A sinopse nos conta que José Eduardo, o Zé, é dono de uma escolinha de futebol e ganha numa rifa uma viagem com a mulher e a filha blogueira para Cartagena. Já José Eduardo, o Edu, é um empresário bem-sucedido que vai sair de férias com a esposa e o filho tiktoker. A confusão começa quando, por engano, Zé se hospeda no hotel de luxo de Edu, que, por sua vez, acaba na pousada simples de Zé. Essa troca proporciona experiências que as duas famílias não estavam acostumadas, mas que acaba as unindo ainda mais.
O mais engraçado de olhar para a filmografia do diretor Bruno Barreto é que você vai olhar desde "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976 - uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro), passando por "O Que É Isso Companheiro" (1997 - outra obra que fervilhou os cinemas), até "Flores Raras" (2013 - completamente injustiçado de não poder ser nossa indicação certeira ao Oscar por ter mais do que o percentual falado em inglês) e no meio do caminho ainda ver um "Crô - O Filme" (que foi uma das maiores bombas novelescas do nosso cinema), entre muitos outros, ou seja, é um diretor que está no mercado há muito tempo e que não hesita de pegar desde grandes obras até filmes bomba, e aqui diria que ele conseguiu pegar um roteiro simples, porém cheio de nuances que davam para ser desenvolvidas e conseguiu brincar com ele, entregando atos tradicionais que facilmente aconteceriam com pessoas de duas classes bem opostas entrando em lugares que teoricamente não pertencem a eles, e ir além com essa pegada. Ou seja, ele fez de um limão uma limonada sem precisar encher de açúcar ou enfeites, e o principal, foi para Cartagena na Colômbia gravar, ficando com o elenco por um mês em um resort, não inventando de gravar no Brasil parecendo estar em outro lugar, e com isso acabou criando um bom timing com os artistas e o resultado da química entre todos fica claro nas cenas.
Quanto das atuações, gostei que Edmilson Filho foi explorado mais do que apenas seus personagens casuais, pois ao precisar fazer dois papeis completamente diferentes em Zé ele jogou o tradicional personagem mais escrachado, porém bem sacado e que sempre faz bem, enquanto com Edu ele já se verteu para uma pessoa mais fechada, com tiques e intensidades diferenciadas, mas que caiu bem para o que o personagem pedia, e que mesmo forçando um pouco com ambas as personalidades conseguiu agradar e criar uma boa química com os demais personagens em cena. E falando dos demais personagens, tivemos de um lado Aline Campos como uma cabelereira bem simples com sua Suellen, mas que se deslumbra ao máximo com tudo no hotel chique, e se joga bastante nas coisas boas que o luxo entrega, e do outro lado tivemos Carol Castro com sua Renata, uma arquiteta cansada das coisas metódicas do marido e que se deslumbra com o simples e rústico da pousada ecológica, brincando bem com todas as facetas para reatar o amor ao marido no meio do matagal, e ambas entregaram muita conexão com as personalidades do protagonista. Dos jovens, tanto Klara Castanho com sua Rô quanto Matheus Costa com seu João entregaram a base do momento de influencers, tiktokers e afins que tentam documentar ao máximo suas vidas, mas que para a base do filme acabaram apenas bem encaixados nas nuances familiares, não indo muito além na tela. E quanto aos empregados dos hotéis, tivemos de um lado Gustavo Mendes forçando um maître multilíngue, mas que diverte, enquanto do outro lado tivemos Flávia Garrafa como a dona da pousada zen demais da conta, então sobrou para Luciana Paes apelar para uma massagista tântrica maluca que valeria ter trabalhado um pouco mais para outras cenas, pois ela daria história.
Visualmente o ambiente tem alguns meros minutos num aeroporto, depois uma animação mostrando alguns perrengues do voo, para já chegar em Cartagena e acontecer a troca de hotéis, e consequentemente de carros, tendo um lado uma van luxuosa, um resort paradisíaco e quartos e restaurantes que é o sonho de qualquer viajante com muito dinheiro, enquanto do outro lado temos uma pousada no meio do nada, redes, sem conexão com nada sem ser a natureza, sabugos no banheiro, e claro muitos perrengues, ficando no meio uma pequena vila com um bar e um concurso de dança. Ou seja, a equipe de arte brincou bastante em todos os ambientes e conseguiu passar muita verdade com a produção em um todo.
Enfim, como disse no começo estava com muito medo de ser uma das muitas comédias forçadas que chegam nos cinemas durante o ano, mas acabou sendo algo ao menos divertido de curtir, com uma sacada que funcionou (não lembro de algum filme exatamente com essa proposta, mas sei de alguns que já tiveram essa pegada de trocas), e que quem gosta do estilo certamente sairá bem feliz da sessão, então diria que recomendo o filme. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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