O mais interessante de observar no estilo do diretor e roteirista Jeff Wadlow é que ele gosta de brincar com as alegorias presentes em cena, de tal forma que seu filme não fica abstrato mesmo trabalhando com coisas imaginárias, e assim sendo embora muitos não enxerguem a mesma coisa que a garotinha e a madrasta veem, o sentido das coisas acaba tendo formato, e isso fez com que o longa tivesse uma presença maior do que apenas um ser do nada conversando com elas. só diria que ele usou muito da equipe artística na composição das cenas finais, e não as usou tanto, e ali sim tinha algo mais trabalhado dentro do terror fantasioso e abstrato, já que é um mundo ilusório, cheio de labirintos, portas e tudo mais, mas como ele optou mais pelo terror de pressão do lado de fora, o resultado ficou um pouco leve demais, já que não quis ir para um rumo mais forte e denso.
Quanto das atuações, sempre costumo falar que filme de terror envolvendo criança é um risco tanto para as gravações quanto para os atores, pois os pequenos muitas das vezes não são instruídos do que vai ser gravado, para não causar traumas, e assim por vezes acabam entregando trejeitos meio que subjetivos, sem grande imposições, mas diria que aqui Pyper Braun conseguiu segurar bem os trejeitos de sua Alice, foi expressiva e não soou tão falsa nas brincadeiras junto do urso e/ou do amigo, de modo que talvez fosse até mais além em alguns atos, mas não cairia bem para ela. Já DeWanda Wise demorou um pouco para encontrar as expressões mais fortes para sua Jessica, mas trabalhou bem sem incomodar e com isso conseguiu chamar a atenção com os atos clássicos do estilo de ir aonde não deve. Ainda tivemos alguns atos espalhados com Taegen Burns com sua Taylor levemente chata como a maioria dos adolescentes, Matthew Sato com um Liam que deveria ter sido comido pelo bicho logo de cara, por ser bem mala, e Beth Buckley bem intrometida com sua Gloria, mas tendo motivos para isso, já Samuel Salary segurou bem suas poucas cenas impactantes, mas sem ser muito usado, agora sem dúvida alguma Tom Payne se recebeu cachê precisa devolver urgentemente, pois foi mero enfeite de cena, em duas ou três cenas, sem necessidade alguma.
Visualmente já falei no começo que fiquei com dó da equipe de arte que criou algo tão imponente para o mundo imaginário, mas que acabou nem sendo quase usado, sendo cheio de nuances, cheio de quadriculados interessantes, várias portas, e a sacada de um mundo lúdico, porém tenso ficou bem bacana de ver, já fora de lá tivemos uma casa bem tradicional, um quarto cheio de desenhos e pinturas mostrando que a madrasta já teve grandes dias felizes como uma garotinha chegada nas artes visuais, e agora ainda mantendo a criatividade é escritora de livros infantis, tivemos atos bem trabalhados na caça ao tesouro com a garotinha, alguns atos meio que doidos com o garoto no banheiro e no andar de cima, e claro tivemos o tradicional porão bagunçado, cheio de caixas e coisas estranhas, que sempre está presente em longas de terror. E claro não podia deixar de falar do urso feio e estranho que acompanha a trama, pois dá para ter medo só de ver ele como pelúcia, e sua versão maior no mundo imaginário ficou ainda mais feio.
Enfim, não é daqueles filmes que você assiste e sai querendo indicar igual um maluco, mas também passa bem longe de ser algo ruim, de tal forma que com pouquíssimos ajustes acabaria sendo algo marcante e bem intenso, principalmente se brincassem mais com a ideia do imaginário mesmo, mas quem sabe numa continuação, afinal o bicho em si não apareceu morto, então quem sabe, e veremos no que vai dar. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas hoje ainda devo ver mais algo, então abraços e até logo mais.
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