Armadilha (Trap)

8/09/2024 12:31:00 AM |

Antes de mais nada, se você não curte filmes clichês, aonde tudo vai ser explicadinho nos mínimos detalhes, e com pegadas tão simples que fazem ele ser um passatempo "dos melhores" nem vá aos cinemas conferir "Armadilha", pois o diretor M. Night Shyamalan entrega nas telas algo completamente diferente do que já fez em seus outros 14 filmes, além de um outro detalhe contar muito, que a trama foi inteiramente gravada durante a greve dos roteiristas e atores por não conter investimento de nenhum estúdio desde que não tivesse grandes nomes envolvidos na trama, ou seja, ele levou a filha pra ser co-protagonista e trouxe alguns atores que estavam na geladeira para a telona novamente. Agora se você passou nesse teste de fuga, posso dizer que curti demais o que me foi mostrado na tela, pois literalmente é uma experiência diferente, afinal praticamente tudo da trama foi contado para você no trailer, mas a ideia toda é vermos como o assassino vai conseguir escapar de toda a armação feita para ele num primeiro momento, e depois vermos como tudo acabou acontecendo para descobrirem aonde ele estaria. Ou seja, basicamente vemos um grandioso show em um estádio e as boas sacadas espertas que assassinos tem, e também as burradas que acabam fazendo para que sejam pegos, além claro de algumas falhas policiais também, sendo que não é algo genial como o diretor já fez no passado, mas passa bem longe dos filmes ruins que já fez também, sendo algo gostoso e divertido de conferir.

O longa segue Cooper e sua filha adolescente. Ambos estão em um show de música pop quando Cooper percebe a presença excessiva de policiais ao redor e isso o deixa inquieto. Rapidamente, ele consegue descobrir com a equipe que trabalha no local, que ambos estão no epicentro de uma armadilha montada para capturar um serial killer. O que deveria ser uma noite de diversão entre pai e filha, se transforma em uma luta desesperada pela sobrevivência, enquanto tentam escapar das garras do assassino que os cercou. Contudo, a verdade é que Cooper está fugindo dele mesmo. O filme acompanha a angustiante jornada de Cooper e sua filha enquanto são perseguidos implacavelmente, com uma trilha sonora que intensifica cada momento de suspense e adrenalina. Entre reviravoltas chocantes e confrontos emocionais, eles precisam encontrar uma maneira de desvendar o plano do assassino e sair vivos dessa situação desesperadora.

Sei que muitos ainda associam o nome do diretor e roteirista M. Night Shyamalan com seus clássicos "O Sexto Sentido", "Corpo Fechado" e "Fragmentado", entre muitos outros, mas isso já se foi, esqueçam que como sabemos o ditado, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, e aqui caiu pelo menos umas 3x, então ultimamente ele tem trabalhado com tramas para o público atual que não vai ao cinema para pensar, e que quer tudo entregue prontinho como um belo fast-food, e aqui ele entrega com perfeição uma nova obra autoral após algumas adaptações literárias, e brinca com algo do contrário de seus filmes, vermos um serial-killer sofrendo com medo de ser capturado e desmascarado para sua família tradicional de bem, afinal é um bombeiro, casado a vários anos, com filhos, e claro mentindo bem demais para manter isso, ou seja, preso em um ambiente gigantesco, com praticamente nenhuma saída livre arma seu plano mental e bem sacado para conseguir sair dali, e o cara é bom na mentirada que faz, de modo que vemos diálogos fracos talvez quase insignificantes, mas com uma dimensão de mentira tão bem contada que você acreditaria em tudo (e a cena no meio dos créditos é a mais risível justamente por esse motivo ao vermos alguém que acreditou demais no bom moço!). Ou seja, em resumo o diretor criou um show gigante para apresentar sua filha como cantora teen (sim, ela canta todas as músicas originais compostas por ela mesma, incluindo algumas participações especiais), e usou os bastidores de um mega-show tradicional moderno para colocar uma trama ali, e funciona bem, claro para quem gosta e como disse no começo não foi ao cinema esperando ver outro clássico dele.

Quanto das atuações, como disse no começo o diretor não pode contar com grandes nomes devido ter gravado durante a greve, mas Josh Harnett foi até que bem encaixado com seu Cooper, fazendo alguns trejeitos meio que caricatos, porém tendo presença e dinâmica de olhares, algo que o personagem pedia, de modo que talvez pudesse ter forçado um pouco menos em alguns momentos que ficaram meio que bizarros, mas o resultado por completo acaba funcionando, pois soube ser certeiro no tom das mentiras ditas ao longo da trama. Até que a garota Ariel Donogue entregou com sua Riley a tradicional fã de artista que surta com um leve aceno do ídolo e que nem presta atenção em nada na sua vida, tendo claro um grande apreço pelo pai, e sendo simples dentro do que precisava fazer, ou seja, se não fosse usada pelo protagonista a todo momento acabaríamos esquecendo dela, como esquecemos de qualquer adolescente fútil moderno. Esse ano já conhecemos a filha do meio do diretor Ishana que estreou na direção de longas e agora fomos apresentados a mais velha, Saleka Shyamalan que com certeza deve lançar discos, entrar em breve em algum reality musical dos EUA, e tudo mais, afinal sua Lady Raven  tem um bom timbre vocal, compôs e cantou todas as canções do longa (são 14 canções que você pode conferir aqui) e ainda foi colocada como atriz e possível heroína da trama, num estilo que acaba sendo um pouco forçado, mas que bem sabemos como atualmente muitos cantores se acham heróis, então aqui ela se esforçou com seu ato de explosão. Quanto aos demais cada um teve alguma leve presença, não tendo grandes atos chamativos para se desenvolverem tanto, valendo um leve destaque para Alison Pill com sua Rachel pelos atos expressivos finais, uma breve citação para Hayley Mills com sua Dra. Josephine Grant, e claro pelo carisma de Jonathan Langdon com seu Jamie, mas sem dúvida quem me fez rir muito foi o rapper Kid Cudi cantando o protagonista com seu The Thinker.

Visualmente a equipe de arte fez a base de um show moderno em um estádio, com muitos figurantes andando pelos corredores (provavelmente deve ter sido algum outro show que usaram as arquibancadas para pegar os lances que tiram alguns homens para serem interrogados, e depois computação para todos os lados, ou então gastaram a grana toda para um show mesmo da filha do diretor!), e claro muitos atos em diversos ambientes dos bastidores de um estádio e também em cima do palco do show, além do último ato em uma casa bem classe média com pianos, e um detalhe crucial no ato final que forçou um pouco a barra, mas que acaba sendo aceitável para quem sabe uma continuação.

Enfim, passa longe de ser um filme perfeito por ter várias pequenas falhas de roteiro, alguns clichês forçados do gênero, e até alguns exageros que davam para serem polidos para que quem sabe o filme ficasse "mais inteligente", porém como foi prometido uma nova experiência de estilo do diretor, acabei curtindo o resultado e vou estar recomendando ele para quem não ligar para esses excessos, então fica a dica para a conferida. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, afinal essa semana chegou com muitas estreias, então abraços e até logo mais.


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