domingo, 16 de junho de 2024

Mallandro - O Errado Que Deu Certo

Muitos acharam que eu fugiria de conferir "Mallandro, o Errado Que Deu Certo", porém não tenho motivos para isso, afinal é um filme como qualquer outro, e vivi bem minha infância nos anos 90 vendo porta dos desesperados, pegadinhas, e claro os muitos filmes que Sérgio Mallandro participou, só não fui comprador de seu disco, o que já seria um abuso. Mas voltando ao que interessa que é seu novo filme, o que posso dizer é que o resultado final até foi interessante de se pensar pelo lado mais dramático da vida de um comediante, e mesmo que não tenha sido real tudo o que aconteceu com Sérgio mostrado na tela, é de se pensar como as pessoas vão interpretar de forma séria alguém que sempre fez piadas e pegadinhas com tudo, ou seja, a trama tem um cunho bem mais denso nesse sentido de alguém que sempre ganhou e viveu bem usando de comicidade, mas que quando está ruim das pernas e não consegue mais ser engraçado ou fazer uso de seus bordões, não é visto pelas pessoas para lhe entender.  Ou seja, diria que a tentativa de um drama cômico até funcionou dentro da proposta entregue, porém alguns irão ao cinema esperando rir dele como se fosse uma comédia extremamente engraçada, e aí vão se dar mal, pois o longa tem pouquíssimos atos que soaram divertidos, sem ser forçando a barra, mas como arco dramático o acerto, principalmente no final, vem e funciona bastante. 

O longa é um filme satírico sobre o comediante brasileiro Sérgio Mallandro. Mallandro está em uma fase ruim da vida. A grana fica cada vez mais curta e ele até tenta trabalhar como motorista de aplicativo, mas não consegue porque, mesmo disfarçado, sempre acaba sendo reconhecido pelos passageiros, que se recusam a embarcar achando que estão numa pegadinha. Quando surge uma oportunidade de voltar à televisão, apresentando um programa de auditório numa emissora pequena, o humorista se mete numa enrascada e acaba perdendo seus “poderes”: não consegue mais dizer nenhum dos famosos bordões. Agora, vai precisar se reinventar para conseguir uma última chance na carreira artística.

Costumo dizer que fazer comédia numa estreia é quase um suicídio para diretores, pois como já falei outras vezes, o que faz uma pessoa rir geralmente é bem diferente do que faz outra rir também, e aqui Marco Antonio de Carvalho pegou um roteiro de Pedro Antônio, Sylvio Gonçalves e Sérgio Mallandro para fazer algo ainda mais difícil que é uma comédia dramática, que precisa além de fazer rir, emocionar o público com algo, mas não se intimidou e acabou conseguindo ser bem coerente nas atitudes, mostrando situações do Mallandro de antigamente, sofrendo com o que fazia outros sofrer, e como diz em certo ato "já esteve no topo da roda gigante cuspindo no debaixo, só que agora o outro está em cima e vai lhe tacar um coco, nascendo uma cocada", e também dando sacadas de como é o stand-up atuar de Sérgio, o que acaba criando um algo a mais para ser visto na tela, e principalmente mostrando que o diretor não foi incrível, mas tem muito potencial para o estilo.

Quanto das atuações, Sérgio Mallandro já fez muitos filmes e sabe fazer bem demais tanto o seu Mallandro quanto o Sérgio, e assim não desaponta em momentos algum fazendo suas miquices e desenvoltura expressivas, de tal forma que o filme é inteiro seu e dos atores que fizeram seus filhos, se tal forma que qualquer outro ator foi mero figurante de luxo com algumas fala, e isso não é ruim, pois ele soube segurar e ser seguro, então o resultado aparece e acaba agradando bastante com o que faz , mesmo que seja forçando a barra, mas que aqui é por um motivo, então vale. Claro que foram mudados os nomes verdadeiros dos filhos do Mallandro, mas as personalidades entregues por Marianna Alexandre com sua Mila e Guilherme Garcia com seu Luca, foram bem tradicionais de filhos mesmo, buscando modos de ajudar o pai a se reerguer, vivenciando seus momentos e dando boas entregas na tela, de forma que funcionaram como atitude e bons trejeitos expressivos. Quanto as demais participações, vale claro o destaque para Xuxa Meneghel como um anjo apresentando o que ele fez de bom e de ruim na vida, afinal como amiga pessoal dele há mais de 40 anos sabe tudo dele como ninguém, e também fazendo a porta dos desesperados com ele; e o garotinho vivido por Theo Peres bem dinâmico e emotivo para os dois atos que entrega na tela.

Visualmente o longa teve cenas numa mansão luxuosa a beira mar que não sei se é realmente a casa de Sérgio, trabalhou de forma bacana numa venda de seus figurinos e apetrechos tradicionais dos anos 90, fizeram bem um programa de esquetes e entrevistas nos moldes atuais, e ainda reverteram esse mesmo programa para algo em tons brancos para algo como se fosse o céu, brincando com a tradicional porta dos desesperados que Mallandro tinha em seu programa, ou seja, a equipe pesquisou bastante e fez boas entregas, simples e funcionais na tela.

Enfim, é um filme que foi até melhor do que esperava, mas que força a barra no estilo tradicional do protagonista, e assim sendo sei que muitos não irão nem curtir e outros muitos nem irão conferir, sendo algo dramático interessante e comicamente sem grandes rumos, que quem permitir a ideia pode até gostar do resultado final. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas ainda vou conferir mais um hoje, então abraços e até logo mais.


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