Diria que o diretor e roteirista Matt Smukler quis trabalhar a história real que tinha nas mãos com uma formatação simples até que bem intrigante, pois seu filme não fica preso numa cadência linear tradicional, já que como a jovem está inconsciente tentando lembrar o que aconteceu, vai contando sua história desde quando nasceu, e vai brincando com as dinâmicas para mostrar sua responsabilidade exagerada, e claro também seu estilo mandão demais, o que acaba pesando um pouco em ambos os lados, e assim sendo ele deu todo o vértice da trama para a protagonista, que acabou executando tudo até bem demais, porém faltou ir um pouco mais fundo na dramaticidade emocional, o que acabou deixando apenas para a cena do carro no final com o pai, pois se usado melhor toda a dinâmica no restante do longa teria entregue algo que certamente arrepiaria.
Como já falei que o diretor deixou praticamente o filme nas mãos da protagonista, Kiernan Shipka desenvolveu sua Bea com dinâmicas bem encaixas, um ar meio sarcástico, mas bem responsável, e mesmo que muitos dos atos fossem narrativos (o que costumo implicar bastante), o acerto no tom acabou sendo interessante de ver, pois dá os ganchos que nós pensamos sobre as atitudes que vemos na tela, ou seja, ela conseguiu usar o roteiro ainda ao seu favor, o que é bem difícil de acertar, ou seja, vemos atos tão bem expressados por ela que um filme que tradicionalmente não recairia para um cinema de ator, acabou ficando bem direcionado para ela, o que funciona bastante. Claro que a interpretação de Dash Mihok e Samantha Hyde como os pais deficientes ou especiais como preferem ser chamados foi muito bem controlado, sabendo dosar as emoções e vícios na tela para que fossem singelos, sem explosões ou dramaticidades mais apegadas, e conseguiram chamar as atenções para si justamente nos momentos chaves, o que foi perfeito de ver. Ainda tivemos atos bem trabalhados pelas avós da garota, vividas por Jean Smart e Jacki Weaver bem simbólicas e precisas de estilos, os tios que parecem ter até mais problemas que os pais bem feitos por Alexandra Dadario e Reid Scott, mas sem dúvida os secundários que tiveram melhores interações foram Kannon como a melhor amiga Nai e Charlie Plummer como o namorado Ethan, que talvez exageraram um pouco na sua história, quase quebrando o elo da família como protagonista, mas que funcionou dentro da cena mais tensa entre os dois.
Visualmente a trama fica num hospital com a jovem desacordada e seus familiares em volta, vemos muitas cenas na escola, na casa bem bagunçada da família, e claro em alguns espaços da cidade, mostrando bem a vida da protagonista, seu emprego num clube, o carro da família e muitos elos, de forma que tudo tem bem seus atos simbólicos, mas sem pesar em detalhes cênicos, afinal o que mais conta em filmes desse estilo são os diálogos, e assim sendo apenas foram bem representativos conforme a história se desenvolve e segue bem adequado.
Enfim, é um filme com uma perspectiva interessante e bem trabalhada, que com poucos ajustes poderia ser incrivelmente emocional e funcionar ainda mais, porém vale o play pelo tema diferente, mas que já foi aproveitado por outros problemas em filmes mais conhecidos que chegaram até a levar prêmios. Ou seja, passa longe de ser perfeito, mas é gostoso e inteligente, não forçando tanto a ideia, nem querendo causar na tela, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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