Eu, Capitão (Io Capitano)

2/23/2024 10:54:00 PM |

Costumo dizer que uma das categorias das premiações mais difícil de opinar é a de Filme Internacional ou Filme Estrangeiro como alguns acabam colocando, pois são tantas obras boas que chegam para o júri selecionar os pouquíssimos que irão realmente concorrer aos votos que não dá para imaginar sem ir pegando o histórico de prêmios e tudo que vamos ouvindo. E o candidato da Itália nesse ano é uma produção bem forte e empolgante que entrega a mistura de jornada por uma vida melhor com uma aventura sofrida que os jovens sequer imaginavam que iriam passar para sair de Dakar no Senegal até chegarem à Sicília na Itália, enfrentando todo tipo de adversidade da natureza, e claro o pior inimigo de qualquer um que são os próprios homens, e nessa pegada bem trabalhada a trama entrega algo que até já vimos em outros longas diversos de outras nacionalidades, mas contando com tantos elementos fortes bem marcados que acaba envolvendo e trazendo a trama para si, que fez com que ele se destacasse entre muitos outros, ganhasse diversos prêmios e ainda mostrasse que ainda existem jovens que mesmo no desespero procuram ajudar seus próximos para alcançar seus objetivos.

O longa nos conta que Seydou e Moussa são dois adolescentes senegaleses que partem de Dakar rumo à Europa, em uma odisseia contemporânea, superando uma série de obstáculos. Essa grande aventura nos conduz pelos perigos do deserto e do mar, pelas ambiguidades e pelas contradições do ser humano, na qual os sonhos, esperanças e ambições dos personagens principais se transformam em luta por sobrevivência.

Diria que o diretor e roteirista Matteo Garrone bebeu de muitas fontes para compor sua trama com uma pegada marcante e funcional, pois facilmente vemos algumas inspirações tanto em longas já existentes quanto em acontecimentos reais que vemos como notícia diariamente em vários telejornais, de tal forma que a desenvoltura completa acontece fácil na tela, não sendo algo que nem te causa desespero, nem formata alegrias imponentes, porém consegue fluir e cativar o público para que siga os jovens em sua aventura não tão alegre como costumam ser vistas nas telonas. Ou seja, a jornada dos rapazes é tão bem trabalhada na tela nem sentimos tanto a mão do diretor, e que se fossem atores experientes até diríamos se tratar de uma obra aonde o diretor deixou que os protagonistas entregassem tudo sozinhos, mas como não é o caso, fica nítido uma direção de elenco primorosa aonde a ideia fica presente na tela com toda a força e sofrimento dos personagens.

E já que falei o quão boas foram as atuações, vamos dar nome aos que fizeram o longa acontecer, pois facilmente apostaria que veremos muito em breve Seydou Sarr fazendo boas produções americanas e europeias, pois seu Seydou é tão significativo, tão cheio de presença, que praticamente domina toda a trama com seus olhares e sentimentos, sendo tão preciso de movimentações que até parece que o rapaz vivenciou realmente cada ato sofrido na tela em sua vida pessoal, e isso é algo que só grandes atores conseguem transmitir, ou seja, deu show com o que fez. Já Moustapha Fall ficou um bom tempo sem aparecer na tela, mas soube fazer de seu Moussa, um jovem carismático e com boa presença na tela, principalmente nos atos que esbanjou emoções joviais, e assim tendo boa presença também na desenvoltura da trama. Tivemos outros bons momentos com alguns atores espaçados na trama, mas o filme é tão fechado nos dois jovens que nem vale dar outros destaques.

Visualmente o longa mostrou um pouco da casa dos jovens numa comunidade bem pobre de Dakar, porém bem alegre com suas danças típicas, vemos eles trabalhando em várias funções para conseguir juntar dinheiro, depois vemos a primeira parte da viagem de ônibus, o encontro com atravessadores levando vários povos diferentes para o meio do Deserto do Saara de carro e depois caminhando uma eternidade, vendo corpos mortos no meio do caminho, policiais corruptos tentando roubar as pessoas em lugares mais escondidos possíveis de dinheiro, depois uma prisão da máfia com muitas cenas de torturas, várias pessoas aglomeradas, em seguida belos trabalhos de serviço de pedreiro que o jovem acaba fazendo, uma Tripoli na África sendo construída a várias mãos de comunidades, e ainda toda a viagem num barco bem destruído em todo o Mediterrâneo, passando por plataformas e tudo mais. Ou seja, um trabalho bem completo da equipe de arte, no melhor estilo que um road-movie de jornada acaba sendo desenvolvido.

Enfim, é um belo exemplar que até vai brigar bem pelas premiações, mas como esse ano o grande ganhador já tá bem determinado, estará levando mais prêmios espaçados como já teve do que algo realmente mais expressivo nos próximos que acontecerão. Ele estreia na próxima quinta, dia 29/02 em vários cinemas do país, mas em algumas cidades já pode ser conferido em pré estreias, então fica a recomendação, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny e da Pandora Filmes pela cabine de imprensa. Então deixo meus abraços com vocês e até breve com mais textos.


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