Diria que o diretor e roteirista Paolo Genovese soube desenvolver tão bem as nuances do grupo, que acabamos nos envolvendo tanto com todos juntos que talvez a frase que o garotinho fala no final de se eles se lembrarão deles depois deveria ser se eles poderiam ficar juntos ali, afinal formaram quase uma família meio que bagunçada, mas cheia de problemas e pessoas bem diferentes, e ele conseguiu ser ousado com cenas densas, mas também bem afetivo nos atos mais emocionais, sabendo exatamente aonde dosar mais ou menos impacto, criando personagens difíceis de lidar, mas também tendo outros tão gostosos que acabamos nos apegando, e essa síntese acaba sendo bem primorosa no resultado final da trama. Ou seja, não vemos um filme explosivo, nem um daqueles que vão fazer você lavar sua sala de tanto chorar, mas que sabe trazer a mensagem com uma boa dose de força para que a reflexão leve o público a amar seus atos independente de dias bons ou ruins, e isso é algo que bem trabalhado ganha uma força incrível, como acabou ocorrendo com seu longa.
Quanto das atuações, o destaque maior ficou claro para Toni Servillo com seu personagem misterioso que não tem nome, sendo chamado apenas de Uomo, mas que trabalhou sentimentos e trejeitos com tanta desenvoltura, passando sua mensagem e envolvimento do começo ao fim para ficar bem marcante na tela e na vida das pessoas, não sendo muito duro, nem emocional demais, mas cativando o público com um carisma incrível que vale a pena sentir ele, ou seja, deu show. Outro que já foi bem mais fechado de trejeitos e conseguiu encontrar um final esperado e muito marcante foi Valerio Mastrandea com seu Napoleone, que não saiu de seu personagem forte um segundo que fosse trabalhando intensamente e bem colocado. Ainda tivemos bons atos marcados com Margherita Buy e sua Arianna bem imponente e determinada, bem ao estilo de uma policial durona, mas que teve atos cativantes e emocionais que deram uma leve quebrada, também tivemos Sara Serraiocco bem dramática com sua Emilia, mostrando um pouco da dor de ginastas de alta performance com suas cobranças, mas sem dúvida o melhor destaque possível da trama ficou a cargo do carismático garotinho Gabriele Cristini com seu Daniele cheio de personalidade e desenvoltura, conseguindo trazer todos para si, sendo bem sagaz em cena e marcando presença em todos os atos, o que fez dele perfeito em cena.
Visualmente a trama teve um ar bem mais fechado, com um hotel meio que abandonado, mas muito bem arrumado aonde os protagonistas são levados para viver nesses dias, um cinema caindo aos pedaços, mas bem interessante de trabalhar o lado da pipoca apenas para dar o cheiro de um bom filme, uma casa na praia aonde é desenvolvido alguns sonhos e desejos, além de cenas em cemitérios e hospitais, tudo bem regado à muita chuva para pesar um pouco mais na dramaticidade da trama, mostrando aonde os personagens teriam seus futuros e o que rolou após suas partidas, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante cada locação e seus devidos elementos cênicos para que tudo ficasse marcante em cada ato, valendo o envolvimento por completo.
Enfim, é um longa pesado se olharmos a fundo, mas que também tem cenas bem doces e gostosas de ver, num trabalho que se desenvolveu muito fácil, tendo praticamente uma divisão bem exata do tempo de filme com cada um dos dias que se passam na trama, e o resultado final junto de ainda ótimas canções acabam nos levando a um resultado quase que perfeito de se conferir, que vale demais a indicação de dar play durante o Festival de Cinema Italiano, que está rolando online e gratuito no site deles, então não perca tempo e confira. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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