Olhando a filmografia de Rudy Mancuso já tinha visto alguns filmes em que atuou, mas nenhum que eu tivesse destacado suas atuações, e falando nas direções e roteiros aqui é sua estreia em longas, ou seja, quis arriscar logo de cara em contar a sua vida atuando e se dirigindo, o que dá muito trabalho e a chance de erro é enorme, ainda mais com um dos gêneros que costumo dizer ser o mais difícil de se trabalhar em uma estreia que é a comédia, pois cada um gosta de rir de uma maneira diferente. Porém, diria que ele acertou demais no estilo que escolheu, não precisando forçar e usando sacadas simples e bem desenvolvidas, usando muito do estilo musicalizado, mas sem precisar virar um musical, além de sempre brincar com elementos que já vimos em muitos filmes do estilo e que funcionam, ou seja, já está pronto para criar muito mais e ir ainda mais além. Um ponto que talvez eu criticaria mais forte seria as quebras capitulares que não costumo gostar, mas aqui funcionaram bem para exemplificar o desenvolvimento de uma música completa, e no caso o desenvolvimento de sua obra também: MUSICA, RITMO, MELODIA, DINAMICAS, TEMPO, DISSONANCIA, HARMONIA.
Quanto das atuações, o protagonista foi bem em cena, afinal ele estava contando a sua própria vida, ou melhor o seu começo da carreira de animador de fantoches, sua doença musical (sinestesia), e assim se entregou fazendo a famosa piada de si mesmo, o que sempre funciona bem em tramas do estilo, mas o mais bacana é que ele não se entrega como um personagem carismático e cheio de energia, mas sim alguém confuso e até meio que depressivo em alguns atos, que acaba se jogando e indo bem além, mas sem dúvida o melhor é a cena no restaurante de rodízio com as várias caipirinhas na cabeça, e sendo filho de pai italiano e mãe brasileira, fala português fluentemente, conseguindo misturar bem as frases no longa. Outra que é americana que tem pais brasileiros é Camila Mendes e conseguiu se jogar bem como par romântico do protagonista com sua Isabella, brincando com olhares, nuances e desenvolturas sem ficar forçando, não sendo tão expressiva quanto poderia, mas agradando bem na tela. Já Francesca Reale acabou fazendo trejeitos meio que clichês de riquinha com sua Haley, o que acaba incomodando um pouco, mas como isso fez parte das piadas acabou não sendo algo ruim de ver. E dentre os demais é claro que vale o destaque para a verdadeira mãe de Rudy, Maria Mancuso, fazendo uma mãe protetora divertida, com aquele ar casamenteiro em nível máximo que acaba sendo bem engraçado de ver, mas sem dúvida o grande destaque ficou ainda para J.B. Smoove com seu Anwar divertidíssimo, cheio de traquejos, e que brincou demais em cena com seu personagem, e claro com o protagonista.
Visualmente o longa é cheio de nuances, desde as frases das músicas escritas no teto do metrô, dando todo um contexto marcante para a produção, as conversas com o boneco Diego sempre bem trabalhadas, os vários restaurantes brasileiros da cidade sendo destacados na tela, mas sem dúvida o grande show cênico ficou em dois momentos, no primeiro quando o jovem começa a fazer um múltiplo encontro com as duas garotas, com sua faculdade, trabalho e mãe, no melhor estilo de um palco e vários cenários e figurinos mudando ao mesmo tempo, e depois quando finalmente cria seu show de fantoches contando sua vida de uma forma expressiva tão bem colocada que praticamente vemos os protagonistas ali nos bonecos, ou seja, a equipe de arte deu show.
Enfim, é um filme que me surpreendeu, me divertiu e entregou a simplicidade bem feita sem precisar forçar a barra, de modo que acabamos conhecendo o diretor/ator pelo seu personagem, e torcemos pela história pelas mãos do ator/diretor, e assim valendo demais a conferida. Claro que dava para ir ainda mais além, mas é achar pelo em ovo, reclamar de um ou outro clichê, mas não vou brigar com isso, pois me satisfez com o estilo de filme que eu desejava ver hoje. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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