Entrevista Com o Demônio (Late Night With The Devil)

7/07/2024 02:24:00 AM |

Já virou quase que um gênero a parte o terror de fitas encontradas com algum caso estranho de mortes, e com isso você já vai sabendo como tudo irá terminar, ou ao menos o mais próximo de um encerramento aonde tudo literalmente acaba por não ter mais ninguém gravando, e muitos desse estilo de longa conseguem causar certos arrepios com os atos tensos que acabam entregando, o que infelizmente não acontece com "Entrevista Com o Demônio", que pela forma trabalhada acaba mais divertindo como um grande entretenimento do que como um terror propriamente dito, pois vemos um programa que nunca consegue atingir o primeiro lugar no ibope, e quando está correndo o risco de sair da grade da emissora apela para um programa com casos estranhos de possessão e ocultismo, aonde como bem sabemos não costuma dar muito certo. Ou seja, o programa mostrado ficou bem trabalhado, teve efeitos práticos interessantes, mas a principal sacada foi usar de atuações convincentes na tela, pois como um bom programa deve ser na TV, ele tem de ter personagens, apresentadores e desenvolturas interessantes, principalmente quando se é ao vivo, e a pegada aqui ousou brincar com esse estilo e funcionou, tirando claro toda a pegada bem bizarra dos atos finais, com efeitos tão estranhos que você fica pensando se foi intencional ou apenas gostaram daquilo errado e deixaram na tela.

O longa nos conta a história do apresentador de um programa de televisão dos anos 70, Jack Delroy, que está tentando recuperar a audiência do seu programa, resultado da sua desmotivação com o trabalho após a trágica morte de sua esposa. Desesperado por recuperar o seu sucesso de volta, Jack planeja um especial de Halloween de 1977 prometendo e com esperanças de ser inesquecível. Mas, o que era para ser uma noite de diversão, transformou-se em um pesadelo ao vivo. O que ele não imaginava é que está prestes a desencadear forças malignas que ameaçam a sua vida e a de todos os envolvidos no programa, quando ele recebe em seu programa uma parapsicóloga para mostrar o seu mais recente livro que mostra a única jovem sobrevivente de um suicídio em massa dentro de uma igreja satã, Lilly D'Abo. A partir desse fato, o terror na vida de Jack Delroy foi instaurado.

Não conhecia o trabalho dos diretores Cameron e Colin Cairnes antes do que vi hoje, mas posso dizer só pelo resultado entregue aqui que eles tem atitude e estilo, afinal seu longa não ficou parecido com nenhum outro, além de ser bem recheado de desenvoltura, ao ponto que você pode esperar acontecer qualquer coisa na tela, e a brincadeira da hipnose foi bem marcante e interessante de ser trabalhada, pois desmistifica muitos elos tradicionais de programas do estilo. Ou seja, eles criaram um roteiro do zero, com uma pegada que por vezes pode até parecer algo que realmente aconteceu no passado, afinal muitos programas de entrevistas acabam apelando para ganhar a audiência, e com isso mostraram ao mundo sua capacidade criativa e cheia de nuances, o que facilmente vai fazer com que muitos fiquem de olho neles para ver o que mais irão fazer no futuro.

Quanto das atuações, David Dastmalchian certamente vai virar referência para todos os diretores que tiverem algum personagem de apresentador para trabalhar, pois o ator conseguiu ter olhares e desenvolturas tão bem colocadas para seu Jack Delroy, dando voz aos entrevistados, estando pronto para os devidos espaços comerciais, e sempre preparado para o que seu programa precisasse, tendo conexões boas com todos e sendo expressivo para cada momento, o que acabou funcionando bastante na tela. Ian Bliss também entregou atos bem interessantes com seu Carmichael Haig, sendo daqueles que vão nesses programas para desmistificar charlatões, e sempre entrando no meio das falas consegue ser irritante e preciso como o personagem deveria ser. Laura Gordon até trabalhou bem sua June, mas não foi imponente o suficiente para ficar marcante na tela, sendo daquelas entrevistadas que quando vão em um programa você torce para sair logo da tela, que mais cansa do que marca, já a garotinha Lilly interpretada por Ingrid Torelli brincou bastante com as facetas que sua personagem tinha para fazer, e entregou carisma além de trejeitos fortes quando o demônio a incorpora. Ainda tivemos outros bons personagens como o produtor do programa vivido por Josh Quong Tart e também o ajudante do apresentador que Rhys Auteri trabalhou meio que assustado, mas bem colocado nas cenas que aparece.

Visualmente a equipe quis deixar a trama com uma estética mais suja de ruídos, para aparentar bem algo encontrado perdido no tempo, que traz toda a pegada dos anos 70 com programas de auditório das madrugadas bem cheios de intervalos e dinâmicas ao vivo para que o filme fluísse, tendo bem poucos atos fora do ambiente do estúdio, com alguns atos nos bastidores, e um pouco do ritual da igreja satânica que usaram como base, ou seja, a equipe de arte usou poucos elementos cênicos, mas conseguiu representar bem a época e a desenvoltura do programa.

Enfim, é um filme que não desaponta quanto a proposta, mas que foi tão elogiado e falado demais que acabou criando muita expectativa no público, de modo que a sala do cinema estava bem cheia num horário teoricamente ruim, e ao final alguns foram embora não tão felizes com o resultado final, mas que quem for conferir sem esperar tanto é capaz de curtir a ideia. E assim deixo a recomendação de conferida, ficando por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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