Princesa Adormecida

8/19/2024 11:33:00 PM |

Uma coisa que tem me agradado no desenvolvimento dos filmes baseados na coleção de livros “Princesas Modernas”, de Paula Pimenta é o fator ser diferente do original já conhecido, pois facilmente um diretor poderia chegar e falar que vai fazer uma "Cinderela" ou uma "Bela Adormecida" se passando no Brasil e entregar, fácil demais, mas criar recortes modernos, mudar perspectivas e dar outros vieses sem perder a essência original e ainda soar criativo que o bicho realmente pega, e nesse sentido tenho gostado do que vi nos dois filmes, porém a maravilha acaba aqui, pois se "Cinderela Pop" teve uma pegada interessante e até levemente divertida, com "Princesa Adormecida" o problema ficou a cargo de personagens e atores que não conseguem convencer de seus papeis na tela, de tal forma que você não se simpatiza pela garota nem fica com pena da reclusão dela (mesmo porque não parece uma pessoa reclusa de forma alguma), você fica com dó de como um garotinho bonitinho quando pequeno ficou um príncipe bem fora do mundo real (e suas falas no final então chega a ser de difícil agrado), e quanto dos pais verdadeiros então (a cena com o pai tentando chorar e a mãe com um choro mais falso que nota de 3 reais foi algo que nem em primeiro mês de teatro acontece), ou seja, a história é muito bacana e até dava um tremendo filmão na tela, mas o resultado completo ficou bem perto de um episódio especial de alguma novela do SBT, ainda feito às pressas, pois no quesito atuação é algo que não tinha nem Spielberg que salvasse.

A sinopse nos conta que Rosa é uma típica adolescente que sonha com liberdade e independência enquanto seus três tios, que a criaram como uma filha, a superprotegem a todo custo e não a deixam fazer nada. Aos 15 anos, ela descobre que o mundo que achava real nada mais era que um sonho. Rosa é mais que uma simples jovem que vai à escola e se diverte com sua melhor amiga e troca mensagens com o seu crush. Um mistério do passado volta à tona e uma vilã vingativa coloca sua vida em perigo.

Tinha elogiado o diretor Cláudio Boeckel no seu filme anterior, "As Aventuras de Poliana", porém acredito que o mérito lá foi do elenco que já se conhecia há muito tempo e soube desenvolver bem a trama, pois sinceramente ainda estou pensando como o diretor não notou os problemas expressivos do longa que está fazendo para quem sabe conseguir ajustar, pois com dois roteiristas incríveis que são Marcelo Saback e Bruno Garroti, não tinha como um livro que foi sucesso de vendas ficar ruim na tela, e realmente pelo conceito técnico da história e dinâmicas, não ficou, mas acabamos vendo personagens tão presos em cena, que somente a amiga da protagonista, a madre superior e a vilã conseguiram se destacar na tela, e basicamente são três personagens que em um filme normal não teriam destaque algum. Ou seja, faltou atitude para o diretor moldar melhor o elenco que provavelmente lhe deram, e também observar nas gravações que faltava aquele algo a mais na forma que estavam expressando para que seu filme fosse para outros rumos melhores, e isso um bom diretor consegue ver ainda na preparação do longa.

Já falei bem o que achei das atuações nos parágrafos anteriores, então o que tenho de falar de Pietra Quintela é que a jovem ficou muito fechada nas cenas de sua Áurea/Rosa, mas não de uma forma como alguém enclausurada, mas sim faltando expressividade mesmo. Guilherme Cabral até tentou salvar seu Phil com algumas cenas mais dialogadas, mas não tinha pinta de príncipe encantado. Ju Knust e Leopoldo Rodriguez fizeram os reis de Liechtenstein num nível expressivo que não salvou uma cena para falar que estavam empolgados com algo da trama. Os pais postiços/tios vividos por Aramis Trindade, Claudio Mendes e René Stern até tentaram ser engraçados e bem colocados, mas ficaram tão em segundo/terceiro plano que praticamente esquecemos deles. Sobrando pra salvar Lívia Silva com sua Clara despojada e disposta a fazer a amiga sair e se soltar, até forçando um pouco demais a barra, mas se não fosse ela para brilhar nas cenas, o longa seria mais depressivo ainda; Ju Colombo pegou sua madre e apareceu até que em boas cenas para dar um tom mais fechado para algumas cenas, mas bem colocados na tela, e claro Patrícia França com sua Sophie sempre disposta, aparecendo a todo momento que logo dá para perceber que é a vilã em segundo plano, e soube trazer bons traquejos para suas cenas finais ficarem mais imponentes. Agora se queriam colocar a polícia internacional como alguém boba a nível máximo, escolheram Paulo Américo perfeitamente, mas se a ideia era outra, esqueceram de falar isso para ele fazer seu Inspetor da Politzie.

Visualmente a trama também não se esforçou muito, tendo o colégio interno mostrado mais pelas escadas, pelo quarto simples da garota com um mosquiteiro imenso por suas alergias, a sala de aula tradicional, uma boate que aproveitaram tanto para a festa da protagonista quanto para o fechamento, um castelo mostrado bonito por fora, mas por dentro aproveitando praticamente só duas salas que nem devem ter sido filmadas lá mesmo, um parque amplo, uma salinha de interrogatório básica, e um baile com muitos doces e sucos, e mais nada muito cênico, agora a cena do show de talentos com um mísero teclado no palco com a menina tocando foi a economia máxima de um orçamento, ou seja, faltou tudo para a equipe de arte mostrar serviço.

Enfim, fui conferir esperando algo que sabia que não seria muito grandioso, mas ainda assim conseguiram falhar muito com tudo, e volto a frisar que a história em si não é ruim, então mesmo com um orçamento enxuto dava para modelar com melhores atuações e alguns gastos mais pontuais para representar tudo melhor. Ou seja, não tenho como recomendar nem para crianças, nem para ninguém, peguem o livro da escritora e leiam que acho que vai valer bem mais a pena. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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