Netflix - Goyo

7/09/2024 06:55:00 PM |

É interessante vermos inclusão no cinema, afinal temos muitas pessoas diferentes, e saber respeitar e conhecer mais como é o pensar de cada um deve ser prioridade para todos. Dito isso, vale a pena dar o play no longa argentino, "Goyo", que permeia a ideia da paixão de um jovem autista por uma mulher bem mais velha que ele que vai trabalhar no museu que ele também trabalha, ou seja, é um drama romântico que consegue mostrar que a idade não deve ser um problema, nem uma doença, pois cada um pode conhecer seus limites e amar o outro, e junto disso o longa também trabalha com a arte, com a formatação da musa inspiradora, e com todo o envolvimento que isso desperta num artista, valendo com certeza o play na trama, só tendo o aquém de ser alongado sem ser longo, tendo apenas 106 minutos, mas parecendo durar bem mais.

O longa é um drama romântico sobre um homem, que dá o nome ao título, com o transtorno do espectro autista, fã de Van Gogh e que trabalha como guia no Museu de Belas Artes da Cidade de Buenos Aires. Sua rotina estruturada é interrompida quando conhece Eva, a nova segurança do museu, e o amor e a ternura tomam conta dele. Ela é uma mulher que perdeu a fé no amor devido a uma crise no casamento, o que às vezes também a faz perder a fé em si mesma. O encontro inesperado entre Goyo e Eva os fará descobrir outra forma de amar e ser amado. Para Goyo, apenas o sentimento de amor e a ideia de se relacionar romanticamente com outra pessoa já se concretiza como um desafio e tanto. Os dois jovens explorarão os novos sentidos do amor e a aventura pelo autoconhecimento é garantida.

Diria que o diretor e roteirista Marcos Carnevale fez uma tremenda pesquisa para conseguir passar toda a sensibilidade do mundo autista para o protagonista, e claro também entender como a mente desses jovens funciona tanto para criar o ambiente extremamente protetor da irmã, quanto do mais despojado, porém ainda vinculado do irmão, além de conectar bem como seriam relacionamentos e o envolvimento artístico do jovem, de tal forma que não vemos um longa com cenas fora do comum, e isso é o que acaba encantando, pois faz as devidas nuances fluírem bem e tudo emocionar com a pegada determinante do longa. Claro que tem alguns exageros na condução, que talvez dessem para ser suprimidos, mas diria que a trama ficaria artificial demais, e não era essa a proposta, além de que o diretor não quis correr riscos de inventar muito em seu longa, de forma que se abstrairmos coisas que talvez um jovem autista não se jogasse por completo no que ele colocou para mostrar, o resultado acaba funcionando bastante.

Quanto das atuações, Nicolás Furtado foi mais do que perfeito na atuação de seu Goyo, pois não é autista, mas conseguiu trabalhar tão bem a personalidade e a forma de executar metodicamente tudo que brilhou demais na tela, chamando a responsabilidade cênica completamente para si, e indo bem além de tudo o que se podia esperar dele em cena, ou seja, se ainda não ganhou prêmios pelo personagem, com muita certeza irá ganhar. Nancy Dupláa conseguiu fazer com que sua Eva fosse bem simples expressivamente, mas que não ficasse forçada nos atos com o protagonista, de modo que acaba sendo até bem carismática suas cenas, agradando com sutileza e determinação. Outro que foi muito bem em cena foi Pablo Rago com seu Matute, que deu conexões perfeitas como um irmão deve fazer com o outro, tendo bons diálogos e um entrosamento preciso para que as cenas de ambos ficassem interessantes de ver na tela, ou seja, agradou demais no que fez. Ainda tivemos Soledad Villamil bem imponente com sua Saula, exagerando um pouco nos atos protetivos do irmão, mas precisa na forma de condução, e embora apareça pouco Cecilia Roth conseguiu chamar muita atenção com os atos de sua Magda, sendo uma mãe que não sabe lidar muito com o filho, mas que conseguiu se expressar com postura nas cenas mais importantes.

Visualmente o longa é riquíssimo de detalhes, afinal o protagonista trabalha no Museu de Belas Artes da Cidade de Buenos Aires que conta com um acervo incrível, e que o rapaz por ser metódico pela doença fala brilhantemente de cada quadro como se conhecesse pessoalmente todos os gostos do artista, isso além do quarto dele ser todo pintado com imagens de Van Gogh em um apartamento também bem luxuoso, afinal a família é bem abastada com uma pianista famosa e um chef badalado, ou seja, tudo bem cheio de nuances e detalhes, ainda contou com algumas cenas num clube aonde o rapaz faz suas aulas junto com outros jovens com deficiências, e claro a casa simples da protagonista em um bairro mais pobre, fora ainda duas cenas tensas de crise do jovem no metrô e numa rua movimentada, que foram bem impactantes.

Enfim, é um filme bem marcante, com ótimas atuações e um cenário meticulosamente bem trabalhado pela equipe para ser o mais simples e envolvente, que talvez pudesse ser mais dinâmico para que não parecesse tão alongado, mas que contando com boas nuances vai chamar atenção de quem for conferir, afinal como disse no começo é sempre bacana ver a inclusão dentro do cinema e das artes, e aqui essa obra permitiu bem isso. Então fica a dica de recomendação, e eu fico por aqui agora, então abraços e até logo mais.

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