Netflix - O Mundo Depois De Nós (Leave the World Behind)

12/09/2023 05:26:00 PM |

Bem, todo dia ouvimos coisas sobre guerras, sobre o mundo estar se destruindo, que as pessoas cada dia estão piores, que as guerras são apenas o começo do fim, ou seja, que o caos está instaurado e que basta uma fagulha um pouco maior para que todos surtem e saiam se matando! Se você achou meio exagerado esse meu começo do texto, se preparem para todas as nuances insanas que o longa da Netflix, "O Mundo Depois De Nós", trabalha, pois ele se divide em algumas partes capitulares meio como o livro em que é baseado, e vai permeando possibilidades científicas e sociais (graças aos deuses do cinema não é um filme religioso sobre o assunto!) para toda a desgraça mundial que beira uma grandiosa catástrofe, e que brincando com situações de racismo, de desconfiança, de tragédias climáticas, de saúde e cibernéticas vai permeando toda uma discussão bem polemizada entre duas famílias que estão envolvidas numa casa rica e isolada de tudo. Ou seja, é daqueles filmes de fim de mundo com uma pegada tão diferente e ousada que por vezes você vai ficar se perguntando como tudo poderia terminar na trama, e que brilhantemente usando tudo o que vai sendo conversado fecha com algo que você vai ficar na dúvida se ri, se chora ou se soca a televisão, pois foi genial a escolha do roteiro, e mais do que "apenas" um filme sobre o assunto, servirá para muitas discussões e polêmicas mundo afora.

A sinopse nos conta que o casal Amanda e Clay e seus filhos vão passar o final de semana em uma mansão de luxo. Tudo vai bem até que um apagão traz dois desconhecidos com notícias de um grande ataque cibernético transformam as férias em um inferno. G.H. e Ruth chegam à casa desesperados por abrigo, alegando que a casa é deles e precisam entrar para se protegerem da grande ameaça invisível que arrisca a vida de todos. Agora, as duas famílias precisam se unir para se salvarem do desastre que se aproxima e, a cada momento, fica mais assustador e perigoso. 

Diria que o diretor e roteirista Sam Esmail foi bem direto no desejava mostrar do livro premiadíssimo, "Leave The World Behind", do autor Rumaan Alam, pois ele foi tão crítico nas nuances sociais dos personagens, no desenvolvimento de toda a situação caótica e principalmente na desenvoltura dos acontecimentos que acabamos flertando com várias outras possibilidades de aonde o longa deseja chegar, e claro ficamos convencidos de que G.H. sabe muito mais do que demonstra, mas não quer falar para não criar o caos, meio como se fala em não incitar o caos até que ele aconteça para que não haja caos sobre o caos, e dessa forma o longa acaba sendo brilhante de estilo e de pegada, tanto que não contendo em ter uma ótima história para desenvolver, o diretor colocou um elenco de peso para discutir tudo o que ocorre, e assim sendo o filme tem toda uma pegada própria que funciona sem cansar, e não apenas entrega algo fácil para o público, mas sim algo a mais de reflexão e instigação, claro que usando artifícios simples, mas que com o fechamento encontrado sendo tão perfeito, o resultado mostra que devemos nos preocupar com tudo o que anda sendo caótico sim, mas também temos pensar na nossa felicidade.

Quanto das atuações é fato que a personagem de Julia Roberts, Amanda, nos deixa muito irritados com seu "racismo incubado", mas não tem como ficar bravo com seu jeito perfeito de interpretar um papel, pois consegue transmitir tanta expressividade no olhar, se desenvolver rápido demais com toda a pegada e classe, de tal forma que ela se entrega bastante, coloca em cheque suas desconfianças e marca o território, agradando bastante. Outro que trabalha muito bem todas as nuances de seu personagem é Mahershala Ali com seu G.H. misterioso, sempre parecendo saber bem mais do que fala, e trabalhando todas as personificações do ambiente consegue ir desenvolvendo tudo com impacto no seu personagem e nos demais, e pensar que nem era prele ser o personagem, mas sim Denzel Washington, mas diria que ele foi uma ótima escolha pelo ar mais paciente e misterioso que sabe fazer. O personagem de Ethan Hawke é muito boa praça, de modo que seu Clay parece estar sempre bem disposto a enxergar o melhor em tudo o que faz, e com isso ele se deixa desleixar também um pouco, mas nos atos que precisou se expressar de modo mais forte conseguiu chamar atenção também. Da mesma forma que a personagem de Julia Roberts tem um desdém forte e uma certa desconfiança das pessoas que chegam na casa, a Ruth de Myha'la é totalmente fechada e direta na opinião, de modo que a garota mostra sentir o que está sofrendo e se blinda com muita intensidade, sabendo exatamente aonde quer chegar, e trabalhando seus trejeitos para isso, ou seja, segura o ar fechado e não desaponta. Ainda tivemos atos bem marcados com os jovens Farrah Mackenzie com sua Rose desesperada para ver o último episódio de "Friends", mas o que consegue ver são apenas os muitos cervos passando pela residência, e Charlie Evans bem disposto a curtir seu final de semana vendo garotas de biquíni na praia e claro na casa também, de modo que seu Archie é o adolescente próximo da virada para adulto, mas que ainda não tem tantas preocupações, mas que no filme vai sofrer um bocado. E claro temos de dar um leve destaque para Kevin Bacon com seu Danny rabugento e imponente, disposto a meter bala em quem quer que chegue perto de sua casa, mesmo sendo alguém conhecido, afinal se preparou para aquilo e vai com classe no melhor estilo rigoroso que o ator sempre faz. 

Visualmente a trama mostra uma mansão riquíssima de detalhes, com uma brincadeira bem marcante da câmera mostrando do andar superior até o porão todas as vezes que brinca com as duas famílias, mostrando até o miolo da casa entre os três pisos, dando certas nuances de classes e tudo mais, trabalhou com muitos animais em algumas cenas bem tensas, e ainda tiveram grandiosas cenas de desastres primeiro com um navio petroleiro invadindo uma praia, depois aviões caindo de bico em outra, drones jogando panfletos em línguas desconhecidas, vários carros autônomos se batendo sozinhos, muito barulho visual oscilando entre sirenes, apitos e até mesmo um grandioso silêncio, e claro muita bebida, discos, bunkers e tudo mais que numa trama desse estilo chama sempre atenção para o trabalho da equipe de arte.

Enfim, é um filme com muitas nuances e que consegue trabalhar muito bem toda uma desenvoltura chamativa na tela, de modo que acaba indo até mais além do que parecia, sendo muito mais do que apenas uma trama de catástrofes, mas sim algo reflexivo para o interior das pessoas, e como nos desenvolvemos no meio do caos, sendo bem interessante de ver, e que principalmente não chega a cansar mesmo tendo quase 140 minutos de tela, então veja, reflita e quem sabe quando o caos realmente explodir saberemos como agir da melhor forma possível. E assim sendo recomendo com certeza o longa, e fico por aqui agora, mas ainda devo ver mais alguns filmes hoje, então abraços e até logo mais.


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