Diria que o diretor e roteirista Marcos Jorge foi bem esperto em usar o mesmo estilo de filme que fez sucesso no passado, pois muitos vão querer revisitar o primeiro filme para assistir esse novo e irão acabar gostando de ambos, e também aqueles que não viram o original irão conferir tranquilamente, pois a base cênica da história do original quase nem é falada ou usada, apenas citando a indigestão de Bujiú e a chegada de Etecétera na cadeia, do restante a trama se desenvolve tão solta que nem é necessário saber nada, e isso tem o lado bom de funcionar solta, mas também o lado ruim, que muitos irão reclamar de talvez faltar detalhes, o que o diretor foi bem sagaz para suprir essas pontas. Porém o grande detalhe dessa nova trama acredito que tenha sido a negociação com a produtora italiana do primeiro filme, pois voltaram a se juntar depois de 16 anos, e se no primeiro filme a Itália só foi citada pelos vinhos e pastas, aqui o longa é quase que 70 a 80% falado em italiano com legendas (e a galera fã do dublado vai xingar!), e isso entrou bem na onda por ser a história de Roberto/Dom Caroglio que está em voga no filme, mas senti que ele poderia ter abrilhantado um pouco mais a história de Alecrim/Raimundo Nonato ou Rosmarino como o protagonista ficou lhe chamando (já que alecrim em italiano é dito dessa forma). Ou seja, não é novamente um estouro que o diretor fez nesse mundo, mas felizmente não nos decepcionou, pois dá para se divertir bem com o resultado todo.
Quanto das atuações, João Miguel praticamente dormiu no formol todos esses anos, pois mudou pouquíssimo visualmente, estando claro um pouco mais gordinho, mas com seu Raimundo Nonato/Alecrim/Rosmarino cheio de estilo, sacadas e bons trejeitos, mostrando seu jeitão esperto e também meio que ingênuo de uma forma cheia de carisma, sabendo brincar bem com cada um dos elos, ou seja, funcionando bem em todas as cenas que está presente que são bastante, porém menos do que gostaríamos de ver, afinal ele sabe dominar o ambiente e iria ainda mais longe se deixassem (veremos se tiver um terceiro filme o que ele vai aprontar da forma que ficou!). Nicola Siri é o italiano mais brasileiro que temos, afinal já fez muitos filmes e séries por aqui, e tanto seu Roberto na Itália cheio de boas intenções em conseguir agradar a máfia e subir de vida de ator/chef do restaurante da mãe, quanto seu Dom Caroglio na cadeia no Brasil com ares mais imponentes, funcionam demais para a ideia do filme, sabendo usar bons trejeitos e dinâmicas para que seu personagem soasse forte e interessante para tudo o que foi proposto, ou seja, segurou bem o protagonismo, mas poderia ter impactado um pouco mais para cativar o público e ter mais carisma. Agora se no original Fabiula Nascimento fez a vez do charme, aqui tivemos uma Violante Placido maravilhosa com sua Valentina, que trabalhou bons traquejos junto do protagonista, mas que dava para ter ido um pouco mais além nos atos mais fortes por se dizer, de modo que ficou em segundo plano demais na trama. Já Giulio Beranek ficou um pouco exagerado como Salvatore Galante, de modo que tentou se impor como um chefão malvado e cheio de traquejos na cena do restaurante, mas acaba mais irritando do que agradando com tudo. Ontem revendo o original foi bacana ver Paulo Miklos em suas primeiras ousadias no cinema com seu Etecétera, e aparentava até estar bem mais novinho (embora já estava com quase 50 anos), e agora já bem mais experiente nas atuações se entregou bastante nas cenas da rebelião e também nas boas sacadas e dinâmicas de diálogos com os demais protagonistas.
Visualmente se o primeiro foi mais simples, porém cheio de cenas gastronômicas bem trabalhadas, aqui o orçamento já fez toda a diferença, mostrando bem mais ambientes da cadeia, muitos atos na Itália, tendo tanto o restaurante da mãe do protagonista (numa sacada bem colocada de ser um restaurante brasileiro por lá para colocar pratos nacionais bem chamativos como feijoada, acarajé, tucupi e tudo mais da nossa gastronomia), tivemos algumas boas cenas de tortura e violência na cozinha e num galpão, e claro as tradicionais conversas mafiosas em formatos clássicos para mostrar requinte no portfólio do diretor e de sua equipe, alguns jogos de futebol no pátio da cadeia também fazendo as sacadas dos jogos entre Brasil x Itália, e ainda explosões e rebeliões bem grandiosas com vários tipos de elementos cênicos, com claro sempre muita boa comida, inclusive a inicial gigantesca nesse sentido.
Enfim, se o primeiro é perfeito e valeu com toda certeza uma nota 10, esse acabarei dando um 8 por faltar um pouco mais de carisma do personagem italiano para que tivéssemos a mesma síntese que tivemos com Alecrim, mas ainda assim é um exemplo de filmaço nacional que vale a pena a conferida no cinema, e já começou bem nos festivais arrebatando 5 prêmios em Gramado, ou seja, vamos ver como vai ser a briga nos demais mundo afora. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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