Não conhecia muitos trabalhos do diretor Paulo Halm, mas como roteirista ele é responsável pelo filme que considero um dos melhores do cinema nacional "Olhos Azuis", então diria que esperava até um pouco mais dele na concepção completa do que acabou entregando aqui, mas analisando como texto, o resultado é bem chamativo, tem todo um cerne bem marcante e emocional, porém como disse no começo, faltou saber cortar muitas pontas de tudo o que filmou para que o longa não ficasse arrastado, e principalmente não necessitasse de mostrar cada ato de tudo o que tem na família da moça, no passado do rapaz, e até mesmo nos atos da venda do apartamento, pois em um filme tudo isso fica subjetivo para o público, mas como desejou mostrar na tela, o diretor acabou cometendo essa falha de alongar demais sua trama.
Quanto das atuações, fiquei com receio de que ao morrer logo na primeira cena o diretor não fosse aproveitar Marco Ricca, mas o ator fazendo algo meio como um fantasma com seu Machado dialogando com o filho em ótimas sacadas consegue soar divertido e bem preciso, se envolvendo com trejeitos bem encaixados e dinâmicas que permearam que o filme ficasse emocional na medida certa, ou seja, literalmente ele "vive" a vida do filho após sua morte. O jovem Juan Paiva tem crescido tanto nos últimos anos com papeis cada vez mais chamativos e cheios de presença, que aqui ele acabou ficando "certinho" e tímido demais com seu José, parecendo meio acuado quando deveria pegar o filme para si e explodir na tela, mas acredito que isso foi do papel em si, pois o ator já mostrou imposição e certamente ainda vai decolar muito no cinema nacional. Depois de muitos longas cômicos, Miá Mello tem trabalhado papeis mais dramáticos e fechados de nuances, de tal forma que sua Dina tem trejeitos meio que malucos com toda a bebedeira, mas tenta passar um ar mais intenso em alguns momentos da trama, não explodindo como sabe fazer, ou seja, acredito que ela funcione melhor em papeis que puxem sua comicidade, mas não desapontou com o que fez aqui. Agora a jovem Valentina Vieira demonstrou com sua Kat uma maturidade que nem parece ser tão novinha, de modo que se trabalhar bem assim quando crescer vai certamente pegar papeis densos e destruir na telona, pois segurou o arco dramático da trama com uma facilidade de grandes profissionais.
Visualmente, o longa trabalhou bem os dois apartamentos, mostrando algo bem tradicional de um músico, com muitos detalhes, iluminações mais requintadas, e tendo elementos alegóricos bem encaixados para buscar o passado do pai e do garoto também, já no da mãe e da garotinha vemos alguém mais bagunçada e perdida como a música diz a todo momento, com problemas por todos os cantos, mas bem usados para ver os dotes do rapaz na tela, tendo ainda alguns momentos na praia e no hall do prédio, bem como muitos também no elevador, ou seja, o diretor quis usar tudo e mais um pouco da equipe de arte e até que agradou com o que entregou.
Enfim, é um filme que funciona na tela, que não tem falhas de conteúdo, muito pelo contrário até colocou coisas demais na tela, e dessa forma pode ser que quem curta um estilo mais novelão se envolva melhor com o que é colocado na tela, mas como cinema tenho de pontuar que dava para ser mais contido e agradar mais com subjetividade, porém ainda assim recomendo ele como algo interessante de entrega, que não surpreende, mas que também não falha. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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