antiga e extremamente perigosa que sequestra Tamira. Desesperada, Sam faz de tudo para encontrar a amiga, mas sua busca faz com que ela mesma acabe na mira do demônio. Correndo sério perigo, ela deve desvendar segredos enterrados há muito tempo por seus ancestrais para conseguir se livrar da entidade que se alimenta de seus medos mais profundos.

Diria que a ideia em si de terror usando culturas diferentes até funcionam bem, mas acredito que por ser o primeiro longa do diretor e roteirista Bishal Dutta, ele não conseguiu trabalhar bem os argumentos de forma a convencer por completo toda a ideia do monstro, ficando algo muito aberto para uma síntese que merecia rumos melhores. Claro que ele conseguiu ser bem simbólico dentro da ideia completa, mas ficou faltando aquele arrepio real que sentimos ao ver um bom terror, que cria toda aquela tensão de ir olhando pelo caminho até chegar no estacionamento, mas quem sabe ele corrija isso na continuação, já que deixou aberta a ideia para algo mais tenso, então veremos no que dá.

Quanto das atuações, Megan Suri entregou uma Sam interessante de trejeitos, com uma pegada meio que mista entre duvidar do que está acontecendo realmente com medo em alguns atos e uma coragem até que exagerada em outros, de tal forma que funciona, mas é estranho ver esse tipo de personalidade em um filme do estilo. Ja Mohana Krishnan trabalhou sua Tamira de um modo que ela chega a ser assustadora de ver, com trejeitos meio que fortes e dinâmicas intensas que causam um certo temor, ou seja, até que foi bem em suas cenas, e talvez se usassem mais ela o filme recairia para outros rumos. A professora vivida por Betty Gabriel até entregou alguns bons momentos, mas diria que exagerou um pouco em tudo, e claro o jovem Gage Marsh soou tão falso em suas cenas, que como costumo falar em filmes desse estilo, acabamos torcendo pro bicho pegar logo ele. Ainda tivemos os pais vividos por Neeru Bajwa e Vik Sahay, que até tiveram algumas cenas envolventes com a entidade, mas não foram muito além dentro da trama.

No conceito visual a trama teve a tradicional casa abandonada, aonde o rapaz morreu, e é claro que vão lá mexer aonde não deviam, tem cenas intensas dentro da escola, com a professora brincando de apagar e acender a luz do banheiro, tem todo um momento de ritual indiano bem cheio de detalhes, e alguns efeitos meio que estranhos de ver, mas que só não foram mais estranhos que o bichão chamado pishacha, que no escuro ficou interessante de ver só com os olhinhos, mas por inteiro ficou um misto de Godzila com Alien que não agradou muito não.

Enfim, é uma trama que dava para ter ido mais além e causado mais, principalmente pelo trailer vendido que pareceu muito mais interessante de resultado, mas precisaria mudar muita coisa para funcionar, então vou dar a nota pelos leves arrepios em algumas atos, mas nada que causasse como deveria, e sendo assim não recomendo o longa para ninguém. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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