A sinopse nos conta que depois de perder a mãe durante a guerra, o jovem Mahito muda-se para a propriedade de sua família no campo. Lá, uma série de eventos misteriosos o levam a uma torre antiga e isolada, lar de uma travessa garça cinzenta. Quando a nova madrasta de Mahito desaparece, ele segue a garça cinzenta até a torre e entra em um mundo fantástico compartilhado pelos vivos e pelos mortos. Ao embarcar numa viagem épica tendo a garça como guia, Mahito deve descobrir os segredos deste mundo e a verdade sobre si mesmo.
Bom falar qualquer coisa de Hayao Miyazaki e do Studio Ghibli é o famoso chover no molhado com tantos elogios, pois a técnica é perfeita, as ideias são fora do plano total, a beleza se mistura com o complexo e tudo que parece fácil acaba indo para rumos que não se consegue imaginar, de tal forma que chega a ser brilhante e ao mesmo tempo triste só pensar que esse está sendo colocado como o último filme que o diretor e roteirista irá fazer, e ele joga com essa ideologia da morte não ser um fim e tudo mais dentro da trama, que os fãs certamente irão pegar em determinado momento, fora que toda a essência acaba sendo demonstrada não apenas com as atitudes ou com os traços na tela, mas sim com ideologias, com reflexões e tantas outras coisas, que se você conferir qualquer filme dele umas 10 vezes irá ver algo completamente diferente, ver algum outro detalhe e muito mais, e aqui isso tomou rumos tão amplos que facilmente muitos irão ficar perdidos, outros irão sorrir de orelha a orelha, e cada brilho em nosso olhar transparece um aprendizado que facilmente lhe dará todos os prêmios possíveis, pois é inegável tamanha magia cênica leve e deliciosa, ao mesmo tempo que o filme chega a ser pesado e imponente. Ou seja, é muito mais do que "apenas" uma animação, é algo para ver, sentir, refletir e ainda assim pensar se realmente viu tudo o que tinha para chegar até você, e isso é ser perfeito.
Quanto dos personagens e da dublagem, diria que as vozes nacionais combinaram bem com as personalidades da tela, de tal forma que conseguimos nos conectar a eles, nos envolver com cada um na tela, e principalmente se emocionar nos atos mais bem colocados, e assim o garotinho Mahito não chega a ser aquelas crianças bobinhas e chatas de muitos filmes japoneses, tendo uma personalidade até que bem madura e direta, a Garça (ou melhor o Homem-Garça) entrega uma loucura meio que non sense, meio que rebelde e explosiva, mas que conforme vamos vendo mais nuances da trama, o resultado acaba sendo chamativo e interessante na tela. É até engraçado ver as duas versões de Kiriko, tendo a jovem no mundo uma parceira de encontros, de desenvolturas e aventuras, enquanto na versão normal velhinha tem um ar meio que medrosa demais, o que acaba sendo até estranho comparar, mas que funciona bastante. Ainda tivemos Himi com todo o seu fogo, explosões e intensões bem marcantes, além de no miolo descobrirmos um pouco mais dela que vai mexer com a cabeça do público, e por fim Natsuko tendo todo um ar meio misterioso, mas cheio de envolvimento e boas explicações. Tudo isso fora os sapos, pelicanos, periquitos e tudo mais que fala e causa muitas sensações estranhas e bem viajadas na tela.
Visualmente a trama é de um requinte que não parece ser desenhada, mas sim criações computacionais, porém ao mesmo tempo tudo tem cor, tudo tem vida, e até mesmo os traços ganham texturas e até mesmo ares líquidos em diversos momentos, misturando fantasia, guerra, incêndios, fogos de artifício, bichos que voam, personagens e animais estranhos, e tudo mais que acaba dando um âmbito tão mágico e tão cheio de personalidade que não tem como não se conectar com cada detalhe cênico, e o melhor tudo tem seus vários sentidos, tudo tem uma pegada forte e ao mesmo tempo doce, e dessa forma posso dizer que o luxo vai muito mais além do que sombras técnicas e materiais como vemos em outras obras animadas, pois o estúdio tem tudo ainda para chamar muita atenção.
Enfim, diria que fui conferir esperando muito do filme, com uma expectativa gigante por gostar demais dos longas do diretor e do estúdio, e essa expectativa foi bem suprida, pois mesmo sendo algo completamente maluco e por vezes até abstrato, sendo um pouco mais longo do comumente aconteceria em uma animação pesada, o resultado final é envolvente e agrada demais, valendo muito a recomendação (claro que muito mais para adultos do que para os pequenos que não vão entender nada na tela) de ver numa grande telona. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
PS: Só não vou dar a nota máxima por faltar um item apenas, fazer eu e os demais na sessão saírem lavados de emoção, pois isso num filme desse estilo era muito necessário, mas nada que atrapalhe o resultado.
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