Amazon Prime Video - O Duque (The Duke)

7/14/2024 11:59:00 PM |

Queria encerrar a noite de domingo com algum filme que fosse divertido, mas também bonito, e dentre as estreias dessa semana nenhum parecia se encaixar nesses dois quesitos, então eis que abri a famosa lista de filmes que saio colocando quando vejo que tem na plataforma, e ao acaso algum dia sairão de lá! E nessa busca vi que a trama de "O Duque", que pode ser localizado dentro da Amazon Prime Video, tinha uma pegada interessante em cima de uma história real maluca dos anos 60, quando um senhorzinho foi preso por "sequestrar" um quadro de um museu pedindo que fosse liberada licença gratuita para TV para idosos, e que claro contendo duas lendas do cinema no cartaz não tinha como dar errado. E felizmente não deu errado, pois é algo tão maluco quanto a ideia, pois o senhorzinho é daqueles que briga por direitos de tudo, que reclama com quem quer que seja por injustiças, e que numa reviravolta maluca esconde em sua casa um quadro que o governo comprou por muito dinheiro para manter na galeria, mas o feitio em si não é tão importante, e também é explicado no filme que nem tudo o que vemos foi realmente da forma feita, então o que vale é o julgamento do senhorzinho, pois com um advogado ainda mais extrovertido que ele, acabaram fazendo um show para acabar com o humor de qualquer promotor. Ou seja, um filme leve, com dois grandes nomes do cinema mundial, e que passa voando o tempo na tela, sendo exatamente um bom fechamento ou início de semana.

Baseada em uma história verídica, o longa segue a história de um homem comum que decidiu mudar o mundo. Em 1961, Kempton Bunton, um taxista aposentado de 60 anos, roubou o retrato do Duque de Wellington, pintado por Goya, da National Gallery de Londres. Sua intenção não era obter lucro, mas chamar a atenção do governo para a falta de apoio aos idosos. Bunton enviou notas de resgate, condicionando a devolução da pintura ao aumento dos investimentos no cuidado dos aposentados. O que se seguiu tornou-se uma lenda: Bunton foi preso e julgado, mas sua ação ousada inspirou muitos a refletirem sobre a justiça social. Esta edificante história verídica destaca a coragem de um homem comum que decidiu mudar o mundo, e no processo, conseguiu salvar seu próprio casamento. O Roubo do Século é lembrado não apenas pelo audacioso crime, mas pelo impacto social significativo que gerou, transformando Bunton em uma espécie de herói popular.

O diretor Roger Michell tinha um estilo bem limpo de filmes, aonde na maioria das vezes ele usava bem da formatação tradicional e calma dos longas ingleses e vez ou outra colocava algumas sacadas de quebra para dar uma mexida no tom da trama, e aqui ele usou bem a base da história, criando poucos atos de virada, e deixando que os personagens falassem por si próprios, de modo que em diversos atos até vemos algo meio que teatral nas atuações dos protagonistas, e isso é algo que agrada de certa forma pela leveza cênica, e também acaba sendo um método para que artistas mais idosos possam se desenvolver melhor sem precisar seguir um roteiro mais seco, e o que acontece em cena é de um luxo e diversão que poucos conseguiram fazer tão bem. Ou seja, antes de morrer em 2021, o diretor fechou sua carreira com um comédia dramática de primeira linha, que brinca com uma história real maluca, e funciona como uma das defesas mais bizarras possíveis, aonde com muita certeza a maioria verá o longa e falará ser impossível ser real tudo que foi dito no tribunal.

Quanto as atuações é até fácil falar de Jim Broadbent, pois ele se joga tão fácil em seus personagens que você não sente ele atuando, parecendo que conheceu o personagem real em um jantar e apenas pegou os trejeitos e foi para o set filmar, de tal forma que seu Kempton se parece com qualquer senhorzinho ranheta que você conhece por aí que discute de tudo de acordo com seus ideais, e que ganha sempre no que tenta defender, ou seja, ele brinca com o personagem trabalhando sacadas e expressões bem encaixadas para que o filme fluísse bem fácil na tela. Da mesma forma, Helen Mirren pega sua Dorothy e entrega uma personagem tão diferente que ao pausar o filme logo no comecinho para ver os nomes (adoro essa funcionalidade da Prime Video!) vi seu nome e falei não é ela, não pode ser ela, mas é, e nossa eterna rainha se joga como uma senhora que mesmo bem velhinha continua fazendo faxinas, tendo uma presença cênica perfeita nas dinâmicas do longa, e claro trabalhando um carisma único para agradar na tela como sempre. Ainda tivemos o jovem Fionn Whitehead bem encaixado com seu Jackie cheio de nuances e expressividades mais simples, mas que encaixaram perfeitamente com a ideia da trama, e claro com os demais personagens.

Visualmente a trama tem uma pegada bem clássica, mostrando os ainda tradicionais julgamentos dos anos 60 na Inglaterra com todos os magistrados com suas perucas clássicas, vemos uma casa simples, e vem uma mensagem ao final do longa que me surpreendeu bastante, que a TV gratuita por lá só surgiu no começo dos anos 2000, ou seja, antes todos tinham de pagar licenças para ver até mesmo o canal de notícias na TV, e o senhorzinho brigando por isso lá nos anos 60, com uma casa simples, porém com sua TV bem colocada na sala, aonde gostava de passar suas noites de chá. A equipe de arte brincou bem com os elementos cênicos para que tudo funcionasse bem na tela, e cada detalhe marcou presença pelo set.

Enfim, é um filme simples, porém bem gostoso de conferir, com uma pegada clássica de humor e drama que os ingleses gostam de brincar na tela, aonde nada incomoda, e que vai agradar quem gosta de histórias reais malucas, que contadas de uma forma descontraída acaba funcionando ainda melhor. Ou seja, se você ainda não viu, já que não é um filme tão novo, vale a dica de play, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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