Nosso Lar 2 - Os Mensageiros

1/27/2024 02:05:00 AM |

Costumo dizer que em time que está ganhando não se mexe, mas como produtores são exageradamente gananciosos, quando um filme faz muito sucesso fica quase claro que logo irão correr atrás de continuações, e por coincidência que pareça dois exemplares nacionais que estouraram todas as bilheterias do país no passado irão ter suas continuações em 2024, começando agora com "Nosso Lar 2 - Os Mensageiros", que era para sair no ano passado, mas o primeiro trailer/teaser mais assustou o público do que cativou os fãs do longa espírita, pois os efeitos estavam assustadores, então provavelmente ele voltou para a ilha de edição, e ao menos nesse quesito posso dizer que o resultado ficou bem interessante de ver na tela. Porém já vou dizer logo de cara o problema desse filme comparado ao original, que se lá tivemos uma história bem encaixada, bem contada e com as devidas nuances, aqui tudo pareceu meio que feito por várias dinâmicas espalhadas que não formam um filme completo de cara, tendo ainda boas essências espirituais, algumas lições e mensagens interessantes, mas a edição é totalmente quebrada, com coisas acontecendo em tempos meio que perdidos, sem uma ordem funcional, e principalmente sem uma força motora para realmente emocionar a todos que foram assistir. Ou seja, é um filme bem bonito pela mensagem em si, mas tão confuso de ideias que você irá ficar se perguntando sobre alguns personagens, precisaram colocar algumas "narrações" para contar coisas que ocorreram, e dessa forma diria que não chegou nem a 10% do que o original foi na telona, mas que certamente irá lotar diversas sessões e facilmente irá bater recordes de bilheteria, afinal todo mundo independente da religião tem algo com o original e irá querer ver.

A sinopse nos conta que o médico André Luiz junta-se a um grupo de anjos da guarda da cidade Nosso Lar, liderados por Aniceto, para a missão de ajudar a salvar projetos de vidas que estão prestes a fracassar. Juntos, eles se dedicam a cuidar de três protegidos cujas histórias estão interligadas: Otávio, um jovem com um dom incomum e uma vida promissora, mas que se desvirtua no caminho; Isidoro, líder de um centro de caridade, e Fernando, empresário responsável pelo financiamento do projeto. Guiados pelo poder de transformação do amor e do perdão, os Mensageiros vão tentar resgatar essas histórias, até mesmo quando tudo parece perdido.

Uma coisa que me deixou feliz é de terem deixado que Wagner de Assis que dirigiu o original voltasse para fazer a continuação, afinal costumo dizer que quando algo faz sucesso tem de trazer de volta o pai do sucesso para que crie seu filho novamente, porém acho que demoraram demais para fazer a continuação, afinal em 14 anos o clima muda por completo e ideias que seriam boas acabam se perdendo, de tal forma que se no original ele tinha toda a base do livro, aqui ele usou trechos de vários outros livros e essa junção em demasia acabou se perdendo, ficando algo que num primeiro momento não chega nem a ser um filme realmente bem estruturado, e isso é uma pena, pois acredito que se tivessem melhorado com uma edição talvez linear o resultado seria outro muito melhor de ver na tela, parecendo um erro de direção de edição, e isso é uma falha também do diretor que não soube colocar a sua ideia completa no papel.

Quanto das atuações, diria que foram bem escolhidos manter Renato Prieto como André Luiz, porém ele não foi tão utilizado aqui como no original, sendo mais uma base apenas para tudo o que ocorre na trama, e sendo funcional ao menos. Edson Celulari fez bons trejeitos com seu Aniceto, e tem um ar bem colocado como um ser angelical como fala em alguns atos, mas acredito que dava para ter aproveitado mais o ator, afinal ele é bom no que faz, e aqui ficou meio que sempre no centro sem ir para o ato realmente, o que causa um certo estranhar na tela. Agora sem dúvida alguma Felipe de Carolis entregou um Otávio com muita personalidade, cheio de atos imponentes, funcionando bastante como um espírito de certa forma com ideias não tão boas, desesperado para com tudo e cheio de trejeitos fortes o que acaba muito na tela. Mouhamed Harfouch também teve alguns bons momentos com seu Isidoro e trabalhou bem os atos junto de sua família, mas suas cenas são as que mais foram picotadas na edição, o que acabou ficando estranho de ver. Outro que teve poucas cenas para se mostrar, aparentando ter muitos cortes foi Rafa Sieg com seu Fernando, de forma que dá para contar suas falas e atos, o que é ruim de acontecer, ou seja, dava para ter ido além. E para não me estender tanto nos atores, diria que vale uma boa menção para Othon Bastos retornando como Governador do Nosso Lar, e sem dúvida dar todo o destaque para as boas sacadas cênicas de Fábio Lago com seu Vicente bem trabalhado em cenas mais leves, mas agradando bastante com o que fez, já do lado feminino não diria que dá para colocar ninguém em evidência, pois praticamente todas as cenas foram meio que alegóricas e de conexão demais com cada um da trama.

Visualmente o longa tem muita cena feita com computação gráfica, e embora seja algo meio que futurista e bonito como já vimos no longa original, por vezes acaba soando falso demais na tela, valendo mais todos os efeitos das cenas com os personagens, brincando com alguns com cores, outros em preto e branco, tendo toda a ideia da energia sendo roubada, vemos também todo o lance do suspiro de alívio da morte bem representado, tivemos alguns atos em centros com suas tradicionais distribuições de sopas, roupas e claro as conversas emocionais bem colocadas, vemos algumas famílias bem tradicionais numa representação meio que de época, e assim sendo posso dizer que a equipe de arte e de fotografia trabalhou bem em conjunto, mas sem grandes anseios.

Enfim, confesso que ao mesmo tempo que esperava algo muito mais emocional, também esperava algo muito problemático, afinal o primeiro trailer não vendeu o filme, pelo contrário parecendo que seria uma bomba de efeitos ruins e tudo mais, mas isso foi bem corrigido na versão final, nem incomodando tanto com o resultado de tela, porém falharam demais na edição, e isso fez com que a história em si não fosse emocionante como deveria, e assim sendo não ficou algo ruim de ver, mas passou bem longe de ser algo bom também. Claro que para os mais religiosos o filme pode ter toda uma essência maior, e de forma alguma vai contra as filosofias pregadas, sendo algo que muitos irão gostar, mas falando como um crítico de filmes, falhou bastante. Ainda assim, acredito numa grandiosa bilheteria, e dá para recomendar para quem não ligue de algo muito quebrado na tela, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços, e claro que volto em breve com mais textos.

PS: Confesso que pensei em dar uma nota até menor para o longa, mas como o lado espiritual e a essência de tudo funciona na tela para o público-alvo vou manter um 6, mas facilmente caindo para algo menor.


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