Se em 2015 o diretor e roteirista Pedro Serrano já tinha brincado com a ideia de um Universo de Adoniran Barbosa com o curta "Dá Licença de Contar" e em 2020 com o documentário "Adoniran, Meu Nome é João Rubinato", agora ele pegou algo para ir bem mais além e desenvolver uma história que facilmente pode virar um musical teatral, mas que sendo bem elaborado com bons personagens, sem recair para o lado novelesco, e ainda tendo uma graciosidade leve bem colocada na tela, ou seja, ele criou um mundo próprio que daria para brincar ainda muito com outras canções do músico, dá para desenvolver diversos tipos de histórias mais diversas, e principalmente não se prendeu em algo clichê dentro de um estilo único, e isso é algo que pouquíssimos conseguem fazer com poucos recursos, e o melhor só tendo feito esses três filmes (um curta, um documentário e agora um longa). Então vamos ficar bem de olho nele, pois quem sabe ele empolga e volta com mais algo interessante sobre o universo do samba.
Sobre as atuações, a grande sacada foi colocar um ator músico no papel principal, afinal precisou cantar várias canções e tendo o domínio da voz, precisou apenas ser bem caracterizado tanto no passado quanto no momento atual da produção, de tal forma que Paulo Miklos segurou por completo o papel de Adoniran Barbosa, brincou com todas as facetas do samba, foi malandro e também estiloso, e conseguiu dominar o ambiente junto dos seus amigos, ou seja, foi livre na tela e deu show. Sidney Santiago teve boas desenvolturas com seu Cicero, sendo um garçom também bem cheio de malemolência, criativo e disposto a entrar na onda do filme, sem se segurar, nem ficar amarrado dentro do que o filme precisava, agradando também bastante. A dupla Gero Camilo e Gustavo Machado, ou melhor Mato Grosso e Joca foi o retrato completo das canções de Adoniran, fazendo os famosos pobres que ficam ricos com trambiques, que não querem trabalhar, e que com a mesma velocidade que ganham, gastam, e trabalharam trejeitos bem humorados, mas totalmente emocionais dentro da proposta. Ainda tivemos bons atos com Leilah Moreno com sua Iracema cheia de sonhos, mas com os pés no chão, Carlos Gimenez fazendo um bom Onório, Noemi Marinho sendo cheia de virtudes com sua Dona Giulia e até Paulo Tiefenthaler teve bons momentos com seu Pereira, mas quem mais apareceu sempre perdido em suas andanças foi Izak Dahora com seu Mané.
Visualmente a trama foi muito bem desenvolvida, tendo um bar simples, porém bem simpático tanto nos anos antigos da produção quanto nos momentos mais novos, contando com toda a sacada do passado que eram meio que mercearias com coisas a venda além de bebidas, todo o lado boêmio da época que lotava agora dá apenas meia dúzia de pessoas se não tiver um show, mostrou bem a maloca destruída, os famosos quartinhos que ajudavam os amigos, um mini-cassino com jogos de azar usando milho e feijão para contar as apostas, toda a sacada da pobre com sonhos e desenhos perfeitos, ou seja, tudo bem contido, mas cheio de nuances, mostrando que a equipe de arte pesquisou bastante e fez um belo trabalho.
Enfim, ainda não tem a trilha sonora cantada por Miklos online, mas assim que tiver vou compartilhar, pois ficou bem ousada e interessante de ouvir, e como o filme todo tem todo um ar saudoso de uma época que não volta mais, sendo bem executado e mostrando que o cinema brasileiro sabe fazer coisas diferentes de novelonas românticas, cine-favela e comédias bobas, então fica a dica para todos conferirem o longa no dia 21/03 nos cinemas do nosso Brasil. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo a cabine de imprensa do pessoal da Sinny, e volto amanhã com mais dicas.
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