Diria que o diretor e roteirista Daniel Bandeira conseguiu um feito bem grandioso com seu longa, pois a ideia em si é bem simples e a trama usa uma pegada que tem leves semelhanças com alguns outros filmes lançados recentemente ("A Jaula" e "4x4") de alguém preso dentro de um carro tentando sobreviver, mas aqui ele foi para um rumo muito mais inusitado e desesperador, juntando uma realidade de muitos trabalhadores rurais versus alguém traumatizado pelo mundo atual, com uma dinâmica muito mais desesperadora e imponente, aonde você não consegue imaginar os rumos que a trama poderia tomar, com o clima caótico só piorando, e ainda com a barra de tempo tendo muito filme pela frente, ou seja, o diretor soube criar uma tensão cheia de nuances marcantes, aonde não vemos um futuro promissor para a protagonista, mas não custa torcer para ela, ou não, afinal os trabalhadores foram enganados também, então é sobre isso, um filme aonde tudo pode acontecer, com uma noção política também bem colocada, mas que não se prende a isso, virando muito mais cinema do que discussão, e é o que acaba encantando.
Sobre as atuações, tivemos muitos personagens com bons trejeitos, a maioria sendo de atores desconhecidos da maioria, alguns vários estreando também nas telonas, mas o foco principal é claro em Malu Galli cheia de traquejos e envolvimentos com sua Tereza, já sofrendo com o trauma que passou na cidade, desesperada com a revolta dos trabalhadores, e presa na sua bolha que é o carro blindado, mas nem por isso se segurou, fazendo atos fortes e bem marcantes ali, com um fechamento que diria ser ainda mais simbólico pela formatação, mostrando o poder do roteiro e claro da atriz que pegou o papel. E claro do outro lado do carro o destaque fica com Zuleika Ferreira e sua Antonia perfeita de imposição, disposta a tudo para conseguir o que é seu, com trejeitos emocionais no começo convertidos para algo mais sério e direto durante os demais momentos, sendo bem determinada e cheia de personalidade, agradando demais. Muitos outros tiveram atos bem interessantes e marcantes, e o roteiro pedia isso sem que houvesse sobreposições, mas claro que dentre todos vale o destaque para Samuel Santos com seu Dimas correndo quase igual um touro feroz atrás da protagonista e sendo bem emblemático em todas as suas cenas, chamando demais a atenção para si, e não decepcionando.
Visualmente o longa se concentra bem nas cenas da casa grande de uma fazenda de criação de gado, mostrando bem os furtos dos trabalhadores desesperados por achar dinheiro e claro seus documentos de propriedade de suas terras, mostrando muitos elementos simbólicos de classe e claro as marcações nas peles das pessoas (colocando elas também como propriedades), e o carro totalmente blindado, imponente, com algumas comidas e bebidas que os patrões compram numa parada, o caderno de desenhos da estilista aonde consegue se expressar bem, entre roupas e tudo mais que consegue usar enquanto está presa ali, e claro todo o simbolismo do final marcante, que chama muita atenção pela inteligência do roteiro e suas nuances que passada na medida para a equipe de arte deu vida para a trama.
Enfim, é daqueles filmes tão fortes de nuances que você fica preso na história junto da protagonista, se envolve com todos os personagens, torce cada hora para algo diferente acontecer, e felizmente o diretor pensa como todos entregando algo que vai muito além, então confira no cinema que vai valer a pena, que só não darei nota máxima por alguns atos no começo serem rápidos demais, faltando um pouco mais de desenvolvimento ali, mas que não atrapalham em nada o resultado final, só sendo algo que particularmente gostaria de ter visto um pouco mais dos tratos na fazenda que são subjetivos, mas valeriam para impactar ainda mais. E é isso pessoal, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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