A diretora e roteirista Bia Lessa quis trabalhar algo mais conflitivo da mente do protagonista desenvolvendo suas histórias e interações na tela com um ar bem introspectivo e cheio de nuances filosóficas por parte dele, de modo que a forma escolhida para entregar a trama acaba não sendo nem um pouco fácil de assimilar, ou seja, é o famoso filme aonde tudo diz ao mesmo tempo muita coisa, e também não diz nada para o público, criando possíveis vértices e dinâmicas que fazem você por vezes se perguntar se está entendendo realmente ou já se perdeu nos diálogos, e isso não é algo ruim de acontecer, apenas é uma escolha que alguns diretores optam, e que por vezes dá muito certo, e por vezes faz com que o público se afaste do resultado completo. Dessa forma, como a escolha da diretora foi de fazer uma experiência diferenciada, tanto que o longa será exibido em sessões com debates e dinâmicas para decifrar códigos e tudo mais, diria que o resultado será positivo, mas para quem for conferir a trama, sem uma base do estilo do autor, acredito que vai ficar um pouco desorientado com tudo o que ocorre na tela.
Quanto das atuações, por ter uma pegada mais teatral, Caio Blat se destacou ainda mais, já que precisou se expor mais, se jogar literalmente na personalidade de seu Riobaldo, e não tem uma cena sua que mesmo solto no palco sem estar falando você não enxerga sua presença imponente, ou seja, nessa versão mais crua ele se soltou mais quase sem precisar criar um personagem propriamente dito, e isso é o que costumo falar da força de um ator que gosta de teatro como é o caso dele, pois ao se sentir em casa se jogam por completo. É até estranho vermos o estilo que Luiza Lemmertz deu para sua Diadorim, pois ela criou uma essência até mais masculina que não deixa tantos rastros para as dúvidas do protagonista, e seus elos acabam sendo tão amplos que fluem sempre meio com traquejos não tão fáceis de ver, ou seja, ficou ambígua demais para um papel que já é complexo por natureza. Agora algo que foi engraçado de ver é Luisa Arraes que foi Diadorim na outra versão, fazendo Nhorinhá e Riobaldo jovem, aliás fiquei até meio confuso quando vi na tela uma versão feminina do protagonista quando jovem, o que abre muitas possibilidades na tela, ou seja, aqui ela não se expôs tanto quanto no outro filme, mas ainda assim fez um bom personagem. Ainda tivemos outros grandes atores marcantes, mas que mais prenderam seus atos do que deram a bola para os protagonistas, e isso embora seja um estilo para que o personagem tenha mais valor na tela, acabam segurando a fluidez do longa, de modo que Leonardo Miggiorin, Lucas Oranmian e José Maria Rodrigues tiveram atos poderosos na tela, mas poderiam ter dimensionado mais sem precisar se fechar tanto.
Visualmente como a trama é só um grandioso palco preto, você pode se perguntar se conseguiria imaginar tudo o que tentam mostrar ali, e a resposta é sim, pois os próprios atores fazem animais, árvores, água, e junto de bonecos de pano cinza vão compondo cada momento com elementos, e junto de pedaços de madeira fazendo as armas tudo acaba funcionando com um estilo diferente e ousado.
Enfim, é um filme completamente diferente da outra versão que vimos nesse ano, e muito diferente e ousado para um lançamento comercial, tanto que como disse estará sendo lançado em algumas cidades a cada semana com uma programação especial, pois é daqueles filmes que quem for conferir apenas como um longa apenas não será atingido, e certamente nem é essa a ideia da diretora, então recomendo sim que todos vá conferir se possível nas cidades que estão colocando no perfil do Instagram do longa para ter uma experiência diferenciada, e fico por aqui hoje agradecendo o Alex da assessoria de imprensa do longa que me enviou para minha análise, então abraços e até logo mais.
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