Claro que a estreia na direção e no roteiro da atriz Zoë Kravitz foi bem segura, ao ponto que ela soube beber da fonte de vários outros bons filmes, mas criando algo original e seu com personalidade, pois de cópias e refilmagens o cinema está cheio, então ao escolher desenvolver algo novo foi bem ousada sabendo exatamente o que queria entregar, pois é um filme com todo ar de feminilidade, mas contando com uma densidade própria de abusos e esquecimento, que felizmente não precisou explicar tanto para funcionar e também não precisou de uma linearidade, pois a sacada dos personagens nem saberem mais que dia estão é algo que brilha podendo estar ocorrendo apenas há um dia ou há meses na ilha, de forma que vai brincando com os acontecimentos, jogando enigmas e frases soltas, que no meio de muita bebedeira e drogas vai permitindo aberturas e dinâmicas, mas claro que precisou em algum momento dar a bola do passado para que o público não ficasse tão jogado na tela, e isso é o que eu chamo de assinatura de diretor, pois fazer um bom filme de coisas confusas é um charme que muitos fazem, mas deixar sua opinião é algo para poucos acertarem. Ou seja, não sou de elogiar primeiros trabalhos, muito pelo contrário já ficando bem armado esperando errarem, mas aqui estou para dizer que se ela fizer mais um longa bem feito como esse, pode abandonar as atuações e ficar só atrás das câmeras que vai se dar muito melhor.
Quanto das atuações, diria que Naomie Ackie também teve muita segurança e personalidade com sua Frida, de modo que a atriz soube entregar atos tensos e marcantes, mas também dominar o famoso estilo do não revelar o que está acontecendo de cara, e isso soou com um brilhantismo tão bem encaixado que demonstrou atitude e percepção de olhares, o que fez com que o público não desgrudasse o olho dela um segundo que fosse. Channing Tatum também trabalhou bem seu Slater King, fazendo com que seu personagem soasse misterioso, mas cheio de traquejos e trejeitos, aonde você fica tentando entender qual a real dele até chegarmos nos atos finais, e aí ele teve atos mais fechados e interessantes que até soaram meio que errados com toda a esperteza do personagem, mas não incomodou. Num primeiro momento acreditei que Adria Arjona com sua Sarah seria meio que uma rival da protagonista, mas nos atos finais a atriz mostrou personalidade e intensidade para que juntas fizessem atos marcantes bem densos, além claro de trejeitos desesperados bem encaixados para mostrar estilo e força, o que foi bem bacana de ver. Ainda tivemos bons momentos com os diversos homens da produção, tendo claro o destaque para Simon Rex com seu Cody e Haley Joel Osment com seu Tom (principalmente com seus últimos atos), e Alia Shawkat até trabalhou sua Jess de forma interessante no começo de tudo, até desaparecer.
Visualmente diria que a equipe foi bem econômica com o orçamento, claro indo para uma ilha chique, mas com praticamente cinco ambientes sempre em cena: a mesa de comida com pratos bem requintados e chamativos, o quarto da protagonista meio que bagunçado parecendo um depósito assim como os demais ao lado, a sede da casa aonde fica o escritório, e a piscina e suas cadeiras ao redor aonde rola muita dança e diversão, além de cenas na floresta com os empregados da casa pegando galinhas e cobras amarelas, detalhando sempre as flores e o perfume como bons elementos cênicos importantes para o desenrolar da história, ou seja, a equipe de arte usou poucos elos, mas soube marcar cada um para que a montagem cheia de quebras chamasse atenção.
Enfim, não é daqueles filmes que você vai se surpreender e se impactar por completo com o resultado, mas a entrega completa junto de uma montagem insana cheia de nuances conseguiu fazer com que o longa ficasse bem interessante e chamativo, tendo um último ato bem intenso de revelações, e que quem gosta do estilo ficará bem feliz com tudo o que é mostrado na tela. Então fica a dica de conferida, e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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