Amazon Prime Video - Blackberry

2/22/2024 01:11:00 AM |

Se hoje ainda tivessem as locadoras de filmes, logo mais teríamos uma área separada apenas para filmes administrativos ou de negócios, e muito provavelmente em breve vão fazer essa divisão dentro das plataformas de streaming, pois são tantos casos de sucesso e de quebra por motivos diversos que certamente muitos empresários e cursos de administração poderão usar as histórias para trabalhar com equipes e alunos, ou seja, uma funcionalidade que vai além do cinema. E basicamente o longa "Blackberry", que estreou na Amazon Prime Video agora após pouquíssimas sessões no Brasil no final do ano passado, funciona muito mais nesse estilo do que como um drama de ficção, pois não tem aquele tino para pegar o espectador, nem faz com que esperássemos algo a mais dele, o que é uma pena, pois praticamente todo mundo teve o desejo de ter um celular com teclado no final dos anos 90 e começo dos 2000, e praticamente evaporaram depois de um certo tempo, e o longa vai mostrar como foi esse erro de administração e de ideais, aonde poderia ter dado muito certo, mas a ganancia junto com administradores ruins e péssimos contratos, fez com que tudo desabasse. Ou seja, é um filme mais técnico do que dramático, mas que entrega bons momentos pelo menos, e assim prende a conferida de quem der play.

O longa conta a história da incrível ascensão e do trágico declínio da empresa canadense que conquistou a liderança do mercado em 1996. A tecnologia criada por Mike Lazaridis e seu melhor amigo, Douglas Fregin, aliada ao dinheiro e a experiência do empresário Jim Balsillie, transforma completamente a forma como as pessoas se comunicam. Celebridades, políticos e empresários estão viciados em seus Blackberrys e o valor da empresa dispara. No entanto, em poucos anos, segredos obscuros, disputas pessoais e, o maior perigo de todos, a chegada do iPhone, ameaçam o incrível sucesso da companhia.

Antes que venham reclamar, eu gostei muito do trabalho técnico que o diretor e roteirista Matt Johnson fez em cima do livro de Jacquie McNish e Sean Silcoff, pois ele pesquisou ao máximo os personagens, conseguiu muitos equipamentos e ambientes da época, e trouxe bem a ideologia completa que ocorreu tudo, porém ele acabou transformando o longa em algo muito administrativo para mostrar como foi o processo que fez a queda da empresa, e isso pesou um pouco a mão para que o filme não ficasse tão dinâmico e envolvente como deve ser uma boa produção histórica. Ou seja, talvez tenha faltado pra ele um pouco mais de coragem para sair do contexto do livro e brincar mais com seus personagens, mas como também quis atuar acabou se perdendo um pouco, não deixando que o filme ficasse ruim, porém não atingindo tudo que poderia conquistar.

Quanto das atuações, diria que Jay Baruchel foi meio tímido demais na recriação de Mike Lazaridis, mostrando sim ser um tremendo dum gênio da tecnologia, mas retraído demais, sem grandes pegadas, e com expressões meio que fechadas demais, sem que chamasse tanta atenção quanto deveria. Já Glen Howerton transformou seu Jim Balsillie num verdadeiro arquiteto de ideias e negócios, daqueles que chega a dar até nervoso com tudo o que sai fazendo, pensando e trabalhando, de tal forma que o ator acabou até passando por cima do protagonista, o que acabou sendo ruim por um lado, de apagar o personagem principal, mas bom por outro, senão o longa ficaria um tédio. Já o diretor Matt Johnson atuando fez praticamente um personagem caricato demais para seu Douglas Fregin, de tal forma que vemos ali qualquer ator com pegadas cômicas que funcionaria e não precisaria dele fazer mais do que uma função, mas ao menos foi expressivo em muitos atos e não atrapalhou. Ainda tivemos muitos outros personagens chamativos, mas sem grandes chamarizes para destacar com a atuação que fizeram, sendo representativos para a história em si, mas nada demais.

Como já disse no começo, visualmente a trama teve um requinte bem trabalhado para representar bem a época, os equipamentos e tecnologias, e assim sendo conseguiram recriar bem a pequena empresa dos amigos que depois ficou gigante, as muitas viagens do empresário, toda a desenvoltura das contratações e cada ambiente por onde o longa é mostrado, além claro da sacada de ter os vários celulares desenvolvidos pela empresa bem representados na tela. Ou seja, a equipe de arte não mediu esforços para que tudo fosse como no final dos anos 90 e começo dos anos 2000.

Enfim, é daqueles filmes que você assiste esperando um algo a mais, mas que não acontece, sendo bem trabalhado e representativo, mas com nuances mais técnicas do que chamativas e emocionais, então vale a recomendação apenas como um bom uso para conhecer a história, para os mais novos conhecerem esse celular que foi um fenômeno na época, e claro como uso para aulas de administração de empresas para julgar coisas erradas feitas para o desmoronamento da empresa, então fica a dica para esse grupo com as ressalvas que citei. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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