Situado em Nova Jersey, nos Estados Unidos, o longa conta a história de Douglas Munrow, um homem que foi abusado por seu pai e encontrou no companheirismo dos cachorros um refúgio para lidar com os traumas dolorosos de seu passado. Mas Doug e seus cães estão bem longe de uma mera história de “melhor amigo do homem”: ele treinou os animais para que o ajudem a cometer uma série de crimes e defendê-lo contra seus piores inimigos.
Costumo dizer que o diretor e roteirista Luc Besson é daqueles que você não sai da sessão sem ter entendido 100% do que ele queria mostrar, pois nem que ele precise esfregar na sua cara toda a ideia, ele vai fazer, de modo que alguns críticos odeiam isso, mas sou bem adepto desse estilo, afinal ele deixa sempre claro o que queria, não deixando nada em cima do muro, nem floreios reflexivos que acabem deixando o espectador confuso demais. E aqui mesmo brincando com a linha temporal no presente aonde o protagonista vai contar sua vida inteira para a psiquiatra desde quando era criança, a sacada foi bem marcada tanto pelo caso da moça ter o problema de abuso com o marido, e o jovem com a família desde o começo e com a vida claro que lhe deixou a margem de tudo, mas nessa brincadeira de idas e vindas temporais, o diretor não nos deixa confusos, muito pelo contrário, ele faz a síntese ficar emocional de uma forma tão grande que mesmo o protagonista tendo matado muita gente (ele não, mas seus cachorros treinados sim), acabamos tendo um grande afeto por ele, pela vida sofrida, e claro pelas ajudas que deu, e assim sendo, o resultado funciona bem demais, mostrando mais uma vez que da mente do diretor saem coisas tão insanas que não dá para imaginar como tudo isso vem para frente da tela.
Agora estou procurando o rapaz que fez o filme no lugar do Caleb Landry Jones, pois tenho certeza absoluta que não é o mesmo ator que vi em outros longas ali no papel principal, mas brincadeiras a parte, o jovem estourou dois anos atrás em Cannes com outro filme que até hoje não chegou ao Brasil para conferirmos, e mesmo no saudoso "Três Anúncios Para Um Crime" ele já mostrou potencial para papeis mais fechados, e aqui diria que ele chegou num ápice tão grande com seu Douglas, ou Dogman como alguns lhe conhecem, que facilmente vão lhe aparecer muitos papeis de psicopata, muitos papeis de travesti, e tudo mais que seja possível de mudança de personalidade na tela, pois ele não é um apenas ali aparecendo, mas sim muitos outros, tendo pegada, tendo envolvimento, sabendo exatamente aonde quer chegar, e agrada demais, de tal maneira que até poderia pensar em outros nomes para o papel, mas a surpresa de ver ele fazendo tudo isso na tela foi marcante. Jojo T. Gibbs até teve algumas boas nuances expressivas com sua Dra. Evelyn, mas não chamou em quase nenhum ato a responsabilidade para si, de modo que deu as devidas colocações e entonações nas suas perguntas, conseguiu mostrar para o protagonista sua semelhança, mas não foi muito além. Quanto aos demais personagens, vale leves citações para Clemens Schick como o pai do protagonista, Alexander Settineri como o irmão irritante, e claro o jovem Lincoln Powell que faz o protagonista quando jovem, mas sem dúvida quem teve algumas nuances mais marcantes na tela foi Christopher Denham como um segurador bem inconveniente que teve o que merecia, e claro Grace Palma como a paixão do protagonista com sua Salma. E claro não tenho os nomes dos cachorros, mas todos sem exceção foram incrivelmente bem treinados, fizeram olhares e trejeitos bem marcantes e realmente atuaram muito mais que muitos atores em filmes grandes, ou seja, perfeitos!
Visualmente a trama se prende bastante no diálogo entre os protagonistas na cadeia, mas o desenrolar da história mostram uma jaula suja e intensa de rinha de cachorros no começo, sendo algo bem forte e cheio de expressividade cênica, depois tivemos todos os atos teatrais do garoto com sua paixonite pela professora de teatro, mostrando a encenação de várias peças de Shakespeare, o canil com toda a desenvoltura, até chegarmos na casa aonde o protagonista vive com seus cães, em algo bem feio, mas totalmente preparado para a guerra, aliás a cena de guerra é incrível, assim como todas as cenas de furtos das joias, isso sem falar na preparação cênica do protagonista como drag cantando só as divas clássicas no palco, ou seja, um trabalho cênico perfeito e bem marcante.
Enfim, é um tremendo filmaço que não tem nem como piscar com tudo o que é entregue na tela, que talvez optaria por um final ainda mais marcante, mas que tem toda sua função cênica bem colocada e acabará agradando bastante quem for conferir, então fica a dica para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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