A Grande Fuga (The Great Escaper)

6/28/2024 12:58:00 AM |

Hoje iria ver o suspense silencioso, mas como a sessão que tinha ingresso mudou, resolvi mudar de filme também, e como já diria o velho ditado "tem males que vem para o bem", e que filme maravilhoso é "A Grande Fuga", pois consegue trabalhar uma história real que virou notícia mundialmente na época de uma maneira tão sutil e gostosa de ver, que você acaba se emocionando e envolvendo demais com cada momento na tela, e não só pela história em si (que foi bem mudada ao saber o passado original do protagonista), mas sim pela brilhante e emocional história dos protagonistas, afinal foi o último filme de Glenda Jackson que morreu no ano passado, e o filme de aposentadoria de Michael Caine, ou seja, tudo ainda mais simbólico e funcional demais, que os olhos chegam a dar uma leve molhada!

O longa se passa no verão de 2014 e acompanha a história real de Bernard Jordan. O veterano da Segunda Guerra Mundial foi manchete nos jornais do mundo todo após fugir da casa de repouso onde vivia para se juntar a outros veteranos na França, durante o 70º aniversário dos desembarques do Dia D. A aventura de Bernie, que durou apenas dois dias, marcou sua vida e também seu casamento de 60 anos com Irene.

Diria que o diretor Oliver Parker conseguiu pegar bem toda a ideia transmitida pelo roteirista William Ivory, de modo que mudaram um pouco a história real (na verdade Bernard foi paraquedista e ficou preso durante toda guerra, enquanto aqui o personagem foi da marinha e nem desceu do navio) para colocar o elo emocional que acaba ocorrendo, sendo esse a maior diferença, enquanto todo o ato com a esposa, com a fuga, com os cuidadores ligando para polícia, e claro toda a fama que ganhou o mundo todo com jornalistas gastando cada linha para falar do senhorzinho que fugiu do asilo para ir na comemoração da guerra, e sabendo criar as devidas desenvolturas a trama teve uma pegada simples, com ares leves e gostosos, mostrando que o estilo do diretor não era de causar densidade, mas sim passar a emoção e o carisma dos personagens na tela, o que acabou acontecendo e agradando demais. Ou seja, esse filme tinha inúmeras possibilidades de desenvolvimento na tela, mas a escolhida foi sem dúvida uma das melhores, pois é uma trama rápida, direta e com um sensorial bem marcado, que não vai fazer muitos lavarem a sala, mas sim saírem felizes demais com toda a entrega dos atores para o diretor, e claro, para o filme.

E se já falei que a entrega dos atores foi algo sensacional, nem precisaria falar nada das atuações, mas sendo o último trabalho de Michael Caine antes de se aposentar, ele colocou tantos olhares precisos para o seu Bernard Jordan que muitos no set de filmagens que conheceram o real falaram que viam o ex-soldado aparecendo ali, e o carisma do ator é gigante, não sobressaindo com ninguém em cena, e mais do que isso, sendo expressivo e emocional em todos os atos, agradando do começo ao fim. Esse também foi o último filme de Glenda Jackson, afinal morreu em junho do ano passado, e sua Irene Jordan ou Rene para os mais íntimos foi de uma doçura e envolvimento tão gostosos que você acaba até querendo mais cenas dela na tela, tendo uma precisão emocional certeira para cativar e funcional demais para que o diretor pensasse em cortar alguma cena dela. Ainda tivemos bons atos com John Standing com seu Arthur bem pautado e precisando de uma ajuda para fazer o que precisava no evento, de tal forma que junto do protagonista foi sereno e bem direto em seus atos. Claro que os personagens jovens também entregaram atos de guerra bem impactantes, de modo que Will Fletcher e Laura Marcus conseguiram dosar atos emocionais com expressões fortes de momentos chamativos da guerra. Quanto aos demais, todos fizeram boas conexões com os protagonistas, mas vale dar destaque para Danielle Vitalis com sua Adele e Jackie Clune com sua Virginia bem colocadas como mais do que apenas enfermeiras para o casal.

Visualmente o longa foi bacana por mostrar uma casa de repouso bem tradicional (um pouco mais rica que o normal é claro), aonde os velhinhos moram com vários itens pessoais, fotos, vitrola e remédios aos montes, vemos pouco dos demais aposentos, mas a movimentação grande de enfermeiros mostrando ser algo bem amplo, vemos os passeios pela praia do casal, e depois vamos para a viagem do protagonista, pegando carona para chegar até o canal e depois uma balsa recheada de senhorzinhos veteranos da guerra, tudo bem preparado como um início de festa, já na França vemos restaurantes tradicionais, um hotel também simples, e um grandioso cemitério da guerra além de toda a tenda da homenagem, isso tudo no presente. Já do outro lado a equipe trabalhou muitos atos de guerra bem imponentes, com tanques, navios, tiros, explosões e claro festas aonde o protagonista conheceu sua esposa, tendo atos bonitos e uma fotografia bem requintada.

Enfim, é daqueles filmes marcantes e bem emocionais, que não tem como não gostar do que vê na tela, tendo um ou outro ato meio que fora do eixo, aonde o diretor tentou florear um pouco demais a história, mas nada que atrapalhasse o resultado final, então vá conferir que é certeza de sair da sessão bem mais feliz do que entrou, pois é uma lição de vida, afinal aos 90 anos ainda encontrar disposição para fugir de um asilo para ir numa comemoração de guerra tem de ter muita vontade. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.




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