Bob Marley: One Love

2/13/2024 02:35:00 AM |

Já disse outras vezes que gosto demais de biografias, pois conseguem nos contar histórias reais que muitas vezes nem conhecíamos direito, e que acabam extravasando para um algo a mais, e confesso que sempre gostei muito do estilo reggae, pois tem uma batida gostosa, e músicas sempre bem encaixadas para falar de um tema com imponência. Então o que falar da história do Rei do Reggae no filme "Bob Marley: One Love" que praticamente nos envolve não numa trama linear de como ele virou um astro mundial do estilo, mas sim como já ídolo acabou sofrendo um atentado, e passou a refletir toda sua vida e desenvoltura juntamente com seu jeito de viver, seus aliados, e ao fundo o seu país no caos entre os partidos e criminosos, ou seja, é daqueles filmes que podem até parecer meio que bagunçado, mas que se você prestar bastante atenção em tudo consegue montar inteiro na cabeça e se emocionar com toda a entrega. E falando em entrega, diria que os produtores (entre eles Brad Pitt) erraram feio na data de lançamento do longa, pois o protagonista Kingsley Ben-Adir simplesmente virou Bob Marley na tela, trabalhou seu tom de voz para ficar o mais parecido com o cantor, cantou algumas versões de algumas músicas, e incorporou em danças e desenvolturas, de tal forma que certamente seria indicado nas premiações, mas que saindo agora em fevereiro, ao final do ano nem irão lembrar dele, o que é uma pena, pois foi incrível o ator e o envolvimento do longa.

O longa conta a história de Robert Nesta Marley OM, mais conhecido como Bob Marley, grande ícone do reggae, relembrando os importantes feitos do cantor para seu país, assim como as dificuldades que sua família e conhecidos passaram. Bob Marley ficou conhecido por sua pregação pela paz, do amor e da fé rastafári. Com o reggae, ultrapassou fronteiras e o sucesso foi imenso. Mas mesmo famoso, a violência em seu país era uma realidade e chega até Marley e sua esposa. Após um atentado, eles saem do país, mas no ano seguinte o cantor icônico decide voltar, pelo povo, para a Jamaica.

O diretor Reinaldo Marcus Green é conhecido por trabalhar muito bem com biografias de personagens menos explosivos, aonde consegue desenvolver sua trama de uma maneira quase que lúdica, porém ampla de ideias, e aqui o roteiro que chegou para ele é cheio de nuances bem abertas, aonde trabalhou todo o fascínio do homem que não via tanto valor no dinheiro, mas sim na essência da vida, não se enxergando como um astro, mas sim fluindo e passando sua mensagem e sua ideologia, de tal forma que o diretor pode brincar com as canções de Bob usando de suas mensagens, pode exagerar na composição cênica, e claro mostrar muitos de seus shows mundo afora, além de mostrar do que ele morreu, que certamente muitos não sabiam. Ou seja, é daqueles filmes que você nem chega a ver a mão do diretor presente, mas que ele usa de uma forma fácil e bem didática para que o público se envolva com tudo, o que acaba funcionando e agradando. Claro que dava para ter ido muito mais além com uma pegada talvez mais linear e menos reflexiva, mas mudaria bem toda a essência que o diretor quis trabalhar.

Quanto das atuações, posso dizer sem dúvida alguma que Kingsley Ben-Adir estudou demais toda a personalidade de Bob Marley para que não entregasse nada falso na tela, incorporando danças, trejeitos, e até mesmo o timbre de voz, de tal forma que se você me perguntar hoje como é a voz do ator não vou lembrar para falar, pois só consigo ouvir seu jeito de Bob, seu olhar de Bob e toda a desenvoltura incrível que fez na telona, chamando tudo para si e não falhando na entrega. Outra que foi muito forte nas desenvolturas de sua Rita Marley foi Lashana Lynch, que não deixou de lado nenhum momento, foi intensa e marcante, sabendo segurar cada ato seu na tela, apoiando e também dando bronca, fazendo realmente uma mulher bem presente. Também tivemos bons atos de James Norton como Chris Blackwell, agente do cantor e Anthony Welsh como Don Taylor, empresário do cantor, que tiveram alguns bons momentos, mas sem ir muito além, e ainda vale o destaque para Quan-Dajai Henriques que fez o personagem quando jovem e Cornelius Grant com um dread tão gigante que até assusta, como um guru espiritual do cantor.

Visualmente a trama teve uma boa entrega, mostrando uma Jamaica em caos, cenas fortes de um atentado, as várias lembranças caóticas também da infância do protagonista no meio de um incêndio meio que de duplo vários sentidos, aparecendo diversas vezes durante o longa, tivemos vários shows em todos os cantos da Europa, vemos vários ensaios com a banda bem maluca e com um ritmo bem intenso regado à muita erva enrolada, figurinos perfeitos e dreads de todos os estilos possíveis, além de uma comparação bem colocada com a Londres punk da época, ou seja, um trabalho de pesquisa muito bem criado pela equipe de arte.

A trilha sonora é um luxo completo com covers das canções icônicas do cantor, tivemos muitos atos com as canções de Bob colocadas apenas na boca do protagonista e até alguns vários atos aonde ele realmente cantou para dar encaixe com a dinâmica da trama, ou seja, tudo muito funcional e representativo de ouvir e até dançar. E aqui tem o link de algumas que tocam no filme para curtirem.

Enfim, é um filme que vai bem além do que esperava ver na tela, trabalhando bastante o período em que foi encaixado, que volto a frisar que até gostaria de ter visto mais sobre a infância e a juventude do rapaz antes do estrelato, mas isso pode ficar para um novo filme, então vá conferir, curta cada momento mostrado, se envolva e cante durante todo o filme, pois é algo muito bem feito e interessante de conferir. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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