O longa é o retrato íntimo do ícone político pioneiro Shirley Chisholm, a primeira congressista negra e a primeira mulher negra a concorrer à presidência dos EUA, e o custo da realização para a própria Shirley. Este filme contará a história da campanha presidencial histórica e revolucionária de Chisholm, baseada em conversas exclusivas e extensas com familiares, amigos e aqueles que a conheceram melhor.
Diria que o diretor e roteirista John Ridley conseguiu captar bem toda a essência e representatividade que a congressista entregou em seus diversos mandatos, e principalmente como foi sua campanha à presidência contando com pouquíssimos recursos e poucos membros para apoiar, de tal forma que o filme em si foca bem mais nisso, na desenvoltura dela com outros grandes membros negros da sociedade na época, e todas as artimanhas que os demais concorrentes tinham para acusar sua campanha de apenas uma piada. Ou seja, a pesquisa que o diretor fez foi bem grandiosa e muito bem desenvolvida na tela, pois a trama poderia recair para os lados mais familiares e humanos da personagem, mas isso traria um vértice emocional não tão chamativo, e já com tudo bem elaborado dessa forma o resultado embora mais confuso (afinal volto a afirmar que não tem como se entender essa bagunça de delegados!) trouxe uma imponência bem maior, afinal a congressista era casca grossa com todos os grandões da câmara.
Quanto das atuações, o longa é praticamente todo de Regina King como Shirley Chisholm, conseguindo incorporar trejeitos e olhares que sabemos que a atriz costumeiramente não faz, e dessa forma ela entrou de cabeça no papel, conseguiu dominar em cima da maquiagem complexa, e foi desabrochando com o andar da trama, de tal forma que se torna a personagem logo no começo do filme, e no final já está dando show. Ainda tivemos muitos bons conselhos e um lado emocional bem encaixado com o Mac feito por Lance Reddick em uma de suas últimas interpretações para o cinema, sabendo aonde encontrar a presença cênica e agradando demais em cada ato seu. Outro que foi sensacional, e incrivelmente parecido com o verdadeiro personagem foi Lucas Hedges com seu Robert Gottlieb, demonstrando apreço pela congressista e demonstrando ser um jovem muito além do comum. E claro vale ainda dar destaque entre os muitos outros que foram bem também para Christina Jackson com sua Barbara Lee, ou seja, um elenco preciso e cheio de nuances que conseguiu dominar toda a cena e ir além da tela com os personagens reais desenvolvidos.
Visualmente a trama mostrou bem toda a vida de um político simples em campanha, analisando o dinheiro, ouvindo conselhos, conversando com aliados, então vemos a casa da protagonista, algumas igrejas e cultos que foi, a mansão de uma artista aonde vai para uma reunião, e claro o quartel general da campanha com vários telefones fazendo as articulações e pedidos, muito dinheiro chegando por cartas, tudo de uma forma bem representativa e interessante, além claro das ótimas maquiagens e figurinos que deixaram todos os atores bem semelhantes aos verdadeiros personagens.
Enfim, é um filme que tem estilo, que é bem marcado dentro da proposta biográfica, mas que se prendeu demais na campanha e seus desdobramentos, de modo que não pode ir mais além para emocionar com a protagonista e suas intensas defesas que marcaram sua vida, mas ainda assim vale a conferida para ver um belo trabalho de composição artística de personagens, afinal as atuações foram bem imponentes e representadas, valendo então a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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