A sinopse nos conta que o dono de um pub luta para manter seu negócio vivo em uma cidade decadente. Quando refugiados sírios começam a ocupar as casas vazias da região, a tensão aumenta e a união dos habitantes locais é colocada à prova.
Como disse no começo do texto, o diretor Ken Loach gosta de trabalhar tramas que deem boas discussões, não fazendo filmes apenas para serem assistidos como um entretenimento, e aqui junto de seu parceiro de muitas tramas, o roteirista Paul Laverty, conseguiu criar situações bem polêmicas, mas que andam acontecendo muito no mundo atual, e não só no Reino Unido, que são comunidades pequenas que estão bem velhas, com uma população já quase toda tradicionalista que vem morrendo e sobrando muitas casas, o que acaba gerando ofertas bem boas para que refugiados e/ou pessoas com algum acesso comprem e depois alugue para essas pessoas mais pobres que saíram de seus países devastados e chegam para tentar uma nova vida em países melhores, porém como muitos tem seus estilos xenófobos de tradição acabam criando conflitos e situações difíceis de lidar. Ou seja, só com isso o diretor já poderia entregar situações bem tensas, mas ainda encontrou possibilidades para demonstrar um espírito emocional de uma segunda e terceira chance de vida para um dono de bar que consegue trabalhar dinâmicas emocionais bem colocadas, e ampliar o leque do que realmente é uma comunidade presente e participativa, mostrando as ideias e ideais do diretor, e que acabaram funcionando na tela.
Quanto das atuações, já é o terceiro longa do diretor que Dave Turner trabalha, mostrando uma parceria bem marcante, e seu TJ tem ao mesmo tempo um carisma emocional bem colocado, como também tem umas explosões bem tradicionais de uma pessoa que já tentou de tudo, não conseguindo mais carregar o fardo sozinho, de tal forma que os traquejos expressivos do ator acabam chamando atenção, e mostrando muito do que vemos mundo afora, não só no sentido da trama, ou seja, caiu muito bem no papel. A atriz síria Ebla Mari conseguiu segurar as dinâmicas de sua Yara com muita personalidade, não tentando se sobrepor em nenhum ato, e tendo uma boa cadência e química para com seu parceiro de tela, de modo que se envolve bem, e principalmente não explode fácil com tudo o que ocorre ao seu redor. Trevor Fox e Chris McGlade foram responsáveis pelas cenas mais feias de se ver em um filme, e isso é algo ótimo de ser colocado em um longa, pois mostra como muitas pessoas aparentemente bacanas de uma comunidade podem ser tão ruins, e seus Charlie e Vic inicialmente só proferiam vocábulos e intenções, mas ao final vemos que não foram só isso, com o primeiro ainda tendo no fechamento um pouco de hombridade, mas ainda assim os atores devem ter sentido muito com seus textos.
Visualmente a trama mostra bem as famosas cidades mais afastadas dos grandes conglomerados, com uma população mais velha que trabalhou por anos ali e que hoje não faz mais nada a não ser beber e fofocar, vemos casas padrões quase que todas juntas, e claro o bar simples, porém bem detalhado, mostrando já não estar mais no seu auge, e no fundo um salão de festas abandonado. Além disso vemos muitas doações para os refugiados, vemos os jovens da cidade também bem precisados pela pobreza em todo sentido, e alguns detalhes da cultura síria também nas casas dos refugiados, ou seja, tudo no ponto de detalhe para chamar atenção.
Enfim, não diria que é o melhor filme do diretor, mas é o que certamente discute bem o momento atual no mundo, então acaba sendo de grande valia a conferida dele, que agora chega aos cinemas do Brasil à partir da próxima quinta 08/08, então fica a dica para ver e refletir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Synapse pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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