O mais interessante de tudo é que o roteirista e diretor Pablo Larraín não tem em seu estilo sátiras estranhas, mas sim biografias bem imponentes de várias personalidades, e aqui ele criou algo que oscila demais na tela, por vezes sendo divertido e interessante, mas em outras soando bizarro e sem sentido, de tal forma que claro que alegoricamente assistindo sabendo que é uma sátira você até tenta rir das situações, mas o miolo cansa e as situações ficam cada vez mais estranhas na tela, voltando a dar uma certa melhorada no final, mas que dava para ser mais conciso e reduzir uns 20 minutos para que tudo ficasse convincente, mesmo sendo uma sátira. Ou seja, é daqueles filmes que alguns amam e outros acabam se irritando com tudo o que é mostrado, de tal forma que o incômodo é maior do que a diversão em si, pois a história até tinha tudo para ser marcante, com uma ideologia de vampiros, política e principalmente quando aparece a mãe dele que narra a história toda, que aí se colocado antes daria algo ainda maior para tudo.
Quanto das atuações, diria que Jaime Vadell se divertiu bem com seu papel de Conde, fazendo trejeitos bem sérios, voando bastante pelos cenários, batendo corações nos liquidificadores, bebendo bastante em cena, mas sem precisar fazer diálogos contundentes, de modo que se entregou na brincadeira e não precisou ir muito além. Já Alfredo Castro segurou um ar mais dramático para seu Fyodor, trabalhando caras bem fechadas para todas as nuances de seu personagem, tentando sempre aparecer um pouco mais, mas tendo um fechamento bem intenso e interessante. Gloria Münchmeyer fez uma Lucia com um estilo mais clássico, bem disposta a pegar o dinheiro e viver, fazendo olhares e sínteses bem diretas para o protagonista, não deixando que a brincadeira ficasse explosiva, mas sim sempre séria e bem colocada. Já Paula Luchsinger entregou sua Carmencita meio que desesperada para agir, fazendo cenas meio que gritadas e explosivas que não encaixaram tão bem dentro da ideia, o que acaba sendo estranho de ver. E por fim tivemos Stella Gonet como a narradora do filme em vários atos e aparecendo no final como a mãe do personagem principal, que vai chamar muita atenção por quem ela é realmente, sendo uma grande sacada da produção, e mostrando que a atriz chegou com classe na bagunça e acabou saindo bem.
Visualmente a trama tem toda uma pegada para mostrar boas cenas do protagonista devorando sangue de várias pessoas por muitos anos, ligando tudo com Revolução Francesa, com os conflitos no Chile e muitos outros atos simbólicos, tendo boas cenas de decapitação, sempre removendo o coração para bater num liquidificador e tomar como suquinho, temos a casa do protagonista meio como uma fazenda num deserto e toda a desenvoltura rolando em busca de documentos na casa, o que dá um certo conflito de bagunça, mas que funciona de certo modo, mostrando que a equipe de arte trabalhou, claro tirando os atos voando que são meio toscos na verdade. Agora falando da indicação ao Oscar, a fotografia em preto e branco dá todo um charme para a produção, criando uma desenvoltura clássica bem colocada, e principalmente dando um ar meio morto para o longa, que no final fica colorido por um bom motivo, e assim diria que ganharam o coração dos votantes da Academia.
Enfim, diria que é um filme mais chato do que divertido, sendo bem sincero, mas que tem um estilo e tem seu gracejo, então fica como uma dica meio que inusitada para quem curtir sátiras e não ligar para coisas toscas em formato clássico, do contrário, apenas acredite que a fotografia está bonita, e nem dê o play. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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