A sinopse nos conta que em um Japão distópico, o programa governamental Plano 75 incentiva os idosos a serem voluntariamente sacrificados como solução para lidar com o envelhecimento da sociedade. Neste contexto, uma senhora idosa cujos meios de sobrevivência estão desaparecendo, um vendedor do Plano 75 pragmático e uma jovem trabalhadora filipina precisam enfrentar escolhas entre a vida e a morte.
O longa nasceu como um curta-metragem que fez parte de uma coletânea de curtas que imaginam o Japão daqui há 10 anos, mas como viram algo com um potencial bem grande de ser desenvolvido, a diretora e roteirista Chie Hayakawa acabou sendo convidada para transformar seu curta em seu primeiro longa metragem, e mostrou aptidão para a coisa, pois o filme é redondinho, com histórias bem trabalhadas e conectadas, que se desenvolvem sozinhas mas se cruzam em determinado momento, que traz de um modo simples até que uma ideia não tão ruim, afinal muitos idosos que as famílias já não cuidam, que vivem sozinhos e sem trabalho que já perderam o gosto pela vida vão poder morrer tranquilamente, e ainda poder dar uma última curtida com 100mil ienes (aproximadamente 3300 reais) ou se preferir fazer um enterro mais elaborado. Ou seja, com uma ideia de morte consciente a trama traz um vértice polêmico, mas que acabou sendo dirigido com astúcia e envolvimento aonde vemos as histórias se desenrolarem bem, e passando a mensagem para a tela, que claro poderia ter um pouco mais de emoção na síntese, mas que de uma forma simples para um primeiro trabalho em longas acabou sendo efetivo.
Quanto das atuações, diria que Chieko Baishô teve muita segurança na personalidade de sua Michi, transparecendo que desejava ainda trabalhar muito, e claro morar em algum lugar que não fosse ser demolido, sendo fiel às amigas, e tendo um bom carisma para conquistar até a atendente do plano funerário, conseguindo transparecer emoções e envolvendo bem na medida certa. Hayato Isomura trouxe para seu Hiromu algo muito comum de vermos acontecer em pessoas que vendem coisas não muito boas para as pessoas, que se dão ao máximo para bater metas, mas quando se veem frente a frente com algum parente tentam salvar a pessoa daquilo, e o jovem trabalhou trejeitos bem marcantes que funcionaram na tela. E ainda tivemos Stefanie Ariane bem colocada com sua Maria, procurando muitos empregos para conseguir pagar a cirurgia da filha, mas que quando se vê separando coisas que vão para o lixo dos mortos se depara com a consciência do que fazer com aquilo, trabalhando também olhares e sensações para seus atos. Quanto aos demais, a maioria deu conexões para os protagonistas e se envolveram pouco na tela, valendo mesmo o destaque para Taka Takao como o tio de Hiromu e Yumi Kawai que fez a atendente de telefone que cuidava de Michi e acabou saindo para um dia feliz com a senhorinha.
Visualmente a trama trabalhou alguns ambientes de um certo modo meio que mórbido, não tendo grandes desenvolturas, mostrando o pequeno apartamento da senhorinha, o seu serviço em um hotel, uma casa de karaokê, a empresa do plano com vários atendentes bem no estilo de um banco, um culto religioso, um estilo de hospital aonde usando um tipo de gás as pessoas se vão, uma sala de separação de pertences e um bom pôr do sol, mas sem grandes floreios, o que mostra um orçamento enxuto, mas bem utilizado na tela.
Enfim, é um longa simples, porém bem feito, que tem uma proposta até que ousada de algo que possivelmente aconteça daqui alguns anos, mas que talvez se a diretora colocasse um pouco mais de sentimento emocional na tela, o resultado acabaria tomando algum rumo mais forte, mas como disse é algo que funciona, e assim acaba valendo a recomendação de conferida nos cinemas à partir do dia 25/04. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, agradecendo claro o pessoal da SATO Company pela cabine de imprensa, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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