O mais interessante de tudo é que essa é a estreia do diretor e roteirista Cord Jefferson em longas metragens, pois antes só tinha trabalhado com séries (bem imponentes por sinal) e ainda pegou um livro para adaptar, ou seja, ousadia em nível máximo, mas que conseguiu encontrar exatamente o tom para que sua trama não ficasse arrastada, cansativa ou até mesmo confusa já que brinca com algo não tão fácil de se ironizar que é a cultura atual, ou melhor a forma que muitos gostam de adquirir cultura. E posso dizer até mais, já que ele não deixou que seu filme ficasse fluido de maneira tradicional, ousando em quebras de pensamentos, quebras de montagens meio como um filme pensando em outro, e sendo bem sagaz com o fechamento foi crucial ao deixar sua opinião estampada em cheio, o que acaba funcionando demais.
Quanto das atuações, diria que é uma das melhores atuações da vida de Jeffrey Wright, pois ele costuma sempre fazer personagens secundários ou mesmo quando protagoniza acaba não se entregando tanto para cena, e aqui seu Monk é muito mais clássico no nível Thelonius, de modo que entrega trejeitos e intenções tão bem encaixadas que conseguimos nos sentir como ele em cena, irritado com algo que fez como uma ironia, mas que é tão amado por todos, e seu final então é algo genial, que o ator soube administrar sem fugir do eixo em momento algum. Um fato bem intrigante é que a trama tem muitos outros personagens, mas o protagonista se destaca tanto que os demais acabam sendo tão coadjuvantes ao ponto de quase sumir, mas ainda vale destacar John Ortiz como Arthur, o agente do protagonista, pronto para vender tudo o que puder; Erika Alexander bem encaixada com sua Coraline, mas sem ir muito além; Adam Brody sendo daqueles diretores de filmes que seguem a cadeia sem pensar em nada; além do grupo de jurados do prêmio bem colocado com figuras icônicas e marcantes tradicionais desse estilo aonde Issa Rae, Patrick Fischler, Jenn Harris e Neal Lerner foram bem chamativos; mas quem sem dúvida vale o grande chamariz é Leslie Uggams como a mãe do protagonista mostrando um Alzheimer bem forte, e claro a interpretação marcante de Sterling K. Brown com seu Clifford cheio de personalidade que lhe garantiu também uma indicação ao Oscar.
O visual da trama em si é bem simples, sendo daqueles filmes que a equipe de arte tem um trabalho nem tanto valorizado, mas que funciona nas subliminares para que tudo fique bonito na tela, tendo a casa da família, uma casa de praia, ambas sem grandes detalhes, mas com um ar de classe social médio para alto, temos o escritório do agente, um restaurante chique, uma sala de reuniões, um casamento e um enterro na praia, alguns programas de TV, uma grandiosa premiação e até um estúdio de cinema, mas tudo sem grandes anseios, tendo claro muitos livros sempre presentes na tela, e o básico para funcionar.
Enfim, é daqueles filmes que muitos até podem não amar, mas que traz um ar crítico tão bem colocado que funciona demais na tela, de tal forma que passa voando e que já vamos refletindo tudo o que vemos acontecendo, ou seja, é algo brilhante que agrada demais e vale muito a conferida. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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