A sinopse nos conta que um grupo de cangaceiros, composto por duas mulheres e oito homens, sente a morte de Lampião. Os cangaceiros ficam desnorteados e não sabem como agir e nem como lidar com a situação. Estão num impasse entre se entregar ou buscar vingança. A polícia e a angústia os persegue pelo interior do nordeste.
Diria que o diretor José Umberto Dias foi simples no que desejava entregar, mas bem conciso de ideias fortes para mostrar como a falta de uma liderança quebra completamente um grupo, de tal forma que seu filme tem uma imposição artística bem colocada que por vezes até peca pelo excesso, mas que acaba sendo divertida de observar como algo que passou tanto tempo engavetado ainda pode ser visto sem perder o ideal. Claro que o filme tem falhas, as principais por parte de tecnologia e efeitos, afinal é algo de bem baixo orçamento, então alguns tiros são apenas barulhos e do nada a pessoa tá sangrando alguma parte, ou nenhuma e apenas morre, mas a ideia em si funciona de forma representativa e interessante de ser vista. Ou seja, é uma ficção baseada em muitas conversas e histórias espalhadas, mas que funciona bem dentro do contexto histórico da época, e também trabalhando o mote de lideranças traz um viés para quem gosta de usar esse tipo de reflexão com o cinema.
Quanto das atuações, a base fica em cima de Jackson Costa com seu Lua Nova, Nelito Reis como Gavião, Analu Tavares como Jurema e Edlo Mendes como Gato, de tal forma que não entregam muita personalidade na tela, e como é uma trama aonde o conflito está aberto de uma maneira meio que bagunçada, cada um se jogou como quis para lados e dinâmicas, tendo claro alguns atos mais marcantes que outros, alguns trejeitos bem encaixados pelo quarteto, e claro algumas imposições também bem trabalhadas, mas sem grandes destaques para nenhum deles, apenas colocando em pauta que fizeram atuações muito teatrais, talvez por serem atores de teatro na época em que o longa foi filmado.
Visualmente o longa teve uma pegada bem colocada, com muitas cenas abertas em margens de rios, muitas pedras e descampados, no melhor estilo do sertão mesmo, com algumas armas interessantes, mas outras parecendo que estava numa guerra mundial pelo som, tendo alguns bons elementos cênicos completando os figurinos de forma a representar bem o estilo cangaceiro que conhecemos, além disso uma cena num ambiente fechado como um curtume da dona da fazenda, e até uma cabeça nas mãos para mostrar técnica, ou seja, a equipe de arte teve bastante trabalho e agradou dentro da possibilidade do orçamento.
Enfim, é um filme simples que funciona na tela, mas que dava para ser mais polido em alguns detalhes para representar melhor a época, de forma que como disse no começo vale pelo conteúdo histórico em si, pela lição do caos que pode virar um bando sem uma liderança efetiva, e assim sendo vale a indicação de conferida em uma das 20 cidades que o longa irá estrear na próxima quinta, então fica a dica, e eu fico por aqui agradecendo o pessoal da Abara Filmes pela cabine de imprensa. Então abraços e até logo mais com mais dicas.
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