Netflix - A Jornada de Srikanth (Sri) (Srikanth)

7/11/2024 12:25:00 AM |

Já falei algumas vezes aqui que costumo fugir de filmes indianos, pois histórias simples que poderiam ficar ainda mais bonitas se contada de forma direta, acabam enfeitando tanto, colocando canções aonde não necessitaria, e repetem alguns atos tantas vezes quase como num mantra para se fixar na cabeça dos espectadores, mas hoje vi a sinopse do longa da Netflix, "A Jornada de Srikanth", e resolvi dar o play para conferir, e embora tivesse tudo o que falei que não gosto em uma produção do país, o resultado acabou sendo interessante por ver como um jovem superou sua deficiência ajudado por sua professora e por um investidor que acabou virando um amigo, e se tornou um dos maiores empreendedores da Índia, porém na trama vemos um dos grandes defeitos dos empreendedores modernos que é se acharem deuses e raspar a trave de perderem seus amigos e muito mais, e a arrogância foi seu ponto máximo. Claro que a trama tem todo um elo fantasioso como as produções do país costumam trabalhar, mas dá para se tirar proveito e lições com muitos atos, além de em alguns momentos até emocionar um pouco, e assim sendo não é de todo incômodo ouvir algumas músicas a cada 10 minutos mais ou menos.

A sinopse nos conta que num mundo com todas as probabilidades contra ele, Srikanth desafia as normas, abrindo caminho desde a zona rural da Índia até se tornar o primeiro estudante com deficiência visual no MIT. À medida que ele constrói as Indústrias Bollant, seu sucesso traz desafios pelos quais ele não apenas perseguiria sonhos pessoais, mas também salvaguardaria um futuro compartilhado para pessoas como ele. Esta é a história do triunfo e do sacrifício de um empresário, ambos recebidos de braços abertos e com um sorriso.

Estaria mentindo se dissesse que conheço o estilo do diretor Tushar Hiranandani, pois como já falei fujo bastante da maioria dos longas indianos, e o que posso dizer é que aqui ele usou a base bem tradicional de inspiração, canções explicativas, motivação, mais canções, romance, mais canções e fechamento com as devidas quebras de barreiras, e isso não é algo ruim, mas incomoda por deixar uma trama de "homenagem" biográfica fantasiosa demais, o que certamente não ocorreria nas mãos de qualquer outro diretor do mundo inteiro. Ou seja, que a história de Srikanth Bolla é algo que certamente deveria ser contada para todos terem uma inspiração de superação e metas, isso é fato, mas dava para cortar fácil uns 40 minutos do filme, e ainda seria algo emocionante e bem feito, mas é o estilo do cinema deles, então com certeza muitos por lá devem ter adorado a produção, e assim o serviço do diretor funcionou.

Quanto das atuações, confesso que acreditei bastante que o ator Rajkummar Rao fosse cego realmente, pois trabalhou trejeitos e expressões de uma forma tão coerente que seu Srikanth ficou perfeito, e bem parecido com o verdadeiro empresário, mas o que mais me assustou ao pesquisar é a idade do ator fazendo um jovem em época de faculdade, pois até achei que fosse outro, mas não, ele foi muito bem maquiado para parecer mais jovem, e acertou no que fez na tela. Jyotica foi perfeita no lado emocional de sua Devika, trabalhando bem como grandes mestres fazem para que seus alunos mudem de vida, e aqui ela foi mais do que apenas uma professora, mas sim uma mãe adotiva para ele em muitos momentos, e a atriz trabalhou com uma serenidade emocional bem encaixada. E dentre os demais vale o destaque para os atos mais densos de Sharad Kelkar com seu Ravi, que foi um tremendo amigo do verdadeiro personagem, pois qualquer investidor com as palavras que escutou teria deixado o cara amargar o ego e ainda colocaria um processo em cima, e é nítido em algumas cenas que o ator até engoliu seco pensando como responder a altura e sair do texto, ou seja, foi bem no que fez.

Visualmente a equipe mostrou um pouco do interior da Índia, o sistema precário de estudo de algumas cidadelas, e um pouco de como era o sistema educacional não apenas de lá, pois em muitos países a maioria das escolas não está preparada para alunos com deficiência, vemos também uma escola adaptada para cegos, e a ida do jovem para o MIT (aonde usaram um drone para voar por tudo para mostrar o máximo do local), depois tivemos alguns atos da escola de computação que o jovem criou e suas fábricas de papel, além de premiações e passeios pelos EUA, tudo de forma bem representativa na tela, mostrando um pouco do mundo complexo dos deficientes visuais com suas bengalas, além de atos com presidentes e candidatos na época que o personagem achou que podia voar ainda mais. 

Enfim, é um filme que funciona dentro do que foi proposto, de homenagem e também de inspiração para jovens se superarem, mas que tem seus exageros e que mesmo não chegando a cansar dava para ser reduzido para algo mais fechado e envolvente. Claro que recomendo ele por ser uma boa história, mas sei que muitos também irão se incomodar com os excessos, então fica a dica para ver relevando os atos musicais (que felizmente não colocaram os protagonistas para cantar e dançar). E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...