Amigos Imaginários (IF)

5/18/2024 02:15:00 AM |

Sempre falei que escolher um estilo e seguir firme nele é algo que um diretor deve manter para ser reconhecido, mas sempre tem alguns malucos que recaem em ideias tão opostas que você pensa: "não tem como dar certo!", mas eles vão lá e se mostram mais do que capazes, entregando algo brilhante de se ver, e o nome da vez que fez essa proeza é John Krasinski, que brilhantemente criou o terror/suspense intenso "Um Lugar Silencioso", e agora nos entrega algo tão doce, mágico e incrível de se ver na tela chamado "Amigos Imaginários", que encanta nas salas desde os menorzinhos por verem bichões tão bem sacados, quanto os adultos que se veem lembrando da infância e conseguem enxergar todo o lado encantado que o diretor soube trabalhar. Ou seja, é daqueles filmes que você vai conferir sabendo que vai gostar e sai apaixonado da sala pela condução poética e gostosa que foi entregue, querendo até ver mais, então agora é torcer para quem sabe vir uma continuação.

A trama acompanha Bea, uma garota que passa a ver os amigos imaginários de todas as pessoas após viver um evento traumático. Quando Cal, descobre seu poder, eles embarcam numa jornada para reconectar os amigos às suas crianças, especialmente os que foram abandonados após seus criadores se tornarem adultos.

É muito interessante ver a mente do diretor e roteirista John Krasinski brincando, pois não bastando ter a ideia original (que muitos tem colocado como algo próximo de "A Mansão Foster para Amigos Imaginários"), dirigido com uma precisão cirúrgica fazendo com que os bonecos se movimentassem de alguma forma no set para que os atores soubessem aonde olhar sem precisar imaginar tudo acontecendo de forma falsa, ele também se jogou em cena como o pai doente da garotinha, ou seja, ele esteve presente de corpo e alma em cada momento da execução completa, e em todos os materiais que vemos na internet é notável sua felicidade em criar esse mundo lúdico bonito e envolvente. Claro que muitos vão achar exagerado demais termos algumas situações, outros vão reclamar de não ter dado um soco maior de emoção nos atos finais, mas a trama consegue passar essas nuances com tanta leveza que o resultado acaba indo além, e isso já é algo brilhante mostrando que ele tem potencial para fazer o que quiser, mas mais do que isso, ainda tem história aqui para ele brincar com uma continuação, então veremos como vai se comportar a bilheteria, para quem sabe os produtores lhe convencerem disso também.

Quanto das atuações, diria que a jovem Cailey Fleming poderia ter se soltado um pouco mais para que sua Bea fluísse melhor em suas cenas, pois ficou um pouco seca demais nas expressões corporais, o que claro é uma dificuldade já que não está vendo com quem você está falando em filmes desse estilo, mas ainda assim foi doce e teve um bom carisma quando precisou enfrentar atos mais intensos, e assim seu resultado final foi bem satisfatório de ver. Não sei se foi a melhor escolha de Ryan Reynolds para o papel de Cal, pois ele já adotou um ar canastrão na maioria de seus personagens, e aqui embora o papel pedia alguém divertido, mas também com um certo grau de desolação com tudo, faltou vemos algo mais doce na tela com ele, mas que sabe segurar as pontas isso ele sabe demais, brincando com cada elemento animado e dando boas nuances também. Fiona Shaw e John Krasinski trabalharam poucas cenas com seus personagens, mas foram bem graciosos e marcando o território com olhares e envolvimentos, o que acabou dando toda uma essência leve para cenas difíceis. E quanto aos personagens animados, Steve Carell nasceu para ser o Blue, você vê e ouve o tom cômico em sua voz, se diverte com os trejeitos passados, e mesmo que não tenha usado captura de movimentos, conseguiram deixar o personagem com seu estilão, e isso foi muito bom de ver na tela. Ainda tivemos bons tons de voz de Phoebe Waller-Bridge e Louis Gossett Jr. para com seus Blossom e Lewis, mas mais do que boas vozes, os personagens foram desenhados com um primor técnico, tendo texturas e simbologias tão perfeitas que realmente chegaram a parecerem reais em cena.

Visualmente já falei dos personagens incríveis de ver na tela, mas ainda tivemos toda a transformação visual incrível do espaço aonde vivem as figuras, sendo algo imaginativo, cheio de referências emocionais e sensitivas, com o chão mudando para algo colorido, uma piscina cheia de dança, um show marcante, fora toda a sacada das tintas e pinturas se transformando em coisas reais, toda a cena incrível do parque funcionando grandiosamente com os amigos, entre muitos atos reais do apartamento de infância sendo rememorado, a sacada da força para o jovem em sua entrevista, e por aí vai, mostrando que a equipe de arte e de computação teve muito trabalho.

Enfim, só não vou dar nota máxima por faltar talvez algo que me derrubasse nos atos finais e pelas atuações dos protagonistas faltar um pouco para a perfeição, mas o longa é tão gracioso que daria fácil um 9,5 para o conjunto completo, e assim sendo recomendo demais para todos, sejam adultos para relembrar seus amigos imaginários da infância, quanto para os mais novos criarem e desenvolverem suas imaginações, pois o filme tem esse poder, então fica a dica. E é isso pessoal, minha noite foi salva, depois de uma trama reflexiva demais, veio algo gostoso e envolvente, então posso dormir em paz para voltar amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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