As 4 Filhas de Olfa (Les filles d'Olfa) (Four Daughters)

Gosto de assistir a maioria dos filmes sem saber nada dele, e muitas vezes até sem ter visto o trailer (isso só quando é do streaming, que os do cinema passam infinitas vezes, já que vou quase todo dia), e confesso que hoje fiquei boa parte do documentário "As 4 Filhas de Olfa" tentando entender aonde a trama iria me levar, pois não estava com cara de um documentário, mas sim uma recriação da vida de uma família de uma mãe e suas quatro filhas na Tunísia, envolvendo a sexualidade das garotas, os conflitos da mãe no mundo árabe desde o seu casamento, as gravidez, e por aí vai, e logo de cara nos é informado que duas filhas foram "devoradas por lobos", e isso me deixou muito intrigado, de forma que como as filhas mais jovens iriam interpretar elas mesmas no longa, e uma atriz iria substituir a mãe nas cenas mais tensas, e ainda foram escolhidas duas atrizes bem parecidas com as outras filhas que não estavam presentes na reunião para gravação, já fiquei realmente esperando algo arriscado, perigoso e tudo mais, e o longa anda dessa forma bem inusitada, cheia de nuances simples por quase 80 minutos dos 107 totais, até que chegamos ao ponto e descobrimos quem eram os lobos, e para aonde as filhas foram, e aí sim a trama vira algo mais documental jornalístico mostrando tudo na tela com imagens dos acontecimentos. Ou seja, o longa está indicado ao Oscar, tem uma certa emoção por parte da mãe e das garotas vendo as atrizes ali bem parecidas, interagindo e vivenciando a vida inteira delas, mas acredito que o longa foi indicado mais pelo estilo inusitado do que por algo que realmente seja marcante, e assim sendo vemos bem a vida das mulheres e tudo mais, mas não vai impactar como um bom documentário deveria fazer.

A sinopse nos conta que entre a luz e as trevas está Olfa, uma mulher tunisiana e mãe de quatro filhas. Um dia, suas duas filhas mais velhas desaparecem. Para preencher a sua ausência, a cineasta Kaouther Ben Hania convida atrizes profissionais e inventa uma experiência cinematográfica única que levantará o véu sobre as histórias de vida de Olfa e das suas filhas. Uma jornada íntima de esperança, rebelião, violência, transmissão e irmandade que questionará os próprios fundamentos das nossas sociedades.

De certa forma diria que a diretora Kaouther Ben Hania inovou no conceito, soube trazer emoção para a família em reviver toda sua vida, claro que ela conheceu a mãe de um programa de TV e viu que daria para fazer algo do estilo, e o mais bacana de tudo é que você não saiba praticamente nada do que aconteceu realmente, senão vai dar uma leve quebra, enquanto do contrário o queixo vai surpreender bem quando se descobre exatamente o que rolou, e a principal sacada da diretora foi não ir entupindo elas de perguntas como ocorre normalmente em documentários, mas sim elas ensinando as atrizes as atitudes que as irmãs tinha, o que faziam, e irem revivendo determinados momentos marcantes.

Diria que as atrizes foram bem colocadas e instruídas pela família para representar cada ato, de forma que Hind Sabri ficou bem parecida com a mãe mais jovem, as garotas Nour Karoui e Ichrak Matar conseguiram captar bem a essência das jovens e interagir muito bem com as outras filhas, de tal forma que se não falassem que elas eram atrizes, passaria bem fácil um resultado de uma família vivendo tudo ali. Quanto as pessoas reais, Olfa Hamrouni é meio explosiva, com uma visão de mundo mais fechado, mas se divertiu e se emocionou bastante com toda a encenação, e as jovens Eya e Tayssir se soltaram por completo em frente das câmeras e foram fundo na reconstrução completa de suas vidas.

Enfim, é um filme que vale a conferida por ser algo diferente do usual que vemos em documentários e também em ficções, sendo algo até que novo, mas não sei se seria algo para vermos como um dos indicados ao Oscar de Melhor Documentário, então fica a dica para um experimento novo na telona, assim que ele estrear na quinta-feira dia 07/03. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.