Godzilla: Minus One (Gojira -1.0)

12/02/2023 02:22:00 AM |

Costumo dizer que filmes de monstros gigantes que destroem tudo não tem meio termo, ou você é fã de carteirinha e assisti torcendo pelo bichão para que destrua o máximo possível, ou você nem vai conferir, pois vai reclamar de tudo na tela, e eu diria que sou uma pessoa do meio termo, mesmo falando que não existe, pois até gosto das histórias trabalhadas, todo o lado "mitológico", mas eu dou muita risada das coisas absurdas, pois são bichões muito feios, e raramente são explicados muitas coisas, de forma que eles apenas destroem tudo o que veem pela frente, entrando em conflito com tudo, e claro a história acaba sendo de alguém que está no meio do caminho. E com "Godzilla: Minus One" voltamos bem para as origens do lagartão radioativo dos filmes japoneses, bem longe de todo o mundo criado pelos americanos, que anda em conflito com o macacão gigante e seus outros bichos estranhos, sendo algo mais intenso de essência, afinal vemos todo o trauma de um jovem que era um piloto kamikaze que fugiu de seu mergulho da morte e toda a desenvoltura de sua volta para um Japão destruído pela guerra, a culpa de não ter sido um herói de guerra, e mais ainda quando fica com a culpa de mecânicos morrerem pelo bichão sem que ele atirasse quando podia, e ainda vemos sua sina com o lagarto atacando sua cidade, praticamente matando a sua companheira, ou seja, quase um carma completo entre o jovem e o bicho, que funciona emocionalmente e entrega bastante envolvimento, mas convenhamos que dava para ter dado um realismo maior com toda a tecnologia que temos hoje, pois ficou parecendo os bichos da época que eu era garoto e via "Power Rangers" e outros desenhos de luta, aonde os efeitos eram bem toscos, e aqui a pegada recai um pouco para esse lado mais "manual", que alguns amam, mas que em pleno ano da inteligência artificial dava para ter feito algo muito melhor (friso no conceito visual, que na parta da história, é anos-luz melhor que qualquer outro já feito!).

A sinopse nos conta que sentindo-se como se tivesse enganado a morte injustamente muitas vezes, Shikishima, um piloto Kamikaze sobrevivente, é atacado na Ilha Odo junto com muitos engenheiros de aviões de guerra por um monstro gigantesco. Depois que os engenheiros morrem devido a Shikishima não ter conseguido distrair o monstro, uma enorme culpa pesa sobre ele, especialmente depois que uma mulher sem-teto e um bebê se mudam para sua casa quando ele retorna. Shikishima, agora em missão pessoal, se une a um grande grupo de veteranos para finalmente derrotar o monstro conhecido como Godzilla.

Antes de mais nada, hoje foi apenas uma pré-exibição comemorativa do aniversário de 70 anos do Godzilla que é comemorado até no Japão com seu dia em especial, e aqui temos o verdadeiro lagartão radioativo que muitos amam ver as destruições que causa, sem ser o amiguinho que temos visto nos outros filmes americanos, então dia 14/12 quando estrear efetivamente, todos poderão conferir a imponência que o diretor, roteirista e editor Takashi Yamazaki fez em sua versão, pois ele usou muito bem toda a sacada de um pós-guerra, as paranoias que soldados ficam em sua mente, a devastação já iminente de um lugar arrasado, sendo atacado por algo que nem sabem o que é direito, fora outras boas pegadas e sacadas críticas que pontuou sobre a guerra e sobre a política do país, de tal forma que o diretor soube fazer um filme quase que sem o bichão, e outro com ele destruindo tudo nos mesmos 125 minutos, aonde dá para se discutir muita coisa para aqueles que não curtirem tanto as coisas engraçadas de ver um bicho estranho destruindo uma cidade aleatoriamente, quanto dá para torcer que ele coma logo até um narrador de ataque no estilo de uma competição esportiva. Ou seja, é um filme amplo aonde tudo é abstrato e ao mesmo tempo é recheado de efeitos, alguns bem intensos, outros meio toscos, mas que funcionam bem dentro da proposta, então vale o resultado por completo.

Quanto das atuações, diria que o jovem Ryunosuke Kamiki conseguiu chamar a responsabilidade completa do filme para seu Koichi Shikishima, trabalhando bons trejeitos, desenvolvendo emoções e criando atos tão completos que como já disse supera até a presença do bichão, e que se o filme fosse separado veríamos uma história dramática com uma personificação única bem colocada do ator, ou seja, foi muito bem no que se propôs e entregou tudo. Minami Hamabe trabalhou sua Noriko com uma doçura bem encaixada, desenvolvendo seus atos com simplicidade e criando as devidas nuances para que ela não recaísse como casal, mas também tivesse seus envolvimentos, e soube trabalhar bem para que o filme não focasse tanto nela, mas estando sempre presente o que agrada bastante também. Outro que conseguiu chamar muita atenção foi Hidetaka Yoshioka com seu Noda, que trabalhou bem a personalidade dentro de seu navio, mas no ato que assume a responsabilidade de criar a força tarefa se mostra como um bom gênio de armas e chama para si tudo ali, o que acaba agradando bastante. E por fim, diria que Munetaka Aoki tem uma boa presença forte em cena com seu Tachibana, de modo que na ilha ficou apenas como alguém meio rancoroso, mas nos atos finais participou bem e deu o ensejo para o gran finalle da trama.

O mais bacana do visual do longa é ver a destruição das cidades, coisas voando pela tela, pedaços de tudo o que se possa imaginar, e claro também a cidade já devastada pelos bombardeios, de modo que a equipe de arte foi bem simbólica no estilo de cada cena, mostrando barcos e aviões desativados sem as armas, o navio de remoção de minas todo em madeira bem explicado, mas principalmente os efeitos e claro o lagartão cheio de apetrechos radioativos que vão formando uma gigantesca explosão na tela do cinema que chama bastante atenção, mostrando que pensaram bem em tudo, então dava para deixar o bichão feio, mas menos artificial.

Enfim, é um filmão bem interessante, que até acaba sendo engraçado pelo sentido que muitos foram para ver uma trama de devastação pelo lagarto gigante, mas que teve uma história muito mais bem desenvolvida que muitos filmes de monstros, e que acaba funcionando bem demais na tela, e assim valendo a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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