O mais interessante de tudo é que o diretor e roteirista Xavier Gens tem essa pegada boa para terror, e aqui conseguiu segurar até que bem a tensão, pois facilmente ele poderia deixar só as cenas de sanguinolência e deixar de lado toda a ambientação de densidade dramática, mas optou por algo bem misto, contando tudo tintim por tintim para que o público entendesse o trauma da cientista, como é o fundo do rio cheio de artefatos bélicos, como age um político interessado em aparecer num caso desse estilo, e por aí vai, de modo que seu filme acabou ficando completo e bem trabalhado. Claro que quem curte uma trama sem forçar a barra por total irá reclamar de tudo, da computação gráfica até dos diálogos, mas como costumo dizer em filmes desse estilo você tem de abstrair a realidade e curtir a loucura para se envolver com tudo, e nesse sentido vemos planos ousados debaixo da água, vemos todo um desespero bem alocado em cima dos figurantes e dos protagonistas, e assim sendo o resultado mesmo que preparado para uma continuação, se fecha bem e empolga, coisa que muitos filmes do gênero acabam esquecendo de fazer.
Quanto das atuações, sabemos que Bérénice Bejo é uma atriz bem completa, que faz desde longas artísticos complexos à produções que sejam apenas de entretenimento (afinal até para os artistas os boletos chegam!), e aqui ela se doou bastante para sua Sophia, criou olhares e tensões bem colocadas, conseguiu se envolver bem nas situações aonde os bichões aparecem (o que é bem difícil de se expressar, já que está embaixo d'água e não existe nada ali, já que os tubarões só foram colocados com computação!), e assim sendo consegue chamar muita atenção, protagonizando realmente a trama como deve ser, ao ponto que chorou, gritou, sangrou e tudo mais, no pacote completo de uma boa atuação. Só tinha visto antes um filme que Nassim Lyes participou, então não vou afirmar que já é alguém marcante no cinema francês, mas aqui conseguiu ser um policial até que calmo demais com seu Adil, trabalhando sem truculências nem exageros nos olhares, que deram um tom bem colocado para a proposta toda, mas que muitos vão ficar esperando seu relacionamento com a protagonista pelos olhares trocados, isso vai, e já decepcionando todos, não aconteceu, mas quem sabe na continuação, pois o ator tem um estilo meio romantizado, e deve funcionar nesse sentido. Quanto aos demais personagens, muitos se entregam na tela e conseguem chamar atenção, mas dentro da proposta vale destacar Anne Marivin como a tradicional prefeita que só quer ver a festa não ligando para o que as autoridades do assunto falam para ela, e também a jovem Léa Léviant com sua Mika que também não ouve quem entende do assunto e vai fazer arte na frente dos tubarões, mas funcionaram dentro da proposta, então agradaram em cena, já os demais policiais vale destacar seus olhares expressivos de medo, que agradaram bastante, então acertaram com o que tinham de fazer.
Visualmente a trama passeou pelas catacumbas de Paris, teve muitas cenas embaixo d'água, muito uso do bote da polícia fluvial da cidade, um aquário bem trabalhado, computadores de monitoramento de tubarões, uma ONG com projetores e muitos jovens, e até uma ilha de lixo no meio do mar, tudo bem representativo para causar sensações no público. E falando em sensações, a equipe de maquiagem foi muito bem usada nas próteses, muito sangue nas águas para causar a impressão do ataque mortífero, e o resultado acabou sendo até mais realista do que computacional, o que acabou agradando bastante.
Enfim, é um filme que teve pegada, não se alongou na tela, e serve até mais do que um passatempo simples de domingo a tarde, valendo a indicação para quem curte filmes de tubarões bem trabalhados, e mesmo sendo classificado como terror pela sanguinolência na tela, não é algo que vai traumatizar quem não curte o estilo, então fica a dica de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou pro cinema conferir a última estreia que falta da semana, então abraços e até logo mais.
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