Netflix - Indiferença (Bhakshak)

7/18/2024 12:22:00 AM |

Alguns amigos falaram que eu deveria dar mais chances ao cinema indiano, então ando tirando alguns que coloquei na lista das plataformas e dando play, e hoje peguei um sem tanta cantoria e flashbacks que trouxe uma pegada bem densa, mas que felizmente não apareceu os escritos baseado em fatos reais, porém sabemos que realmente existem alguns lugares assim como os da trama, o que é bem difícil de se pensar. O longa está na Netflix e se chama "Indiferença", e o nome diz bem o mote da trama que mostra como muitos acabam vendo o sofrimento de algumas pessoas com alguma coisa e apenas fala que como não tem a ver com sua vida não merece ser noticiado, ou não deve ser resolvido, mas que temos que olhar para o outro e pensar em como fazer com que aquilo que é errado não deva acontecer mais, ou seja, o filme vai trabalhar com a essência básica que um jornalista aprende na faculdade, e que qualquer pessoa de bem deve ter em mente, que não importa se vai dar visualizações, se vai mudar sua vida ou sabe se lá o que, se é errado você tem de ir lá, documentar e cobrar providências, pois hoje não é com você, mas amanhã não se sabe. E embora seja um pouco alongado, com dinâmicas novelescas dando voz demais para personagens secundários, eu diria que o filme tem uma pegada simples e efetiva que acaba sendo forte e bem colocada na tela, ou seja, vale e deve ser dado o play nele para pensar mais em tudo, principalmente em algo que sabemos que existe mundo afora que é o abuso infantil "legalizado" por entremeios.

A sinopse é bem direta e nos conta que uma jornalista local começa uma investigação sobre casos de abuso encobertos em um abrigo para meninas.

Diria que o diretor Pulkit foi bem coerente na formatação que desejava passar em seu longa, de tal forma que ele poderia ter trabalhado o canal da jornalista em algo mais requintado e chamativo, mas quis deixar ele como algo de alguém que sonha realmente em fazer a diferença com suas matérias e usando tudo da forma mais barata possível, inclusive mostrando o quanto talvez vale a compra de uma notícia de fontes por lá (fiz a conversão do valor que o rapaz pede pelo material e deu uns três mil e poucos reais - o que está dentro mais ou menos), e claro que junto de tudo ele ainda elaborou boas denúncias de setores do governo que acabam sempre envolvidos com casos e que muitas vezes passam o pano para toda a situação, empurrando a sujeira para baixo do tapete. Ou seja, o diretor criou algo simples, com um jornal simples e uma jornalista disposta a enfrentar tudo e todos para que seu material viralizasse e chegasse nos grandes nomes, sendo sucinto em alguns atos, bem direto em outros, e não economizando no material mais cru, o que deu um tom bem marcado na tela. 

Quanto das atuações, a atriz Bhumi Pednekar deu um bom tom para sua Vaishali, sabendo dominar a presença frente as câmeras tanto do filme quanto do seu jornal, tendo uma postura marcante e bem direta, não levando desaforo para casa, e trabalhando trejeitos fortes para que fosse bem convincente, ou seja, segurou o longa com tudo o que tinha e não desapontou como protagonista. Aditya Srivastav fez o tradicional antagonista que todo mundo odeia ver em um filme do estilo, trabalhando seu Bansi como alguém que ninguém vai enfrentar de frente, que tem mil contatos e se acha o próprio dono do mundo, e fez trejeitos com muito desdém chamando atenção totalmente. Ainda tivemos bons momentos com o câmera vivido por Sanjay Mishra sempre meio resmungão (como a maioria dos câmeras de programas jornalísticos são), mas sendo perfeito no momento que teve de inventar a história para o secretário, tivemos algumas cenas bem densas com Tanisha Mehta com sua Sudha trabalhando olhares desesperados para contar algo, mas com muito medo da repreensão que poderia acontecer com ela, entre muitos outros bons atores, mas que foi o que acabou pecando um pouco no longa, pois acabou dando voz para muitos personagens, e isso acaba virando uma novela.

Visualmente o longa foi bem montado pela equipe de arte, mostrando alguns alojamentos de jovens órfãs pelo país, mas a parte bem forte foi mostrar o ambiente do abuso aonde tinha muitas jovens bem novas, todas aglomeradas, sendo drogadas e levadas para uma mini-boate no andar superior com os vários homens de lá, o quarto médico depois desmantelado com muitos medicamentos e coisas para forçar o abuso, além disso vemos o jornal bem básico da protagonista, com apenas um mapa de fundo e uma bancada singela, uma câmera e um fone funcionando parcialmente, ou seja, tudo bem precário em ambos os lugares, também mostrando um pouco dos órgãos públicos do país, uma polícia também simples, mas tudo bem representativo que deu um bom tom para a produção toda.

Enfim, é um filme com um orçamento não muito alto, mais simples de desenvoltura, mas que conseguiu falar bem alto com a mensagem passada e foi bem representativo com o tema todo, de tal forma que vale demais a conferida, e claro, a reflexão. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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