O diretor Cédric Jimenez soube usar o roteiro da melhor forma possível para que seu filme não ficasse apenas como um tradicional longa policial francês, que costumam exagerar em dramas cômicos ou então para força bruta desesperada, de forma que aqui ele colocou mais imposição na investigação completa junto com toda a essência de buscas, testemunhas, entrevistas e dinâmicas pelo país e fora dele, de modo que cada conexão levava a paradeiros diferentes até chegar a um bem provável, ou seja, a trama ousou trabalhar com todas as nuances do estilo envolvendo tanto o público quanto os diversos atores da produção, e foi bem assertiva em relação ao trabalho completo. Além de causar muito burburinho nos festivais que passou e claro na França toda, o diretor acabou sofrendo um pouco de retaliação da imprensa por a testemunha principal do longa usar um hijab, de forma que precisou colocar um comunicado ao final do longa de não ter nada a ver com a religião ou crença dela, mas ainda assim sabemos bem que os franceses estão em plena luta direta contra o EI, e não seria diferente no cinema.
Um ponto bem interessante da trama é que com toda certeza o orçamento do longa estourou com as contratações para o elenco, pois praticamente todos os atores da geração atual francesa está na tela em algum papel principal ou secundário, fazendo com que o nível de expressividade dos diálogos ficasse bem marcantes na tela. Jean Dujardin trabalhou com muita explosão para que seu Fred fosse imponente e cheio de imposições, de modo que grita, xinga, se expõe e acaba entregando força com nuances bem táticas e marcantes como um grande nome da polícia operacional deve ser, mostrando que ainda tem a pegada que tanto gostaram de ver nos longas que o premiaram. Anaïs Demoustier trouxe um lado sereno e curioso para sua Inès, se jogando na investigação de campo, mantendo bons laços com cada elo da trama, e principalmente sabendo emocionar em atitudes e desenvolturas que o papel pedia, ou seja, ao mesmo tempo que não pesou nos trejeitos de uma capitã, conseguiu ser forte para tudo que precisava. Lyna Koudri trabalhou sua Samia com muita densidade, mostrando algo forte de ver alguém testemunhar contra os principais foragidos do país, tendo três atos bem fortes de expressões, conseguindo manter todo o olhar cênico no que fez. Ainda tivemos Jérémie Renier bem encaixado com seu Marco, Sofian Khammes bem imponente com seu Foued, Cédric Kahn com um Martin bem pautado e claro Sandrine Kiberlain fazendo sua Héloïse cheia de conexões dentro do alto escalão com muita postura e trejeitos intensos que sabe fazer bem sempre.
Visualmente a trama tem atos bem explosivos, boas perseguições na multidão, muito desenvolvimento dentro dos vários departamentos investigativos, escutas, transcrições, e ligações vindo de todos os cantos, com o filme se passando além da capital francesa com atos na Bélgica, Grécia e Marrocos, tendo muitos policiais de impacto quebrando portas e invadindo locais, e um ato final com tantos tiros que acho que nem em filmes de guerra usaram tanta munição, ou seja, a equipe trabalhou com tudo o que podia e não podia dentro do orçamento, e conseguiu chamar atenção.
Enfim, era exatamente o estilo de filme que procurava ver hoje, e que nem sei o motivo de ter deixado ele tanto tempo na lista para conferir, pois já assisti vários outros longas que envolveram os acontecimentos do atentado, e todos foram bem interessantes, então faltava esse para completar bem a intensidade policial francesa, e claro lembrar que daqui alguns dias já vem a Olimpíada por lá, então é sempre bom saber que estão prontos para tudo. Então fica a dica para a conferida, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços e até amanhã com mais dicas.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...