sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O Corvo (The Crow)

Se você achou "Deadpool & Wolverine" violento, nem sei o que vai falar da cena do teatro da nova versão do filme "O Corvo", pois meus amigos, é algo que você quase quer fechar os olhos de tanta brutalidade por parte do protagonista, e isso é muito bom, pois com toda certeza quando ouvi falar que estavam fazendo uma nova versão do clássico longa de 1994 já tinha imaginado que iriam fazer algo sentimental, cheio de firulas e tudo mais, aí apareceu o primeiro pôster e o pessoal já caiu matando em cima do protagonista que estava parecendo o Coringa do Jared Leto, e tudo parecia bem perdido, mas como não ligo para o que falam dos filmes, sempre indo tirar a minha própria opinião, eis que hoje posso falar sem dúvida alguma que o longa está incrível com todas as letras possíveis, sendo daqueles que traduzem bem uma boa história de amor gótico, com dois amantes malucos, mas que quando o jovem volta para se vingar não tem quem sobre na sua frente. Claro que os fãs do original vão reclamar de qualquer detalhe, e digo que gosto bastante da versão de 94, porém ainda acho que ela só fez a fama mesmo pela morte verdadeira do protagonista, pois o filme acabou ficando como uma lenda aonde ninguém quis reclamar de nada, pois não digo que ele seja ruim, mas não é toda a imagem que fazem dele, e aqui quem for sem se preocupar em fazer comparações vai gostar bastante do que verá, pois também é um tremendo filmaço, mesmo com alguns leves exageros que vou falar mais para baixo.

A sinopse nos conta Eric Draven e Shelly Webster são almas gêmeas conectadas por um passado sombrio. Após o brutal assassinato do casal, é concedido a Eric uma chance de salvar seu verdadeiro amor. Ele, então, embarca em uma jornada implacável por vingança, atravessando os limites entre o mundo dos vivos e dos mortos para corrigir erros e fazer justiça com as próprias mãos.

Diria que o diretor Rupert Sanders, que já tinha apanhado horrores do público ao adaptar outra HQ, soube trabalhar bem a essência dos quadrinhos de James O'Barr, pois não deixou que o filme ficasse só no romance como muitos esperavam acontecer pelo estilo do diretor, e também não pesou a mão para que o filme ficasse exageradamente gótico como é a HQ, mas sabendo dosar bem as duas pontas o resultado que ele acabou entregando surpreende pela dinâmica rápida e intensa de atos, e também consegue fazer com que o público se conecte aos personagens, torcendo claro para o protagonista. Claro que ao escolher um tom bem violento no segundo ato inteiro foi uma grande sacada para pegar o público do estilo e dar a inversão completa do lado bonitinho que parecia de dois viciados vivendo no mundinho deles, mas talvez o diretor pudesse ter trabalhado também um pouco mais o arco dos vilões para que não parecessem apenas artificiais e provenientes do que é dito, pois ficou meio que jogado na tela, mas isso é algo para quem sabe alguma série trabalhar mais para frente, pois o que o diretor colocou na tela funcionou bem.

Quanto das atuações, não tinha como Bill Skarsgård ficar ruim na tela com seu Eric, pois o ator já demonstrou em diversos filmes a personalidade maníaca que gosta de entregar, e que sabe brincar com trejeitos como ninguém, de forma que aqui mesmo com suas diversas tatuagens, e com os olhos ficando pintados por um motivo claro que é explicado no filme, conseguiu empunhar uma espada como um grande mestre samurai e saiu matando sem dó nem piedade, como devia fazer, e com os grandões finais, achei que fez pouco ainda, ou seja, o ator foi muito bem em cena, e não desapontou nem nos atos que pareceu perturbado e bobo no começo da trama. Diria que em sua estreia como atriz, a cantora FKA Twigs até fez alguns trejeitos bem expressivos com seu Shelly, não sendo perfeita como alguém que já tivesse anos de atuação, mas por ser um papel não tão grande na trama, apenas sendo uma alma gêmea para o protagonista, seu jeitão ficou bem colocado com o estilo de Bill, e assim acabou entregando bons atos com a densidade que precisava, claro sem grandes feitos. Agora quem desapontou um pouco foi Danny Huston com seu Vincent Roeg, pois o experiente ator podia ter feito trejeitos mais intensos para que o personagem ficasse mais denso, pois claro ainda tem todo o traquejo de comandar a cabeça dos inocentes e seus aliados, mas talvez o diretor tenha economizado nos seus atos e ele não mostrou tudo o que sabe fazer. E dentre os demais quem deu um show na tela foi Sami Bouajila com seu Kronos, trabalhando suas cenas de modo tão imponente e cheio de personalidade que facilmente mereceria um filme só seu, ao ponto que domina a tela e se coloca pronto para cada ato com dinâmica e sem deixar que o protagonista o domine na tela, o que talvez seria um risco para o filme, mas como não falhou, o resultado agradou demais.

Visualmente o tom escuro, cheio de cenas com chuva, muito cinza nos figurinos, prédios antigos e até carros não tão em voga conseguiu fazer com que o filme caísse totalmente no estilo gótico que a trama pedia, claro que com uma pegada moderna, cheia de tatuagens nos protagonistas, mas também usando mais uma espada do que armas de fogo para dar um tom mais digamos seco nas lutas do protagonista, fora que o diretor não quis nenhuma arma real nem passando perto das gravações, afinal sabemos o que aconteceu no passado, então diria que tudo ficou bem encaixado, e as cenas num estilo de purgatório ficaram bem densas e bonitas na tela.

Enfim, é um tremendo filmaço que vale a pena ser visto na telona gigante pelas boas cenas intensas de luta, e a trilha sonora é puro rock dos bons, que infelizmente não achei ainda nenhuma playlist para compartilhar aqui, mas assim que achar volto e coloco, então fica a dica para a conferida, mas claro se tiver mais de 18 anos, afinal é um longa bem violento para aqueles pais que resolvem levar os filhos saberem que não vai ser algo bacana de se ver. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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