Garra de Ferro (The Iron Claw)

3/12/2024 01:26:00 AM |

Muitas vezes fico me perguntando o que leva um diretor/roteirista escolher desenvolver a biografia de alguém, pois alguns casos é legal você conhecer por todo o processo de interesse e desenvoltura emocional que conseguem colocar, e também para conhecer algo que talvez mude sua vida, mas em alguns casos a história não chama atenção, os personagens e as atuações não empolgam, e ainda por cima o diretor amarra tanto a história que acaba não tendo nenhum grande clímax para chamar atenção, e assim você vê o filme e sai da sessão pensando: "o que foi que eu vi mesmo?". E infelizmente "Garra de Ferro" é um desse último estilo, pois vai servir apenas para quem for realmente muito fã de wrestling, e há bastante tempo para ter como referência a família Von Erich, e ainda assim é capaz de nem se envolver tanto com a linearidade do longa, mas os demais irão entrar na sessão talvez para ver o visual tão diferente do protagonista, e acabará desanimado com o resultado final, que não é ruim, apenas leva nada a lugar algum, mostrando a "maldição" da família aonde praticamente todos os irmãos morreram tragicamente.

O longa conta a história real e trágica da dinastia de luta livre Von Erich. Os inseparáveis irmãos Von Erich fizeram história no mundo intensamente competitivo do wrestling profissional no início dos anos 1980. A família comemorou grandes sucessos nos esportes, mas também sofreu grandes derrotas. Três dos filhos do patriarca cometeram suicídio durante suas carreiras. Através da tragédia e do triunfo, sob a sombra desse pai e treinador dominador, os irmãos procuram a imortalidade neste grande palco do esporte.

Diria que o diretor e roteirista Sean Durkin pesquisou muito para fazer seu filme, pois é inegável que ele trabalhou bem na composição dos atores, trabalhou olhares e intenções e criou algo que contasse de uma boa forma toda a história de vida dos lutadores, e claro como o patriarca conseguia influenciar ao máximo a cabeça dos irmãos para se jogarem por completo no ringue, ao ponto de ficarem malucos por objetivos e se matarem ou por socos ou na vida em si como vimos acontecer na trama, porém diria que faltou ele impactar mais nos atos das mortes, pois elas soam simples e sem chamarizes como deveria ser em um filme do estilo, parecendo que os familiares nem sentiram cada um que se foi, e isso é a maior falha do longa. Claro que muitos vão assistir ao filme apenas pela pancadaria, pelas lutas coreografadas e tudo mais do estilo, mas dava com bem poucas mudanças para entregar algo brilhante e chamativo.

Quanto das atuações, podemos com certeza aplaudir a caracterização dos atores, pois todos se doaram de corpo por completo para as mudanças de estrutura, com alguns ficando completamente diferentes de tudo o que já fizeram na carreira, a começar por Zac Efron, que muitos até apelidaram com o nome de um ator maluco brasileiro, que entregou seu Kevin com muita personalidade, muita imponência nas lutas, mas sem muita intensidade expressiva como deveria fazer, sendo até meio que bobão demais, o que é uma pena, pois sabemos que o ator tem estilo, e aqui ele poderia ter decolado facilmente com poucos atos mais impactantes. Jeremy Allen White também trabalhou seu Kerry com um estilo mais centrado, mas muito influenciável pelo pai, de tal forma que o jovem começa mostrando um proeminente atleta olímpico que após não ir para as Olimpíadas vai treinar com a família e acaba exagerando da bebida e das loucuras que faz, mas mesmo tendo o resultado mais trágico sem ser a morte acaba indo para um rumo meio que forçado de expressões e faltando intensidade até nas loucuras acaba ficando morno demais. Harris Dickinson já teve alguns momentos mais fortes na tela com seu David, porém seu personagem acaba saindo de cena muito cedo, e talvez pudessem ter dado um pouco mais de cenas para ele se desenvolver na tela. O jovem Stanley Simmons já trabalhou alguns trejeitos pegados com seu Mike, criando algo que até saia do eixo das lutas, mas que influenciado pelo pai acaba se dando mal e o jovem até fez bem seu ato pós-traumático. E claro o velho maluco, afinal o pai da família vivido por Holt McCallany trabalhou as suas cenas com muita intensidade, chamando para si alguns atos marcantes, e mostrando o quanto ele tinha poder sobre a mente de seus filhos, de tal forma que segurou toda a responsabilidade cênica nos atos que está a frente, e agradou dessa forma ao menos. Quanto das mulheres, diria que Maura Tierney entregou uma Doris simples, mas direta de opiniões, e que poderia ter sofrido um pouco mais com a morte dos filhos, ficando bem em segundo plano seus atos; já Lily James foi bem expressiva com sua Pam, sobrepondo até alguns atos dos protagonistas, mas como era secundária demais no meio de tudo não pode explodir mais.

Visualmente diria que criaram bons ringues, com lutas bem trabalhadas e com visuais marcantes, tendo um bom público de figurantes gritando, e vários personagens com suas coreografias bem ensaiadas, tivemos a casa dos protagonistas bem mostrada com prêmios e armas de coleção, vemos muitos treinos e também trabalhos manuais no rancho da família, e claro algumas boas cenas nos carros e ao redor dos estádios, não sendo algo que fosse muito além, mas ao menos foi bem trabalhado para simbolizar os anos 80 no país.

Enfim, é um filme que como já disse irá marcar mais quem for fã do esporte, mas que não chega a ser ruim de conferir e até consegue entregar algo que não cansa, mas que faltou intensidade sem ser nas pancadarias para não soar tão falso (como são as lutas do estilo) para agradar mais. Então fica assim como uma recomendação contextual apenas, pois não vai impactar quem não for conectado nas lutas, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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