sexta-feira, 20 de setembro de 2024

A Substância (The Substance)

Fazia muito tempo que eu não ia ao cinema sem saber nada de um filme, sem ter visto o trailer, nem ter lido a sinopse, de forma que apenas tinha pego o pôster para colocar na crítica e visto o horário da sessão, e meus amigos, fui me divertindo e surpreendendo com algumas cenas fortes durante toda a exibição do longa, ficando até enjoado com alguns atos meio que nojentos, mas quando chegou na cena final de "A Substância", não teve como segurar o meu queixo, pois é algo exatamente descrito como no pôster: "insano pra ca**lho" com letras maiúsculas no maior grito possível. Ou seja, é bizarro, é horroroso e ao mesmo tempo é incrível demais para quem ama filmes de terror, de tal forma que já vi muitos filmes toscos que forçam com algumas cenas para que você passe mal, mas a entrega aqui é algo que jamais em minha vida vi até hoje no cinema, sendo uma trama que é 10000% fictícia e impossível de se imaginar dentro da realidade, mas que se fosse possível acaba sendo brilhante, como algo tão surreal conseguiu ser pensado, e o melhor, de um modo simples e intenso que funciona demais dentro da ideia de ser jovem e eternamente bela.

A sinopse nos conta que Elisabeth Sparkle (Demi Moore) é uma celebridade em declínio que enfrenta uma reviravolta inesperada ao ser demitida de seu programa fitness na televisão. Desesperada por um novo começo, ela decide experimentar uma droga do mercado clandestino que promete replicar suas células, criando temporariamente uma versão mais jovem e aprimorada de si mesma. Agora, a atriz se vê dividida entre suas duas versões (Margaret Qualley), que devem coexistir enquanto navegam pelos desafios da fama e da identidade. "Já sonhou com uma versão melhor de si mesmo? Você. Só que melhor em todos os sentidos. De verdade. Você precisa experimentar este novo produto, A Substância. MUDOU A MINHA VIDA. Ele gera outro você. Um você novo, mais jovem, mais bonito, mais perfeito. E há apenas uma regra: vocês dividem o tempo. Uma semana para você. Uma semana para o novo você. Sete dias para cada um. Um equilíbrio perfeito. Fácil, certo?"

Agora posso dizer que diretora e roteirista Coralie Fargeat fez um tremendo filmaço, pois seu longa anterior de estreia, "Vingança", nem dá para classificar como péssimo que seria elogiar algo, mas vamos esquecer que ela fez aquilo e vamos nos concentrar no que fez agora que não é de se duvidar de conseguir levar um longa de terror para o topo das premiações dessa temporada, já tendo levado melhor roteiro em Cannes, ou seja, o que ela fez aqui é um trabalho artístico, com uma tremenda crítica social e ainda comercialmente divertido para quem curte bons longas do gênero, não sendo daqueles filmes que você se assusta ou teme algo, mas que vê o terror acontecendo com os personagens e vai sentindo diversos tipos de sentimento ao ponto de querer virar a cara ou fechar o olho, mas que não consegue por querer ver o que vai acontecer, e claro, só piora para melhor. Ou seja, essa é a linha de terror que o pessoal tem de olhar e se espelhar para o futuro, pois é o acerto máximo com perfeição do gênero.

Quanto das atuações, fazia tempo que não davam um papel realmente imponente para Demi Moore fazer, e aqui ela entrou com tanta vontade no papel de sua Elisabeth Sparkle, que simplesmente brilha de todas as formas possíveis, entrega nudez com perfeição sem soar fútil, fora que ainda está lindíssima, e impacta em todas suas cenas, não deixando margem para que reclamássemos de uma vírgula do que faz, ao ponto de até mesmo o ser bizarro no final com uma tonelada de maquiagem e próteses ficou interessante de ver ela atuando. Da mesma forma Margaret Qualley se jogou por completo como a versão mais jovem dela, Sue, trabalhando trejeitos bem amplos, usando artifícios fortes corporais e tendo traquejos tão bem dominados de seu corpo que acaba fluindo fácil demais na tela, de modo que diria que compartilhou o protagonismo com Demi não ficando devendo em nada. Quanto aos demais, só vale dar destaque para Dennis Quaid com seu Harvey, pois ele fez um papel imponente com algumas falas duras, e outras até bem engraçadas, e com isso acabou até caricato como um produtor televisivo, já os demais praticamente foram apenas enfeites cênicos para que dessem ainda mais destaque para as protagonistas.

Visualmente a trama tem uma boa pegada de profundidade em ambientes, tendo cenas sufocantes dentro de pequenos espaços, mas também trabalhando espaços alongados como o corredor do programa de TV, todo o apartamento gigantesco que fica intensamente bagunçado nas duas versões, meio como uma briga de quem deixava o maior caos com muita comida espalhada e uma bagunça de bebida, o programa intenso e cheio de brilho e biquínis/maiôs imponentes para definir as curvas das mulheres, o local de retirada dos kits sendo bem marginalizado quase nem dando pra entrar e depois apenas um cômodo inteiramente branco com armários, e claro todas as cenas no banheiro com muita gosma, sangue e tudo mais, fora a cena final aonde a equipe de sangue e próteses brilhou no melhor estilo gore possível e imaginário. Ou seja, num primeiro momento parece que a equipe de arte economizou demais o orçamento, mas depois é pedaço, objetos cênicos importantes e maquiagem para todos os lados mostrando muito serviço na tela, isso fora claro a substância esverdeada bem brilhante e chamativa, que tem de ser bem maluca de injetar no corpo, isso sem falar na cena da mulher se abrindo pelas costas.

Enfim, um tremendo filmaço da melhor qualidade possível, com uma pegada artística bem trabalhada, um roteiro de primeiríssima linha que não joga nada para fora do eixo, e ainda mantendo um estilo comercial que quem curte terror e suspense de impacto vai gostar demais do começo ao fim, ou seja, perfeito e mais do que recomendado a conferida, e certamente estará entre os meus melhores do ano, com o único detalhe é que a censura é 18 anos, pois mostra demais, então vá conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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