Tendo mais de uma década cobrindo conflitos para Associated Press, o jornalista Mstyslav Chernov estreou na direção de um documentário junto das imagens de seu parceiro cinegrafista Evgeniy Maloletka não sabendo precisamente o que desejava mostrar num primeiro momento, apenas se vendo no meio de toda a confusão e não parando de captar tudo o que estava vendo acontecer, e enviando seus vários materiais para as diversas emissoras que acompanhavam a guerra, mas claro que depois das declarações dos russos de que tudo o que estava sendo mostrado não passava de atuações e montagens, decidiu ir a fundo e preparou um documentário tão precioso e cheio de nuances que só começou com o pé direito levando Sundance e depois muitos outros prêmios, que irão terminar talvez consagrados com o Oscar daqui alguns dias, mas muito mais do que prêmios, o material dos jornalistas serviu mais para que víssemos o quanto uma guerra não dizima só soldados que estão brigando por seus líderes, mas principalmente civis que estão em suas casas, hospitais e tentam sobreviver fugindo de bombas, tiros e tudo mais, ou seja, o longa acaba sendo dramático com tudo o que vemos na tela, pais e mães chorando por seus filhos, o último olhar de um jovem preso à escombros, muitas vidas sendo jogadas em valas por não ter como identificar nem sepultar propriamente, médicos desesperados para salvar os que chegavam vivos em seus cômodos (ou o que sobraram) dos hospitais, isso sem anestésicos e analgésicos, ou seja, na base do grito de dor, e muito mais que se eu for enumerar aqui acabarei estragando a conferida dos demais.
Então, já que não tenho o que falar de atuações e cenários visuais, afinal volto a frisar que não estamos falando de uma ficção, vou falar um pouco das imagens e da edição, pois o trabalho é tão bem colocado na tela que se não fosse as telas escuras para dar as quebras de dias, o resultado da edição pareceria que o jornalista nem dormiu e foi seguindo filmando por 20 dias seguidos, e o melhor, sem entregar atos desesperados de imagens em correria como vemos em outros longas do estilo, ou seja, é uma edição tão bem trabalhada que o resultado acaba sendo algo que transporta o espectador para os 20 dias mostrados, fazendo algo tão intenso e marcante que vemos os ambientes destruídos, os jornalistas sem saber como falar com as pessoas ali presentes sem rumo, e muito mais que acaba chocando e envolvendo quem for conferir.
Enfim, poderia falar muito mais do longa, mas estragaria a experiência de quem for conferir ele, que mesmo forte e difícil de assistir, vale cada minuto de exibição, não sendo algo longo e nem cansativo, pois sendo algo mais jornalístico era o meu maior medo do que veria, e em momento algum me senti vendo um jornal na tela. Então é isso pessoal, recomendo demais ele para ver nos cinemas à partir do dia 07/03, e fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Synapse pela cabine de imprensa show, então abraços e até logo mais.
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