A sinopse nos conta que o Aeroporto Internacional de Guarulhos foi construído sob um antigo território indígena. Nesse espaço onde 35 mil trabalhadores garantem o funcionamento diário, Alê tem sua vida atravessada pelas origens do aeroporto e por rastros de um passado em constante transformação. Seguindo personagens cujas vidas se cruzam no dia a dia, o olhar se fixa não sobre aqueles que passam, mas sobre o que permanece num local impregnado pelas feridas originárias de um país.
Diria que a direção e o roteiro de Flora Dias e Juruna Mallon até foi bem consistente das ideias que desejavam mostrar, porém faltou desenvolverem melhor elas para que tudo se encaixasse dentro do formato sem que ficasse apenas como ideais de filmagem, pois saber o que quer ver na tela é interessante, mas se não chegar a sua ideia até o público da mesma forma que pensou acaba sendo apenas algo feito para o próprio ego, e infelizmente esse é o maior problema da maioria das produções alternativas e abstratas de alguns diretores do país. Ou seja, posso dizer que talvez esperasse ver algo mais próximo da cultura indígena que deixou resquícios para as famílias e para o aeroporto em si, mas pisquei e já estava rolando toda uma situação de entrevistas, alguns ensejos do candomblé, e conversas aleatórias sobre pedras e geologia, quando tudo transparece de um grande pensamento e se fecha apenas sem ir para um rumo maior.
Nem vou entrar em detalhes sobre as atuações, pois a mistura de realidade com ficção na trama acaba sendo algo meio que confuso de se entregar, e Larissa Siqueira num primeiro momento faz com que sua Alê seja bem densa e ficcional, mas de repente está dando entrevistas como se fosse realmente moradora do espaço, em um estilo quase documental e expressivo, ou seja, não trouxe uma verdade na tela como deveria, enquanto os demais fazem cenas meio que soltas, com diálogos abertos que não fluem para algo maior, e isso acabou deixando o resultado estranho também por parte das atuações.
Visualmente a trama começa mostrando várias datas, que inclusive fui anotando por achar que fariam alguma diferença no longa (1590, 1932, 1893, 1677, 1492, para depois se situar provavelmente em algum ano da pandemia, já que a maioria das pessoas está usando máscaras na cara), mas não chega a ir para algum rumo essa ideia, tendo alguns atos com pedras e símbolos, outros atos nos arredores do aeroporto, algumas explorações numa floresta, e alguns momentos de entrevista em uma tribo, um ritual do candomblé, e algumas sínteses mais abertas mostrando um rio, mas tudo aberto demais que não vai além.
Enfim, diria que foi tudo abstrato demais para o meu gosto pessoal, que friso não ser algo ruim, apenas não me convenceu em nenhuma das ideias que passaram em minha mente sobre o longa, mas que certamente alguns vão entender mais das nuances e acabará gostando, então digo que quem gostar de tramas abstratas dê a chance ao longa, e que se apaixonar pela ideia e quiser vir comentar, o campo abaixo é 100% aberto, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje agradecendo os amigos da Sinny Assessoria pela cabine, e também a Embaúba Filmes, então abraços e até logo mais.
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